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Ajuda profissional é melhor forma de prevenir suicídio

Apoio psicológico é fundamental para superar quadros de ansiedade e depressão

O Liberal
fonte

A pandemia de covid-19 acendeu um alerta sobre tentativas de suicídio decorrentes da fragilização da saúde mental no mundo todo: segundo a Organização Mundial da Saúde os casos de ansiedade e depressão aumentaram mais de 25% em nível global.

Para agravar o problema, a crise sanitária afastou muitas pessoas dos tratamentos com psicólogos e da busca por ajuda. As mulheres foram mais afetadas que os homens, em particular na faixa entre 20 e 24 anos.

Entre 2010 e 2019, ocorreram no Brasil 112.230 mortes por suicídio, com um aumento de 43% no número anual de mortes, de 9.454 em 2010, para 13.523 em 2019. Os dados são do Ministério da Saúde. 

A psicóloga Thaysse Gomes classifica a pandemia como um fator definidor das altas taxas de problemas de saúde mental e suicídio. Ela classifica os efeitos psicológicos causados pela doença como uma quarta onda da pandemia. Para ela, temas como o medo da morte, notícias constantes no jornal e a partida precoce de amigos e familiares.

Com o tema da saúde mental ganhando debates em programas de TV, novelas e jornais, Gomes avalia que cada vez mais as pessoas procuram ajuda profissional, mas ainda assim a demanda está longe do ideal. 

"Isso é algo muito bom, mas faz a gente pensar na saúde mental como uma preocupação de saúde pública. Ela ainda é, infelizmente, destinada para um público muito específico. Temos uma população que não pode pagar por isso, pois uma sessão por semana sai pesado no final do mês", reflete. 

Segundo a psicóloga, quando o assunto é a chamada ideação suicida, é necessário lembrar que ela é um comportamento, e, portanto, nem sempre fácil de identificar, já que comportamentos são fluídos e as pessoas são diferentes.

Mesmo sem poder padronizar sinais e aspectos que sinalizam tendências ao suicídio, é possível observar, evitando estereótipos, alguns aspectos comuns a pessoas passando por problemas de saúde mental.

"É válido estar atento sempre a mudanças de comportamento. Às vezes, principalmente na adolescência, há uma depressão que não é baseada em tristeza, mas sim raiva. Se tenho uma criança ou adolescente sempre muito contente e legal e que, de repente, fica raivoso e estressado, quer o tempo todo sair, antes conversava com os pais e agora não quer mais, isso também pode ser um indício de depressão", diz. 

Na opinião de Gomes, às vezes, a sociedade fica tão presa a características clássicas ditadas há décadas pela cultura popular (a pessoa triste, que não come e nem sai do quarto escuro, por exemplo) que não consegue perceber mudanças bruscas de comportamento.

"São escalas: primeiro tenho um sujeito que não conversa tanto. Ele acorda, vai trabalhar e fica fechado no seu mundo. Com o tempo ele já não quer mais ir ao trabalho. Depois fica difícil de acordar. Se alguém no entorno percebe que essa pessoa está ficando muito em casa, não busca conversar, não sai, é algo a se ficar atento", recomenda. 

Outro direcionamento importante que ela destaca é que a maioria das pessoas não está apta para ouvir amigos e familiares que enfrentam quadro de depressão. Portanto, é importante indicar que a pessoa busque ajuda profissional sem grandes aprofundamentos em temas sensíveis.

"Deixando bem claro: não chama para conversar para ouvir o sofrimento daquela pessoa. Deixa que a gente faz isso, porque esse é um sofrimento tão intenso que precisa de uma ajuda profissional. Como num avião, primeiro a gente coloca a máscara de oxigênio em si e depois do outro", afirma ela, ao lembrar que a experiência pode ser prejudicial para ambas as pessoas.

Nem todo mundo é aberto a ouvir um conselho como este, mas Gomes lembra que intervenções compulsórias só podem ocorrer diante de fatos concretos, ou seja, atitude que oferece risca de vida para a própria pessoa ou para quem está próximo. 

"Posso chamar o Samu se a pessoa tiver atentado contra a própria vida ou de outra pessoa nas últimas 24 horas. Mas se perceber que a pessoa está quase lá, você faz o básico: fecha todas as janelas, tira essa pessoa de um ambiente que ela possa se jogar, tira todas as facas e lâminas do alcance. Deixa sempre alguém do lado dessa pessoa. Tenta fazer um rodízio pra pessoa não ficar sozinha, tira remédio de perto. Passa um pente fino em tudo mesmo. É quase como cuidar de uma criança, até a pessoa estar apta a um tratamento não compulsório", diz. Ela lembra que há muitas segundas tentativas nas primeiras 48 horas e este período é de alerta constante. 

Os momentos após uma tentativa de suicídio são igualmente complexos, segundo a psicóloga, pois é muito difícil para as pessoas próximas assimilarem que alguém do convívio direto está passando por algo muito difícil sem compartilhar isso com ninguém. Ela afirma que todas as pessoas precisam ser acompanhadas profissionalmente e que faz parte do trabalho dos profissionais da área verificar como os familiares estão lidando com todo o processo.

"É preciso ter abertura para pelo menos desabafar, se não a gente começa a somatizar nas atitudes da vida cotidiana. E aí ninguém consegue seguir em frente. Você vai ficar preocupado até isso ir se diluindo com o tempo. Qualquer espaço tem que ser espaço de acolhimento, espaço de fala", lembra.

No mais, Gomes defende que suicídio nunca é uma mera tentativa de chamar atenção e que ele não pode ser tratado de forma pejorativa. "Às vezes julgam como besteira, mas é coisa séria. Todo sofrimento é válido", aponta. 

CVV oferece apoio gratuito

Conhecido por atendimentos gratuitos para pessoas que necessitam de apoio emocional e por um extenso trabalho de prevenção ao suicídio, o Centro de Valorização da Vida atua desde 1962 e já atendeu 40 milhões de pessoas.

“Nossa história prova que o assunto é relevante e sempre atual”, comenta Carlos Correia, voluntário do CVV. “Nascemos quando a forma de comunicação mais eficiente era o telefone e hoje temos mídias sociais; passamos por diferentes momentos políticos, econômicos e sociais; vivemos uma pandemia; vivemos desastres naturais ou provocados pelo ser humano e, em todas as situações, nossa essência continua a mesma e as pessoas continuam precisando de apoio emocional e um ambiente seguro para desabafarem”, complementa.

Os mais de 3,6 milhões de atendimentos de 2021 foram realizados por cerca de 4.200 voluntários em mais de 120 postos de atendimento pelo telefone 188 (sem custo de ligação) ou pelo site www.cvv.org.br. Em Belém, a sede da entidade fica rua Senador Manoel Barata, 718. 


Saiba onde buscar ajuda psicológica 


1 - Clínica de Psicologia - Unama

Público alvo: estudantes e população em geral

Horário: 8h às 12h; 14h às 18h; 18h às 20h

Contato: 4009-3012

Endereço: Dentro do Bloco F, localizado no campus Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia

2 - Plantão psicológico - Unama - Ananindeua

Público alvo: paraenses maiores de 18 anos, residentes dos municípios da região Metropolitana de Belém

Horário: a combinar

Contato: o agendamento e a consulta ocorre pelo site

Para mais informações: 4009-3050.

3 - Clínica psicológica virtual -  UFPA

Público alvo: população interna e externa da universidade, profissionais de saúde, estudantes indígenas, quilombolas e  familiares e comunidade.

Horário: de segunda-feira à sábado a combinar

Agendamento: podem ser feitos pelo site.

4- Clínica de Psicologia da UFPA

Público alvo: população em geral

Horário:  terça-feira às sexta-feira 8h às 11h; 14h às 17h

Não precisa de agendamento prévio no site.

Contatos: (91) 98429-0279, para falar com Roseane; (91) 98382-9628, para falar com Fernanda

5- Serviço de acolhimento psicológico da UFRA

Público alvo: alunos (as) da universidade

Horário: a combinar, de segunda a sexta-feira

Contato: Campus Belém: Bruna Carvalló (91) 98101-0139; Stéphanie Correa: (91) 98090-2565

Campus Capanema: Thiago Costa (91) 99995-2540

Campus Capitão Poço: Hadassa Almeida (91) 98135-3202

Campus Paragominas: Aneska Oliveira (91) 98373-0940

Campus Parauapebas: Cláudia Camilo (94) 98154-7401

Campus Tomé-Açu: Suzane Lima (91) 98551-9357

5 - Serviço de acolhimento psicológico da Uepa

Público alvo: alunos da instituição

Horário: segunda a sexta, das 9h às 14h

Endereço: no Núcleo de Assistência Estudantil (NAE). Localizado no prédio da Reitoria da UEPA, na Rua do Úna, 156, no bairro Telégrafo.

Atendimento: pode ser por e-mail naeuepa@gmail.com ou por telefone.

Contato:  (91) 3299-2247

6- ONG Olívia

Público alvo: população LGBTQIA+

Horário: a combinar, de segunda-feira à sexta

Agendamento prévio nas redes sociais

Contato: 3201-7285

7- Centro de Valorização da Vida |CVV

Público-alvo: todos

Horário: 24 horas

Contato: 188

Atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs)
8- CAPS Icoaraci (Caps I)

Endereço:  Rua Monsenhor Azevedo, 237 (entre Passagem Maguari e Lopo de Castro), Campina de Icoaraci.

Contato:  (91) 3227-9137

E-mail: capsicoaraci@ibete.com.br

9- CAPS Amazônia (CAPS I)

Endereço:  Passagem Dalva, 377, bairro Marambaia

Contato: 3231-2599/ 3238-0511

E-mail: capsam.sespa@outlook.com

10- CAPS Renascer (CAPS III)

Endereço: Travessa Mauriti, 2179, entre avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, bairro Pedreira

Contato: (91) 3276-3448

E-mail: capsrenascer@yahoo.com.br

11- CAPS Grão-Pará (Caps III)

Endereço:  Rua dos Tamoios, 1840, Batista Campos

Contato: (91) 3269-6732

E-mail: capsgraopara@yahoo.com.br

12- CAPS Marajoara (CAPS ad III)

Endereço: Conjunto Cohab, Gleba I, WE-2, 451- Nova Marambaia

Contato:(91) 32360399

E-mail: capsmarajoara@gmail.com

Vale ressaltar, que em casos de emergência ou mais graves, a pessoa pode recorrer:

Ao Samu 192
Às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)
Pronto-Socorros
Emergência Psiquiátrica do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, em Belém.

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