Emprego e programas sociais melhoraram índices de alimentação das famílias

Organizações Não-Governamentais (ONGs) perceberam diminuição de famílias que necessitam de apoio para alimentação

Vito Gemaque
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A saída do Brasil do ranking dos países com os piores índices de insegurança alimentar – o conhecido mapa da fome – teria dentre os motivos a geração de emprego e a expansão de programas sociais como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Dados do estudo "O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025)" mostraram que Brasil ficou de fora da lista dos países com os mais altos índices de insegurança alimentar. O Estado do Pará também obteve melhorias na alimentação da população.

De acordo com informações exclusivas da coluna Repórter 70, do jornal O Liberal, divulgadas na terça-feira (29), o Estado do Pará teve uma redução de 85% no número de famílias que viviam o risco de subnutrição ou a falta de alimentação suficiente, de acordo com os dados divulgados no novo relatório 2022/2024 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU). Aproximadamente 400 mil famílias, de um total de 2,2 milhões em situação crítica no Estado, começaram a ter acesso a pelo menos três refeições diárias.

A melhoria dos índices é percebida na ponta por entidades que realizam trabalho de segurança alimentar com famílias em vulnerabilidade social. De acordo com Iraci Andrade, coordenadora Associação Filantrópica Icuí Solidário, localizado no bairro do Icuí Guajará, em Ananindeua, a queda do número total de famílias que necessitavam de apoio para se alimentar é perceptível.

“Atendemos hoje 700 famílias. Esse número foi bem maior, o cadastro em 2022 era de 1.400 famílias. Hoje nós reduzimos isso pela metade graças a Deus. Muitas famílias conseguiram trabalho e não tem mais essa necessidade grande”, afirma. A entidade também apoia as famílias entrarem nos programas sociais do governo como o Bolsa Família. “Se a família que ficou fora do Bolsa Família por algum motivo, a nossa assistência vai lá. e os encaminha. Para as famílias terem autonomia na questão alimentar, a gente também desenvolve oficinas para construção de renda. Tudo tem contribuído para que reduzamos os números”, aponta.

O projeto realiza ações de assistência social com entrega de cestas básicas, acompanhamento em atividades educacionais de crianças da comunidade, e formações e oficinas para as famílias. O Icuí Solidário possui cadastro das famílias em vulnerabilidade e as acompanha durante seis meses. A entidade recebe apoio do Programa Sesc Mesa Brasil e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, que compra e entrega alimentos para entidades sociais distribuírem.

“Em 2022 e 2023, praticamente em 15 minutos depois que chegavam as doações, elas eram completamente entregues. Hoje leva um tempo maior, a gente consegue fazer uma triagem mais qualificada”, relembra Iracy. “Com a demanda grande, a gente não consegue fazer um trabalho mais qualificado, é desesperador. A gente tem conseguido observar sim a redução dos índices. A partir de 2023, a gente conseguiu receber muita alimentação do Governo Federal para fazer chegar na ponta”, destacou.

A entidade é apoiada pelo Programa Sesc Mesa Brasil que funciona como uma rede de solidariedade. O programa reúne os doadores de alimentos parceiros, como empresas atacadistas, indústrias e órgãos governamentais, às 141 entidades cadastradas responsáveis por atender a população na ponta. Dentre os municípios atendidos estão Belém, Ananindeua, Castanhal, Marabá, Santarém e cidades do Marajó.

O Programa Sesc Mesa Brasil no Pará em 2024 foi responsável por arrecadar e distribuir 906 toneladas de alimentos. A coordenadora do programa Carmen Cabral aponta que dentre as dificuldades no Pará está a dificuldade de chegar aos municípios mais pobres e distantes. “O Pará e um estado muito grande. Onde a gente vai encontrar índices de insegurança alimentar é justamente naquelas regiões de difícil acesso. É onde também estão os menores IDH [Índices de Desenvolvimento Humano], como no Marajó”, explica.

Na avaliação Iraci para avançar com os índices é preciso melhorar a capacitação da população, investir fortemente em educação e melhorar a qualidade dos empregos. “As famílias ganham muito mal porque não são tão capacitadas. Esse é um fator muito claro. Percebo muitas famílias indo embora para outros estados, porque estão em busca de subempregos, nem são empregos altamente qualificados. Para que a gente possa manter esses índices é preciso investir em qualificação e capacitação, principalmente dos jovens”, atesta Iraci.

ESTUDO - O Mapa da Fome é um indicador global da FAO que identifica países em que mais de 2,5% da população sofrem de subalimentação grave (insegurança alimentar crônica). A presença do país no Mapa da Fome demonstra que uma parcela significativa da população não tem acesso regular a alimentos suficientes para uma vida saudável. O relatório SOFI divulga esse indicador sempre na forma de médias trienais, considerando as informações dos últimos três anos.

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