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Idosos não se sentem seguros para atravessar sozinhos as ruas na Grande Belém

Com o envelhecimento, a agilidade e o reflexo tendem a ser menores, fazendo com que essas pessoas sintam dificuldades de se locomover. E a falta de empatia por parte de alguns motoristas pode provocar acidentes de trânsito

Fabyo Cruz
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Atravessar a rua sozinho pode ser um desafio para a maioria dos idosos. Com o envelhecimento, a agilidade e o reflexo tendem a ser menores, fazendo com que essas pessoas sintam dificuldades, por exemplo, para deslocar-se de um lugar para outro com rapidez. A ausência de acessibilidade urbana, como o desnivelamento do piso ou calçadas esburacadas nas vias, aumentam ainda mais as adversidades. E a falta de empatia por parte de alguns motoristas pode provocar acidentes de trânsito envolvendo esse público.

Em Belém, um idoso identificado inicialmente pelo nome Oswaldo Gomes da Silva, morreu atropelado por um carro particular na madrugada desta quinta-feira (18), por volta das 5h40, enquanto atravessava a faixa de pedestres da avenida Augusto Montenegro, na pista sentido Entroncamento/Icoaraci, quase em frente ao colégio Pequeno Príncipe, no bairro do Parque Verde. De acordo com testemunhas, Oswaldo Gomes da Silva foi atropelado por um carro particular que estava em alta velocidade e avançou o sinal fechado.

Maria de Fátima Cressoni, 70 anos, morreu após ser atropelada na BR-316, no centro de Ananindeua, na tarde da última terça-feira (16). De acordo com informações do Centro Integrado de Operações (CIOP), a vítima foi atingida por uma carreta em circunstâncias que ainda estão sendo apuradas. Foi socorrida para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), mas não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois de dar entrada na unidade. Já o condutor da carreta, foi conduzido para a Seccional de Ananindeua para prestar depoimento.

A falta de educação da maioria das pessoas, na opinião de Carlos Seabra, 67 anos, morador do bairro do Aurá, em Ananindeua, é o que o faz não sentir-se seguro ao atravessar a rua.  “Quando você tenta atravessar pela passarela, ela está muito imunda. Por causa disso, muita gente arrisca atravessar pela rua mesmo. Eu não me arrisco, mas tem gente que faz isso. Hoje, não me sinto seguro ao atravessar a rua por falta de educação dos mortotistas”, afirmou.

Moradora do Centro de Ananindeua, Alda Teixeira, 74 anos, conta que sente dificuldades de atravessar a rua por conta de possuir artrose, que é o desgaste da cartilagem que reveste as articulações. Esse é um fenômeno natural que faz parte do envelhecimento do organismo. “Eu atravesso, mas sinto dores nos ossos para atravessar a passarela. Hoje mesmo uma pessoa me ajudou a atravessar. Acho que deveria ter mais sinais de trânsito nas ruas”, opinou.

Fatores ambientais e biológicos torna idoso vulnerável a acidentes

Um conjunto de fatores ambientais, associado a outros fatores biológicos, torna o idoso muito vulnerável a quedas, acidentes e a fatalidades. É o que explica Ney Lima, educador físico e especialista em Gerontologia, a especialidade que estuda o envelhecimento.

A pessoa idosa sofre queda por fatores intrínsecos, que são fisiológicos, e extrínsecos, como, por exemplo, calçadas desniveladas. Boa tarde dos usuários do transporte coletivo é formada por pessoas idosas. Só que, em Belém, os ônibus não param na mesma parada. E o idoso precisa se deslocar dentro da própria parada.

“Então, imagina uma pessoa com uma dificuldade de mobilidade, tendo que se movimentar, correndo atrás de um ônibus, uma parada que muitas das vezes está cheio de pessoas, tendo vários ônibus para se pegar. E, ao mesmo tempo, tem as calçadas irregulares, quebradas. São vários os relatos de pessoas idosas que tropeçam ao ir atrás do ônibus”, disse Ney Lima.

A partir dos 40, 45 anos, a pessoa começa a ter suas funções físicas e cognitivas diminuindo. Mas isso não significa dizer que essa diminuição seja patológica, que é algo grave. No entanto, há aspectos como a falta de atividade física, baixa ingestão proteica. Além do mais, a faixa etária das pessoas com 60 anos ou mais é a que menos pratica atividade física e a que menos ingere quantidade de proteína adequada na sua alimentação diária.

Ou seja, há perda de massa muscular, mas principalmente perda de força. “Na medida em que perde força, a gente perde o que a gente chama de função - conseguir caminhar com velocidade, conseguir caminhar levantando o pé”, afirmou.

Há a perda da função muscular, a calçada desnivelada, danificada, sem sinalização e um transporte público que não considera essas limitações. “Com isso, há um cenário extremamente favorável a situações de quedas”, afirmou Ney Lima.

Outro fator complicado: muitos motociclistas de aplicativo trafegam pela calçada e na contramão. “Então imagina o que é esse cenário para a pessoa idosa que tem o desempenho físico diminuído”, disse.

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