Pará é um dos principais consumidores de medicamentos relacionados à "prevenção da covid-19"

"Não é porque o medicamento é isento de prescrição médica que ele não apresenta riscos à saúde ou não deve ser devidamente orientado”, afirmou o presidente do Conselho Federal de Farmácia

Dilson Pimentel
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Em qualquer circunstância, medicamentos somente devem ser consumidos mediante orientação de um farmacêutico, mesmo aqueles que são prescritos pelo médico. O farmacêutico é capacitado para acompanhar o uso seguro do remédio. É o que afirmou, nesta sexta-feira (28), Walter Jorge João, conselheiro federal pelo Estado do Pará e presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

“No contexto pandêmico, em que o medo e a divulgação de fake news se propagam por toda a sociedade, induzindo ainda mais ao consumo de medicamentos que prometem a cura, essa recomendação precisa sim ser reforçada. No caso da vacinação, o uso de medicamento deve ser administrado nas medidas certas e apenas em caso de real necessidade, sempre acompanhado de profissionais. Não é porque o medicamento é isento de prescrição médica que ele não apresenta riscos à saúde ou não deve ser devidamente orientado”, afirmou.

Esta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou que o uso indiscriminado de paracetamol para alívio de dores e febre após a vacinação contra covid-19 pode levar a eventos adversos graves, incluindo hepatite medicamentosa e morte. “O alerta da Anvisa é para que, nessa circunstância, o paracetamol seja utilizado seguindo as recomendações de bula e as orientações dos profissionais de saúde e o farmacêutico é um dos profissionais da saúde mais acessíveis para auxiliar o paciente no uso dos medicamentos”, disse Walter Jorge João, que já presidiu o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Pará.

“Ele está sempre presente nas farmácias e pronto para prestar todas as informações necessárias sobre o uso correto, racional e seguro dos medicamentos”, afirmou. Segundo o presidente do CFF, é importante ressaltar que, embora o paracetamol seja um medicamento isento de prescrição, de venda livre, o uso de medicamentos, qualquer que seja o medicamento, deve ser cauteloso e sempre acompanhado da assistência e orientação de um profissional capacitado, especialmente em situações como essa, em que temos uma doença nova, causada por um vírus que sofre mutações constantes e que provoca sinais e sintomas graves em alguns casos.

Ele também destacou que as reações adversas às vacinas são raras e o seu uso é seguro, conforme as recomendações dos fabricantes e dos órgãos reguladores, como a Anvisa. “Então, eventuais reações adversas não devem ser motivo para que as pessoas deixem de tomar as vacinas”, garantiu. Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia para verificar o aumento no consumo de medicamentos após a pandemia, o Pará se consolida como um dos principais consumidores de medicamentos possivelmente relacionados à prevenção e/ou tratamento do coronavírus.

"Em alguns momentos, chega a ocupar o terceiro lugar no ranking nacional, no caso do uso desenfreado de Vitamina D, Nitazoxanida e Ibuprofeno”, afirmou. Ele explicou que o uso indiscriminado de medicamentos, especialmente por automedicação, pode provocar reações adversas, causar intoxicações, mascarar doenças graves e alterar os efeitos de outros medicamentos já em uso pelo paciente, apenas para citar alguns exemplos.

 

Covid-19 deflagrou uma epidemia de uso irracional de medicamentos

E o novo coronavírus deflagrou uma epidemia de uso irracional de medicamentos. Conforme apurado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) com dados da consultoria IQVIA, nos 12 meses subsequentes ao registro do primeiro caso da doença no país, as vendas de alguns fármacos vinculados à prevenção ou cura da doença, mesmo sem a comprovação de que sejam eficazes para esse fim, chegaram a aumentar 857%, caso da ivermectina. Para estimular a logística reversa das milhões de unidades vendidas e não utilizadas desses e de outros medicamentos, o CFF criou uma ferramenta que faz a ponte entre quem precisa descartar e quem coleta, o site descarteaqui.cff.org.br. A missão foi assumida às vésperas do Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, em 5 de maio, que tem o descarte correto como tema central.

Desde março do ano passado, quando o coronavírus chegou ao Brasil, o conselho vem monitorando as vendas de medicamentos vinculados à doença e alertando sobre os prejuízos à saúde do consumo desenfreado e, muitas vezes, sem a devida orientação. Agora, a preocupação é evitar danos adicionais, com o descarte incorreto das sobras e medicamentos vencidos. A proposta é, também, estimular o cumprimento do Decreto n o 10.388, de 5 de junho de 2020.

Conforme o dispositivo legal, a partir de setembro, será obrigatório que as farmácias e drogarias de capitais e de municípios com mais de 500 mil habitantes mantenham, no mínimo, um ponto fixo de recebimento para cada dez mil habitantes. Após um ano, a providência será exigida para municípios com mais de 100 mil habitantes. Para viabilizar sua iniciativa, o conselho está empenhado em cadastrar todos os pontos de coleta existentes no país. O cadastramento é voluntário e, por enquanto, estará restrito às farmácias registradas nos conselhos regionais de Farmácia, podendo ser efetuado exclusivamente pelo farmacêutico responsável técnico de cada estabelecimento.

Depois será estendido a outros estabelecimentos, além das farmácias. O cadastramento será permanente. E a partir do dia 5 de maio, o site exibirá aos usuários de medicamento, de forma georreferenciada, as farmácias cadastradas. Isso significa que, selecionando o estado, a cidade e o bairro desejados, o usuário poderá localizar a farmácia com ponto de coleta mais próxima, para o descarte adequado.

image Walter Jorge da Silva, presidente do CFF e conselheiro pelo estado do Pará,diz que a pandemia de covid-19 aumentou drasticamente a automedicação (ICTQ / Divulgação)

 

Campanha promovida pelo CFF pretende conscientizar sobre os riscos do descarte de medicamentos no lixo comum

Além de orientar e direcionar o usuário para o descarte adequado, a campanha promovida pelo CFF também pretende conscientizar sobre os riscos do descarte de medicamentos no lixo comum, na pia ou no vaso sanitário. Esses hábitos contribuem para potencializar graves problemas de saúde pública, como a resistência bacteriana.

Descartadas de forma inadequada, as substâncias se misturam ao lixo comum, e voltam para a natureza ainda ativas, podendo contaminar o lençol freático e até mesmo a água que consumimos. Outro princípio difundido será o do uso racional, que evita o acúmulo e reduz a necessidade de descarte desses resíduos. Existe uma série de medidas que podem ser adotadas no intuito de evitar sobras de medicamentos, como consultar o farmacêutico visando à compra da quantidade exata ou o mais próximo possível da necessária à conclusão do tratamento prescrito.

 

Quais são as principais reações adversas de cada item do kit covid?

Hidroxicloroquina – pode levar à ocorrência de dores abdominais, diarreia, náusea e vômitos, lesão hepática aguda, miopatia, vertigem, reações extrapiramidais, convulsões (principalmente em pacientes com histórico prévio), taquicardia, prolongamento do intervalo QT, entre vários outros efeitos adversos, sendo os cardiovasculares aqueles que mais suscitam preocupações.

Ivermectina – pode causar diarreia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos; febre; taquicardia; dor de cabeça, tontura, sonolência, vertigem e tremor; inchaço nos membros (braços, mãos, pernas e pés); hipotensão; além de prurido, coceira e erupções cutâneas.

Nitazoxanida – pode causar náusea, diarreia, vômito e dor abdominal; dor de cabeça; reação alérgica; taquicardia; mudanças na coloração dos olhos, urina e esperma; e, ainda, vermelhidão, coceira e erupções na pele.

Vitamina D – pode causar secura da boca, cefaleia, perda de apetite, náuseas, fadiga, sensação de fraqueza, dor muscular, prurido e perda de peso. O consumo excessivo também pode causar constipação, fraqueza muscular, vômitos, irritabilidade e desidratação. Além disso, o excesso de vitamina D, por períodos prolongados, pode resultar em alterações endócrinas e metabólicas, como proteinúria, disfunção renal, hipertensão, arritmias, piora dos sintomas gastrintestinais, pancreatite, psicose, redução dos níveis de HDL e aumento dos de LDL.

Vitamina C – a administração de altas doses, por tempo prolongado, pode causar escorbuto de rebote, distúrbios digestivos, eritema, cefaleia, aumento da diurese e litíase em pacientes com insuficiência renal e naqueles predispostos a cálculos renais. Além disso, é importante lembrar que todos esses medicamentos apresentam contraindicações e podem alterar os efeitos de outros medicamentos já em uso pelo paciente.

Fonte: CFF

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