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Projetos da Emater incentivam resgate sustentável de tradições da Amazônia

Antigas técnicas e saberes são valorizados e se tornam trabalho sustentável com tecnologia

O Liberal

Para quase qualquer mal, Chica, 60 anos, moradora de Marapanim, na região do Salgado, sugere xarope de turu: "a pessoa toma e volta a tomar gosto pela vida", diz. “Vai saindo cada ‘pataca’ que você nem acredita”, refere a agricultora, nascida e criada na Reserva Extrativista (Resex) Mestre Lucindo.  No universo amazônico das tradições que se atualizam à medida em que são transmitidas no seio das famílias atendidas, via a adaptação da disponibilidade sustentável dos recursos naturais, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) reforça os valores culturais e a segurança alimentar em seus projetos.

“Turu” é um molusco colhido de dentro da madeira das árvores caídas nos manguezais do Pará. Apesar da aparência controversa gastronomicamente, lembrando minhoca ou verme aos olhos dos desentendidos, é alimento riquíssimo em proteína e considerado uma iguaria - tanto pelos nativos, quanto pelos especialistas da área. “Vira um remédio de sabedoria demais preciosa, passada de geração pra geração. Não tem preço que pague. Serve pra doença do corpo e da alma”, graceja sobre a receita.

No Sítio Bom Sossego, da Comunidade Pau D’Arco, na Resex Mestre Lucindo, em Marapanim são 100 hectares, com diversificação de atividades, sobretudo fruticultura, extrativismo de bacuri, roça de mandioca e criação de pato. Chica, de nome de batismo Francisca Carvalho, casada com José Luiz Paiva, 65 anos, mais conhecido como “Zé”, atendidos pela Emater há seis anos, vem passando o bastão para os netos Franckly, 19 anos, e Fred Luiz, 20 anos.

 

“Agora é hora deles”, acredita o casal, já em trâmite de aposentadoria rural, com o apoio da Emater.

Uma das ideias, também com a ajuda da Empresa, é a piscicultura em tanque escavado, ali em uma iniciativa piloto. Três tanques de tambaqui e tilápia, de 150 m³ cada, foram construídos há cinco meses, com recursos próprios. Os cerca de três mil alevinos foram doados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap). O objetivo é despescar antes da Semana Santa, cobrindo um déficit de mercado provocado pela entressafra no município.

“Estimamos que o custo individual de construção do tanque não ultrapasse os R$ 650 e que a manutenção não exija nem grande gasto, nem trabalho braçal significativo. A previsão de lucro é de pelo menos 50%. Ou seja: é, sim, uma consideração muito interessante para a agricultura familiar de Marapanim”, resume o chefe do escritório local, o engenheiro agrônomo Wilson Rodrigues.

Chica conta que, do mesmo jeito que várias outras famílias de Marapanim, município banhado pelo oceano Atlântico, entre infinidades de rios, a dela também tem um histórico de pescadora. “Só que os peixes foram fugindo e hoje a gente tem até medo de não achar peixe suficiente pra comer, o que dirá pra vender”, comenta.

A criação de peixe em cativeiro é uma garantia de comida saudável na mesa, além de complemento de renda. “Então veio o projeto, criar desse jeito, tudo pra gente é maravilhoso”, afirma. Para Rodrigues, é o ponto de partida. “Esperamos que o projeto da Emater e a tecnologia empregada seja exemplo e inspire e interesse outros agricultores da região”, conta.

O plano mais imediato é um Dia de Campo no primeiro semestre do ano que vem, para divulgação e mobilização. Uma segunda etapa será a intermediação de crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

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