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Município de Ananindeua tem história contada em versos e prosas por seus escritores

Escritores relatam que a cidade possui uma vasta diversidade de temas narrados em suas obras

Igor Wilson
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Ananindeua é meu lar, terra do meu coração, abraça quem nasce e quem chega, com a mesma emoção”. A frase escolhida pelo professor e escritor Humberto Baía para começar seu livro infantil "Ananindeua" representa bem a saga dos escritores da cidade. Alguns nasceram em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, outros nela chegaram em algum período da vida. Mas todos assumiram como missão desenvolver e elevar a literatura do município com a mesma emoção, seja voltada para adultos ou para crianças.

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E, se para alguns, os 79 anos completados pelo município nesta semana parecem muito, na linha do tempo da literatura, pode-se considerar Ananindeua como uma criança dando seus primeiros passos. Um deles aconteceu no final do ano passado, quando um grupo de escritores fundou a Academia de Letras de Ananindeua (Alanin). O objetivo foi justamente reunir pessoas que fazem literatura na cidade e através disso promover Ananindeua. E são muitas histórias, com uma diversidade de temas. Para José Maria Andrade Filho, presidente da Alanin, a criação da academia é resultado de um processo natural de quem zela pelo município como fonte de literatura.

image José Maria Andrade Filho, presidente da Alanin, cita que a cidade serve como inspiração as obras (Ivan Duarte/ O Liberal)

As ruas, monumentos, a história dos bairros, os rios, os quilombos, o crescimento urbano, a diversidade. Ananindeua e todos os seus elementos servem como fonte para a criação de um vasto conjunto de obras literárias. São escritores de vários gêneros literários que ajudam a promover o despertar para a leitura em seus cidadãos.

Cheguei aqui na boleia de um caminhão na década de 1980, ainda adolescente. Meus pais moravam em Belém e apostaram no sonho de Ananindeua. Fui acompanhando todo crescimento da cidade e isso foi fundamental para minha formação como escritor. Aqui passei minha juventude, conheci todos os igarapés, estudei nas escolas públicas, passei na universidade, e aqui comecei a escrever meus primeiros poemas”, conta José Maria, autor de mais de dez livros de poesia.

Para Fátima Afonso, diretora do Centro Cultural Rosa Luxemburgo, a responsabilidade dos escritores de Ananindeua passa por conseguir estimular no leitor não apenas o interesse pela leitura, mas também pela cidade. Fátima lançou recentemente o livro "Contos de Ananin", que conta as histórias das lendas presentes no município. Para conseguir realizar a escrita, a autora precisou fazer uma imersão em diversos locais da cidade, principalmente na região de ilhas, onde conseguiu conversar com moradores antigos e extrair histórias de lendas que muitos não conheciam, como a lenda da "parteira voadora" e da "procissão fantasma".

image Fátima Afonso: a responsabilidade dos escritores é estimular o interesse pelo município (Ivan Duarte/ O Liberal)

“Um dos aspectos mais importantes da minha obra é a questão das especificidades de Ananindeua. No 'Contos de Ananin' retrato uma das lendas que pouca gente conhece. São lendas que são contadas de pais para filhos, de avós para netos e bisnetos. Através dessa pesquisa conseguimos extrair nossa identidade. Somos a 4ª maior cidade da Amazônia, temos uma diversidade imensa e precisamos levar isso através de nossas obras, sempre com pesquisas minuciosas sobre essa cidade”, diz Fátima.

Literatura de Ananindeua: jovem como criança

Chapeuzinho Vermelho, Cachinhos Dourados, Os Três Porquinhos, o Sítio do Pica-pau Amarelo. Essas e outras histórias marcaram e continuam a marcar gerações ao longo do século que se passou. Difícil encontrar alguém que não tenha ouvido uma dessas histórias na infância. No entanto, a literatura para crianças vive nos últimos anos uma transformação e tem gente em Ananindeua acompanhando isso.

O casal de professores Riza e Humberto Baía são o exemplo disso. Os professores da rede municipal aproveitaram o período em casa durante a pandemia para aprender sobre a tecnologia de aplicativos e desenvolveram mais de seis dezenas de livros digitais voltados para o público infantil. Inicialmente, a ideia seria criar o conteúdo para utilizá-lo na sala de aula, mas a iniciativa mostrou-se muito mais além. Através do aplicativo "Histórias Infantis Ilustradas", qualquer pessoa pode ter acesso às histórias criadas por Baía. Em comum em histórias como "A Lenda da Mandioca", "O sumiço do pequeno peixe-boi", "Lembranças de Curuçá", "Olha a Manga" e o "Lobo Bom", está a cidade de Ananindeua como lar da criação literária dos professores.

image Os professores Riza e Humberto Baía desenvolveram livros digitais para o público infantil (Ivan Duarte/ O Liberal)

“Tudo à nossa volta na cidade, os costumes, sabores, toda memória antiga e perspectivas que desejamos para a nossa cidade servem como matéria prima para as histórias. Uma das nossas obras fala sobre minha infância, se chama ‘Zé Alguém’, onde falo daquela época, da falta de espaços para brincar. Tudo para gerar uma reflexão, analisar o que melhorou e o que precisa ser melhorado em nossas conquistas sociais”, diz Humberto.

O trabalho de Riza e Humberto coloca Ananindeua no mapa da literatura contemporânea, presente principalmente no universo digital. As publicações do casal evoluíram e deixaram de ser vistas apenas com a função de ajudar no processo de alfabetização. Além do formato moderno, apostaram em mais interatividade, valorizaram as ilustrações e perderam o receio de abordar os temas mais diversos.

Ananindeua tem uma grande influência na nossa vida, principalmente pelas vivências que passamos. Resolvemos contribuir com as crianças da cidade através da literatura, da aprendizagem lúdica de forma mais prazerosa, pois o objetivo é estimular o hábito da leitura para que a própria cidade cresça em todos os sentidos”, diz Riza.

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