Prevenção ao Suicídio: data chama atenção para a necessidade de políticas públicas eficientes

Um levantamento realizado pela OMS evidencia caminho contrário a diminuição dos casos nos países da América

Camila Azevedo
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Este sábado (10) marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data chama atenção para a necessidade de conscientizar a população sobre a prevenção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os países da América caminham na contramão da tendência de diminuição de casos vistos em outros países.

Dessa forma, a psicóloga especialista em saúde mental, Jureuda Guerra, comenta os maiores desafios da luta e como a implantação de políticas públicas é determinante para o sucesso da redução de registros.

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Quais as maiores reflexões da data?

É chamar atenção para um sofrimento que é real, ele existe, mas não é um sofrimento individualizado na pessoa que comete o suicídio, ele também é um adoecimento social. Então, a gente precisa fazer um enfrentamento, chamar atenção para a data, mas pensar alternativas para prevenção e pósvenção ao suicídio.

Como familiares e amigos podem identificar os primeiros sinais?

Há sempre uma impressão que no suicídio a pessoa está profundamente em depressão, está muito depressiva, sem tomar banho, sem cuidar de si. Não necessariamente a pessoa que comete suicídio está com esses sintomas, ele pode mascarar uma tentativa. Na verdade, a atenção da família é para a fala daquela pessoa. O suicídio acomete qualquer faixa etária. Então, a pessoa pode estar falando: “A minha vida não faz mais sentido”, “eu não quero mais viver” e isso tem que ser dado a importância, não ficar dizendo o contrário. Se a pessoa está dizendo que a vida dela não é linda, ela é quem sente. Temos que dar a escuta por onde essa pessoa transita.

Quais as principais estratégias para fortalecer o combate ao suicídio?

Primeiro, olhar para o suicídio como uma questão multifatorial, não individualizar no sujeito que comete o ato em si, mas pensar que só no ano de 2019, 831 pessoas cometeram suicídio [no Pará] e em Belém, 178, é um dado muito alto. Então, a gente precisa fazer um enfrento que vá para além do mês de setembro e que crie investimentos, porque não existe uma política de atendimento ao suicídio, não existe um protocolo no Pará e a gente precisa de um protocolo para que a pessoa tenha para onde ser encaminhada e durante o atendimento e pós tentativa também tenha esse acompanhamento, para si e para a família.

Qual a importância da data para a luta e por que o enfrentamento não pode se concentrar apenas nela?

As pessoas sofrem o ano inteiro, de janeiro a janeiro. Saúde mental tem que ser o ano inteiro. Assim, dia 10 de setembro marca que o sofrimento é transgeracional, transoceânico, porque uma coisa que aconteceu em outro continente, chega aqui. O sofrimento não tem fronteiras. Então, ele existe, é real, orgânico, multifatorial e precisa de um olhar clínico e terapêutico.

Quais as principais questões sociais relacionadas ao suicídio?

As questões relacionadas as LGBTQIA+fobia, nesse sofrimento infantil que se torna na fase adulta insuportável; muita ansiedade; violência intrafamiliar; violência sexual intrafamiliar; são situações na juventude. Já na fase adulta, o próprio desemprego, a fome, vergonha desta suposta falha, como se mais uma vez essa falha fosse individual, como se o desemprego fosse por incompetência, quando a gente sabe que não. É uma crise mundial, mas que acomete algumas pessoas por já terem gatilhos e propensões individuais. O suicídio é um sintoma da sociedade.

Quando a situação ocorre, qual o protocolo indicado?

Hoje, no Pará, não temos um protocolo para o enfretamento ao suicídio. Você tem atendimentos específicos nas unidades de urgência e emergência e encaminhamento para o hospital de clínicas. Depois, de forma voluntária, no Centro de Atenção Psicossocial, mas isso não pode ser só dessa forma voluntária, precisa de um protocolo, de um atendimento sistemático, uma pósvenção, que é após a incidência ter ocorrido. Eu preciso dar continuidade para a pessoa que tentou e para o familiar que vai conviver com ela, porque fica sempre um sobressalto, a dúvida se ela pode fazer de novo e, principalmente, não cair no senso comum de que é uma frescura, querer chamar atenção.

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