Região Norte desperdiça mais da metade da água tratada durante a distribuição, aponta estudo
De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil, o Norte lidera o ranking das regiões brasileiras no Índice de Perda na Distribuição (IPD) no ano de 2021. Na lista dos estados, o Pará ocupa a 19ª posição. No Brasil, mais de 40% da água se perde antes de chegar às torneiras.

Em todo o Brasil, 40% da água é desperdiçada antes de chegar às residências do país, situação que se agrava com a realidade de 33 milhões de pessoas que não têm acesso à água tratada. A região com maior desperdício é o Norte, onde mais da metade do recurso (51,16%) se perde ao longo da rede de distribuição. Os dados são do estudo “Perdas de Água 2023: desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no Brasil", feito pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados. O estudo foi divulgado na última segunda-feira (05).
O estudo foi elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2021) e compreende uma análise do Brasil, de suas cinco macrorregiões, das 27 Unidades da Federação e também dos 100 municípios mais populosos do país, que figuraram no Ranking do Saneamento 2023.
Na pesquisa, o Pará não está entre os principais estados que perderam água durante a distribuição, segundo a análise feita no ano de 2021 - lista que é liderada pelo Amapá (74,84%), Acre (74,44%) e Roraima (64%). No ranking, o Pará aparece em 19º lugar, com 37,36% de perda ao longo daquele ano. No entanto, o Índice de Perdas na Distribuição (IPD) avaliado nos municípios mostra que a situação é preocupante em algumas cidades paraenses, em que praticamente a metade de toda a água tratada se perde antes de chegar às residências. É o caso de Ananindeua, com IPD de 49,49%, Marabá, com 49,36%, Santarém, com 46,26% e Belém, com 45,17%. O estudo aponta que, de modo geral no país, entre as principais causas de perda estão: vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados.
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Problema gigante
A pesquisa do Instituto Trata Brasil realiza alguns comparativos que demonstram a dimensão do problema de perda de água no país. O relatório aponta que o volume total de água não faturada em 2021 (cerca de 7,3 bilhões de m³) equivale a quase 8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçadas diariamente ou mais de sete vezes (7,4) o volume do Sistema Cantareira – o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo, capaz de represar 982 milhões de m³ de água.
Considerando apenas as perdas por vazamentos, responsáveis por um desperdício de 3,8 bilhões de m³, o volume seria suficiente para abastecer aproximadamente 67 milhões de brasileiros em um ano - o que corresponderia a 30% da população do Brasil em 2021, ano do levantamento. O número também é mais que o dobro da quantidade de habitantes que não tinham acesso ao abastecimento de água naquele ano (33 milhões).
No Pará, o desperdício de água em 2021 correspondeu a quase 200 milhões de m³, representando um volume capaz de encher 214 piscinas olímpicas diariamente. A quantidade poderia ter abastecido mais de um milhão de pessoas (1.118.198).
A redação integrada de O Liberal solicitou o posicionamento da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), responsável pela distribuição de água em 54 municípios paraenses, incluindo Ananindeua e Belém, principais municípios da Região Metropolitana, e a empresa respondeu que os dados não refletem a realidade da Companhia. "A Companhia informa também que contratou uma operação de crédito junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para a viabilização do Projeto de Desenvolvimento do Saneamento do Pará (Prodesan Pará), estratégia para prover mais investimentos e avanços para melhoria da qualidade de vida dos paraenses", informa em nota.
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