Seu 'Verá': Lanche artesanal foi pioneiro e fez sucesso na década de 90

O ano era 1995, quando o senhor Averaldo Cardoso da Costa decidiu construir um carrinho de lanche e ir para a esquina da Praça da Matriz, em Vila dos Cabanos, vender hambúrguer. Mais conhecido como Verá, o vendedor diz ser o primeiro “informal” daquela praça. “Antes disso eu havia montado um bar na frente de onde hoje é uma papelaria, mas a praça ainda nem existia. Depois optei pelo lanche”, conta.

Os moradores mais antigos em Barcarena lembram com carinho do vendedor. “A maionese dele era a melhor que já comi”, se diverte Wanessa Chaves. Na época onde os hambúrgueres artesanais ainda não faziam sucesso, o Verá foi o pioneiro com um lanche onde o diferencial era a salada e a maionese caseira. “Minha salada tinha cenoura, beterraba e repolho, até quem não gostava de salada se rendia”, diz.

O sucesso maior era com a juventude que não saía da praça, principal ‘point’ da cidade em desenvolvimento. “A Vila ainda estava longe de ser uma cidade badalada e os dois pontos mais frequentados eram a praça e o Cabana Clube”, relembra Wanessa.

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O vendedor conta histórias que marcaram sua experiência com o sucesso na venda de lanches. “Tinha uma cliente policial que costumava trazer todos os seus amigos da Rotam pra lanchar na minha venda, quando isso acontecia chamava a atenção de todos na praça”, relembra.

O vendedor informal deu início ao negócio com lanches na Vila, após um período de 12 anos no Rio de Janeiro. Averaldo conta que retornou para Barcarena com o objetivo de se empregar nas Fábricas, mas após um ano na tentativa de conseguir um emprego fixo, ele optou pela informalidade com o carrinho de lanche.

No auge do empreendimento o senhor Averaldo conta que vendia até 650 lanches por noite. “O lanche que mais pediam era o Brunas, que tinha carne, queijo, ovo, salsicha e presunto”, descreve o informal sobre o lanche que era uma homenagem à filha.

Com o sucesso dos lanches, o vendedor informal conseguiu construir uma casa, que mais tarde daria para sua filha. E lembra com carinho da época da atividade. “Meus clientes mais jovens eram muito legais e até hoje tenho amigos daquela época”, lembra.

Sem concorrência, o trabalhador informal permaneceu na praça por 13 anos, no período de 1995 a 2008. “No início foi tudo muito bom, mas com o tempo as coisas mudaram”, contou. Em 2009 o vendedor migrou para a nova praça de alimentação, onde no início também foi bom, mas em 2018 decidiu aceitar a proposta de mudar de ramo e ir para o jogo do bicho.

Atualmente, Averaldo Costa pode ser encontrado em um novo endereço, na rua dos bancos, ao lado do banco Itaú, onde faz os jogos do bicho. “No jogo do bicho eu ganho de 3 a 4 vezes mais do que estava ganhando com a venda de lanche”, explica. Sem família na cidade, o vendedor cumpre o seu expediente de 8h às 19h.

O vendedor não pensa em retornar para o ramo da alimentação e deseja curtir sua aposentadoria na cidade onde trabalhou a maior parte da sua vida. “Aqui sou feliz, vendendo lanche ou fazendo jogo do bicho”, finaliza o vendedor.