CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Pirarucu de manejo abastece a 3ª Feira do Tapajós em Santarém

Evento garante visibilidade ao trabalho de conservação desenvolvido pelas comunidades ao longo do ano

Ândria Almeida

A terceira edição da Feira do Tapajós do Pirarucu de Manejo, realizada no último dia 12 em Santarém, no oeste do Pará, colocou à disposição dos consumidores quase 2 toneladas do maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu, oferecido em diferentes cortes, que incluem miudezas, ventrechas e mantas. Instalada na praça São Sebastião, a feira reuniu  pescadores das comunidades Santa Maria, Costa do Tapará e Tapará Grande.

image Ao londo de todo o ano os pescadores das comunidades recebem capacitações para o manejo do pirarucu (Ândria Almeida/ O Liberal)

O objetivo da feira é dar visibilidade ao trabalho de conservação desenvolvido por essas comunidades ao longo do ano. “O evento proporciona um ambiente de venda direta para que esses pescadores tenham um retorno financeiro maior com a comercialização do pirarucu, o que beneficia toda a comunidade. Eles desenvolvem um trabalho intenso de conservação e, na maioria das vezes, não conseguem obter um valor justo para sua produção”, destacou a bióloga Poliane Batista, integrante da Sociedade para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente - Sapopema.

Pesca coletiva

Nas comunidades participantes da feira, a preparação começa semanas antes do evento, quando ocorre a pesca coletiva do pirarucu. Na ocasião, as comunidades se dividem em grupos para fazer a pescaria em turnos alternados. 

image Os espécimes pescados pela comunidade pesam, em média, 80 quilos (Ândria Almeida/ O Liberal)

Em Santa Maria do Tapará, o esforço dos ribeirinhos é intenso, pois nessa época do ano o nível do rio está baixando deixando à seca alguns quilômetros de chão duro e terrenos bastante acidentados. Em alguns pontos do caminho, o barro fica molhado e atola os pés. Já em outros trechos surgem empecilhos como o juquiri, planta que minúscula e coberta de espinhos que penetram nos pés e podem ficar alojados por dias, causando dor e produzindo secreção local.

A caminhada entre o do lago dos Purus, onde o pirarucu é pescado, até a a margem do rio onde é embarcado para ser transportado até a comunidade leva aproximadamente 40 minutos, tempo que os pescadores passam carregando peixes com mais de 80 quilos nos ombros. Mas o trabalho não pára por aí. Depois de passar a noite pescando e de carregar o peixe nos ombros por quilômetros, ainda é necessário tratar o pirarucu e transformá-lo em mantas ou postas para venda.

image Pescadores caminham cerca de 40 minutos carregando nos ombros pirarucus gigantes (Ândria Almeida)

“São mais de dois mil metros de distância do lago até chegar na beira, no período do verão”, explica o pescador Odirlei Almeida de Santa Maria do Tapará, sobre a dificuldade para transportar os peixes que pesam, em média, 80 quilos.

José Pereira Almeida, pescador há mais de 50 anos e morador da comunidade Santa Maria do Tapará, conta que a pesca coletiva envolve todos que moram no local. “Antes da feira a gente já começa a trabalhar e chamar os comunitários. Isso envolve, mulheres, velhos, todos são importantes porque temos um período muito curto de pesca do pirarucu, e nesse período concentra muito peixe no lago o que facilita a captura”, conta.

José relata que o dinheiro arrecadado com a venda dos pirarucus já tem um destino certo. “Anualmente, fazemos o festival do pirarucu aqui na comunidade Santa Maria. Este ano, por questões alheias a nossa vontade, não conseguimos realizar e focamos na feira, mas o dinheiro arrecadado deve servir para ampliar a sede comunitária e, se Deus quiser, no ano que vem, o festival vai retorna com a inauguração dessa obra que estará a altura do festival da nossa comunidade, com estrutura metálica. Uma obra da qual vamos nos orgulhar com toda certeza”, contou.

Se para os pescadores a expectativa para a feira é alta, o que dizer então dos chefs de cozinha que trabalham com o produto, que é um dos itens mais versáteis da gastronomia tapajônica e cujo preparo vai de bacon de pirarucu a moqueca e linguiça.

A chef de cozinha e dona de restaurante Liane Sá, relata que o pirarucu é a estrela do prato no menu do empreendimento. “A feira serve para fomentar as vendas e, por consequência, melhora a renda dos pescadores, além de ser um incentivo para o setor pesqueiro. Vale ressaltar, que as medidas de proteção do pirarucu são vitais para a preservação e perpetuação da espécie. Para tanto, a obediência ao período de defeso, o combate à pesca predatória, o incentivo à pesca artesanal e o desenvolvimento da piscicultura são fundamentais”, enfatizou.

Ao longo do ano, os pescadores das comunidades Santa Maria, Costa do Tapará e Tapará Grande recebem capacitações para o manejo comunitário, com a assistência técnica da Sapopema, além de formações para manipulação adequada, atendimento ao consumidor e gestão de negócios.

Além do grupo Sapopema, o evento conra com a parceria do Sebrae Pará, da Colônia de Pescadores Z-20, Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Secreetaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e apoio da Ong The Nature Conservancy (TNC).

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ