Do desemprego para um novo trabalho: Renda e dignidade para toda a família

João Santos é famoso por vender um delicioso cachorro-quente na Cidade Nova e também por fazer paródias para seus clientes

Dinei Souza

Para lidar com o desemprego, a informalidade foi o caminho encontrado pelo maranhense João Marinozi Silva Santos, 63 anos, após perder seu antigo trabalho na área da vigilância privada em 2006. “Ao completar 48 anos, eu fui mandado embora da empresa e fiquei sem condições de manter a minha família. Um cunhado meu comprou uma casinha de lanche na SN 03, entre as WE 26 e 27, na Cidade Nova 2 e eu fui ajudar”, relembra ele que hoje ganha a vida vendendo cachorro quente no bairro de Ananindeua.

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Foram três anos aprendendo a nova profissão de produzir sanduíches. Até que uma fiscalização da Prefeitura de Ananindeua, embargou o local de trabalho alegando atrapalhar a circulação de pedestres, lembra João. “Voltei a ficar desempregado, sem a casa de lanches e com uma dívida de empréstimo para pagar o investimento que fiz para iniciar o negócio”, detalha.

image Força e determinação são fundamentais na rotina da venda de lanches (Márcio Nagano/O Liberal)

Com os materiais que sobraram do antigo local, João teve apoio de seu irmão, que é mestre de obras, e montou um carro de lanches. Foram utilizadas tábuas, pedaços de PVC, coberto de lona com rodas de carro que ajudaram o início de um novo ciclo de trabalho. Hoje, o maranhense já completou 10 anos atendendo a comunidade na esquina da WE 26 com a SN 03, também na Cidade Nova 2.

Apesar das dificuldades do trabalho informal, o autônomo conta que sua força sempre esteve na necessidade das pessoas que dependiam e ainda dependem dessa labuta.

“Eu tenho dois filhos e no início eles dependiam de mim, hoje já estão casados e cada um tem seu canto. Mas quem depende do meu trabalho até hoje sou eu e minha esposa”, fala orgulhoso.

Com os anos de venda, agora Seu João é conhecido pelo jeito extrovertido e alegre entre os clientes, também gosta de contar piadas e histórias de vida. Mas os dias de observação e trabalho na rua o ajudaram também a começar uma nova atividade, o de fazer paródias.

“A vida é bela, mas é para quem sabe viver ela.

Faça o bem, sem olhar a quem,

E nunca diga a ninguém que você não tem sorte,

Porque até as flores trazem a sua sorte,

Umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.

Abra o seu coração e me dê um aperto de mão,

Abra o seu coração e me dê um forte abração,

Só assim você vai sentir as batidas do meu coração.. meu irmão! ”

João sinaliza que trabalhava de domingo a domingo e que este é o melhor dia para as vendas nas ruas, pois é quando as famílias saem, ficam sem tempo para cozinhar e na volta para casa procuram o lanche a noite. “Às 22h eu já estava me arrumando para ir embora, pois havia encerrado meu material de produzir os lanches”, comenta.

image João Santos viu nos lanches a possibilidade de sustento da família (Márcio Nagano/ O Liberal)

Com a chegada da pandemia e os períodos de isolamento social, João Santos precisou procurar alternativas para manter os compromissos com a família. “Precisei dar meus pulos, procurei um fornecedor de ovos, que é meu amigo e comecei a trabalhar com ele. E com este trabalho, conseguia garantir umas diárias entregando ovos nos comércios locais”, afirma o autônomo.

Hoje, João segue nas duas atividades, uma logo pela manhã (entregador de ovos); outra pela noite (vendedor de lanches) e tem diminuído o ritmo noturno para estar mais próximo à família e se dedicar aos compromissos na igreja.

Raio-x do trabalho no Brasil

No trimestre encerrado em maio de 2022, a taxa de desemprego no país ficou em 9,8%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As atividades informais no Brasil cresceram muito nas últimas décadas, por apresentarem vantagens, como a renda imediata e autonomia, e poucas desvantagens. Porém, o desemprego e a busca por autonomia foram fatores que esboçaram o aumento do trabalho informal.

Vantagens do trabalho informal:

autonomia;

liberdade para criar, produzir;

flexibilidade de horários, folga, férias, etc.;

rendimentos rápidos e imediatos;

menor burocracia;

possibilidade de parar de produzir ou trocar a prestação de serviço sem aviso prévio;

possibilidade de ser amparado pela Previdência Social, desde que se contribua mensalmente para ter seus direitos garantidos.

Desvantagens do trabalho informal:

variação da renda;

ausência de carteira assinada;

ausência de férias remuneradas, décimo terceiro salário, vale-transporte etc.;

ausência de direitos trabalhistas, como licença-maternidade, paternidade, auxílio-gás etc;

ausência de direito à aposentadoria;

(Dinei Souza, com supervisão de Daleth Oliveira)

 

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