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Novo peixe chega ao Pará e acende o alerta para o desequilíbrio do meio ambiente

O peixe-leão é uma espécie predatória, venenosa e altamente adaptável. Entretanto, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sespa) afirma que os registros no Pará não são preocupantes

Camila Guimarães / Especial para O Liberal
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Vindo do Oceano Pacífico e Oceano Índico, um novo tipo de peixe tem percorrido um longo caminho, passando pelo Caribe e Venezuela, até chegar ao Brasil e, mais recentemente, ao Pará. O peixe-leão, chamado assim devido à sua aparência exuberante, tem preocupado pesquisadores e autoridades em conservação e biodiversidade. Entre os riscos da existência do animal na região está o desequilíbrio de outras espécies, podendo afetar até o comércio de pescados.

O biólogo Thiago Barbosa, doutor em zoologia com ênfase em ecologia e conservação, explica mais a respeito da ocorrência do peixe-leão: “Na verdade o que se tem observado é o avanço de duas espécies do mesmo gênero: a pterois volitans e a pterois miles. São animais muito adaptáveis, com uma reprodução relativamente rápida. Eles conseguem se adaptar bem tanto em águas frias quanto quentes, salgadas ou com menor teor de sal, como os estuários, e podem comer mais de 100 tipos de peixes diferentes”.

Surgimento

O biólogo conta que não é a primeira vez que o peixe é visto no Brasil. O primeiro registro teria acontecido em 2015, em Arrial do Cabo, na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro. Mas, agora, tem sido observada a disseminação das espécies no país. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) afirma que já há relatos de aparição do peixe-leão na costa de Fernando de Noronha (PE) e do Pará.

O secretário adjunto de gestão e regularização ambiental da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), Rodolpho Bastos, confirma os registros do peixe-leão no nordeste paraense, perto da fronteira com o Maranhão, mas garante que não é uma situação preocupante: “As amostras que já foram identificadas ocorreram em alto mar, mesma zona de pesca da lagosta e do pardo. É bem distante ainda e consideramos difícil que haja mais aproximação devido à vazão do Rio Amazonas”, afirma o secretário.

Sobre esses registros, Thiago explica que, apesar de terem sido vistos, ainda não há uma publicação oficial mais específica da ocorrência. “Existe um espaço de tempo entre o relato de alguém e a coleta de uma mostra do animal, na área, para estudo e publicação científica, por isso, ainda não temos essa publicação oficial no momento”, explica o pesquisador.

Riscos ambientais

Com um perfil predatório e altamente adaptável, o peixe-leão, até o momento, não possui um predador natural que possa controlar suas atividades no meio ambiente, por isso, sua presença é um risco para diversos organismos na região, como explica Thiago: “ A gente pode ter problemas em recifes de corais, por exemplo, porque o peixe-leão também pode viver nessas áreas e provocar o declínio ecológico, afetando a vida dos corais. Além disso, como existem poucos animais que eles não comam, o estoque de alguns outros pescados que a gente utiliza para a alimentação pode ser afetado”.

Na lista com mais de 100 tipos diferentes de peixes que fazem parte da dieta do peixe-leão, Thiago destaca a família sceiaenidae, da qual faz parte, por exemplo, a pescada branca, muito consumida no Pará, além da tetraodontidae, família dos baiacus, mais comumente usado na culinária japonesa. “Mas como ele é muito generalista, o que tiver no ambiente ele vai comer”, conclui o biólogo.

Medidas de segurança

Na última sexta-feira (11), o MMA deu início a uma campanha que busca orientar turistas, pescadores e mergulhadores sobre como proceder ao se deparar com o animal, uma vez que o peixe-leão também é venenoso, apesar de o veneno não ser letal em pessoas saudáveis.

De acordo com uma cartilha publicada pelo Ministério, o peixe-leão não deve ser devolvido para a natureza. O correto seria coletar a espécime, evitando o contato com os espinhos, e comunicar imediatamente ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM Bio), ou ao órgão correspondente em cada região.

No Pará, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (CEPNOR), órgão vinculado à Diretoria de Pesquisa, Avaliação e monitoramento da Biodiversidade (Dibio), é o responsável pelo recebimento das notificações nos números: (91) 98418 8581; (91) 98724 9744; (91) 3274 1237.

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