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Lixo toma conta das ruas de Ananindeua e cidade ocupa ranking dos piores saneamentos do Brasil

Vários bairros denunciados pelos moradores enfrentam o drama da coleta irregular de lixo por parte da prefeitura

Igor Wilson
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A água de esgoto que começa a jorrar das tubulações das casas para a vala a céu aberto na rua e os passos das pessoas indo trabalhar anunciam mais um dia normal em diversos bairros de Ananindeua. Os moradores, alguns ainda revoltados e outros conformados, são obrigados a conviver com o acúmulo de lixo em cada vez mais pontos. Na frente de escolas, feiras, estabelecimentos ou espalhados pelas calçadas e ruas. O problema é recorrente, muitos já denunciaram, no entanto, a coleta de resíduos em Ananindeua continua sendo um grave problema. 

A reportagem de O Liberal Ananindeua percorreu bairros do município durante a semana e presenciou uma série de irregularidades e denúncias como a de Aldirene Silva, moradora do bairro do Distrito Industrial. Aldirene denunciou um ponto de descarte de lixo em frente a escola Benedito Celso Pádua Costa, onde seu filho estuda. Segundo a mãe, o descarte de lixo na frente da instituição de ensino, localizada na rua Zacarias de Assunção, acontece diariamente. A demora da coleta, que deveria passar no local três vezes por semana, é o principal fator para proliferação de lixo, ratos e baratas nas proximidades. 

“Todo dia que venho deixar e buscar ele tem esse monte de lixo aqui. A própria escola joga seu lixo aqui porque não tem um local adequado. Todos os comércios vão jogando também e a escola, que deveria ser um lugar de exemplo, acaba virando isso, os alunos entrando e saindo no meio do lixo”, diz a moradora. 

O problema se agrava quando se junta a inexistência de rede de esgoto. O município de Ananindeua figura no triste ranking das cidades com piores índices de saneamento do Brasil. Segundo o último levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS, quase 70% de toda população de Ananindeua não tem qualquer tipo de rede de esgoto. Ou seja, boa parte dos resíduos sólidos e líquidos das residências são despejados diretamente para as valas a céu aberto, muitas construídas de forma improvisada por cima da rua. A vala se mistura com o lixo e tudo fica mais precário. 

“Eles dizem na teoria que passam três vezes por semana, mas é mentira. Aqui no Distrito o lixo está por toda parte, é só andar pelas ruas. O maior absurdo é ter um descarte desses na frente de uma escola de crianças e jovens, só isso já mostra muita coisa sobre como olham pra nós”, diz Aldirene. 

image Moradores reclamam da quantidade de lixo espalhados por todos os cantos da cidade (Ivan Duarte/ O Liberal)

Mais adiante alguns quilômetros, no bairro do Guajará, a situação é ainda pior. De acordo com os moradores que conversaram com a reportagem, a coleta de lixo está piorando em relação ao ano anterior. Os pontos de lixo acumulado estão desde as vielas mais simples até a Estrada do Guajará, principal via da localidade. Ali, bem próximo a parada onde Rafael Malafaia apanha o ônibus diariamente, fica um grande ponto de acúmulo de lixo. O acadêmico, que trabalha com tradução, precisa aguardar ao lado de um dos maiores pontos de descarte de lixo no bairro. O mal cheiro e a aparência nada agradável geram revolta contra o poder público.  

“A prefeitura é muito boa em vim cortar energia rápido, em vim cortar água rápido, mas porque não tira esse monte de lixo rápido também? Pagamos IPTU, temos vários impostos, mas porque não limpa isso constantemente? Como vamos manter uma boa aparência do município assim? Como vamos ter orgulho da nossa cidade assim? Difícil”, diz Malafaia. 

Cidade carece de saneamento

A triste realidade de Ananindeua foi escancarada no início deste ano com a divulgação do Ranking do Saneamento, realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com GO Associados. Os números assustam. O ranking, que leva em conta índices de água tratada, coleta e tratamento de esgoto nos municípios brasileiros, aponta Ananindeua entre os dez piores municípios em saneamento. 

O documento faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), ano de 2020, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Os dados do Snis apontam que o país ainda tem dificuldade com o tratamento do esgoto, do qual somente 50% do volume gerado são tratados – isto é, mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente. Outro ponto abordado é sobre os investimentos feitos em 2020, que atingiram R$ 13,7 bilhões, valor insuficiente para que sejam cumpridas as metas do Novo Marco Legal do Saneamento – Lei Federal 14.026/2020. 

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