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Crianças desaparecidas: casos 'Elisa', 'Lucas Gabriel' e Isabela' ainda são um mistério no Pará

Famílias vivem na esperança pelo reencontro

O Liberal
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O desaparecimento da menina Elisa Ladeira Rodrigues, de 2 anos, há quatro meses, no Marajó, é um dos casos mais recentes envolvendo o sumiço de crianças no Estado e continua gerando muita comoção sempre que há um novo desdobramento. Mas, além desse, existem outras ocorrências. De acordo com a edição mais recente do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2023, que traz dados referentes a 2022, o Pará registrou 14,4 desaparecimentos a cada 100 mil habitantes naquele ano – o que representa, em números totais, 1.168,72 casos (o anuário não especifica as vítimas entre crianças e adultos). Muitas dessas histórias, como as de Elisa, continuam sem solução, o que causa angústia em mães e pais que não possuem nenhuma informação sobre o paradeiro de seus filhos.

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A foto da Menina Elisa foi muito compartilhada nas redes sociais por pessoas que tentavam ajudar nas buscas, após a notícia do desaparecimento da criança. Ela foi vista pela última vez quando brincava, na comunidade do Zinco, no município de Anajás, no dia 16 de setembro, e a informação sobre o sumiço sensibilizou todo o Pará.

Entre os vários desdobramentos, a pista mais recente é uma foto que foi enviada em um grupo criado no Whatsapp para encontrar Elisa. A imagem, que chegou até a família da menina, mostra uma criança que é apontada como sendo Elisa. As informações são de que ela estaria no município Barra do Corda, no Maranhão. Os familiares acreditam que é Elisa. Desde então, teve início uma nova fase de investigações, mas dessa vez direcionada à descobrir mais detalhes sobre a menina da foto.

image Elisa Rodrigues, de 2 anos, desapareceu em Anajás, no Marajó, dia 16 de setembro do ano passado. (Arquivo Pessoal)

Em entrevista com a Redação Integrada de O Liberal, a avó de Elisa, dona Elizete Cordeiro, relata ter esperanças de que a neta seja encontrada. “A gente ainda não tem informação nenhuma por enquanto. Mas nós confirmamos que é. Essa criança é a minha neta sim. A gente tá esperando porque a outra avó dela tá em Belém resolvendo essas coisas [investigações] com a Polícia”, disse a familiar.

As Polícias Civil do Pará (PCPA) e do Maranhão (PC-MA) começaram as investigações para verificar se a criança procurada no Anajás, é a mesma da fotografia recebida pelos parentes. No entanto, a PC-MA informou à redação integrada de O Liberal, que “não há nenhum registro” em delegacias da região que comprove a localização de Elisa. Apesar do relato, os familiares ainda mantêm esperança de encontrar a menina com vida.

Falta de corpos ainda é angústia para famílias de Marabá

A angústia da dona de casa Leiane Ribeiro já passa dos sete meses. Desde que o filho Lucas Gabriel de apenas 6 anos de idade desapareceu nas águas do Rio Tocantins, em Marabá, sudeste do Estado. “É difícil demais, porque passam mil coisas pela minha cabeça. Do dia do acidente para cá, não teve um só dia em que eu não lembrasse do que eu vi. Dói demais”, lamenta a mãe.

O que parecia ser mais um domingo comum na vida da família terminou em tragédia na tarde do dia 28 de maio de 2023. Leiane aproveitou o dia de férias para ir com o marido e os dois filhos para uma chácara, no núcleo São Félix. Lucas era o mais velho e tomava banho de rio com o pai quando um amigo da família, conhecido pelo apelido de ‘Chokito’, resolveu ir buscar uma moto aquática para passear no rio. Lucas chegou a pedir para passear no veículo, mas a mãe negou. Já no final da tarde, Leiane cuidava do filho menor quando Lucas e outras duas crianças foram levadas por ‘Chokito’ na moto aquática. “Por um momento, virei de costas e quando olhei de novo para o rio, todos já tinham caído na água. O ‘jet ski’ já estava passando sem ninguém em cima. Foi aí que eu comecei a gritar, todo mundo começou a pedir socorro”, relembra. Leiane conta que chegou a ver o homem e as três crianças sendo levadas pela correnteza, mas a uma distância considerável da margem do rio. “Só quando um barqueiro foi até lá que ele conseguiu ajudar duas crianças, mas o Lucas e esse amigo do meu marido sumiram na água”.

image Leiane Ribeiro (Imagem: TAY MARQUIORO)

O corpo de Chokito foi encontrado no dia seguinte ao acidente já por equipes do Corpo de Bombeiros. No entanto, Lucas Gabriel segue desaparecido. À família, o que resta é lembrar da criança em vida. “O Lucas era um menino alegre, brincalhão, uma criança obediente, gostava de jogar bola, andar de bicicleta. Ele era a alegria dessa rua, brincava por toda a vizinhança. Essa rua ficou triste sem ele”.

Caso Isabela

A dor de Leiane pode ser compara a de Ademar Mendes, pai da menina Isabela, que também está desaparecida. “Faz mais de um ano e meio que ela foi vista pela última vez. E, infelizmente, todo esse tempo eu venho convivendo com essa dor. Me sinto muito triste porque não tem informação nenhuma, a gente não sabe o que aconteceu, não sabe onde está, se está morta…”, conta o pai. A menina tinha 11 anos quando foi vista pela última vez em maio de 2022. Ela vivia com a mãe Gleiciane Lima e o padrasto Eliezer Amaral em um imóvel alugado no núcleo Nova Marabá. As buscas por Isabela começaram na manhã do dia 11 de maio de 2022, quando o corpo de Gleiciane foi encontrado, já em estado de decomposição, dentro da residência onde a família vivia.

Os colegas de trabalho de Eliezer, que era técnico eleitoral, desconfiaram da ausência dele nos últimos dias e foram até o endereço, onde sentiram um forte odor exalando da casa. Ao entrarem no local, identificaram o cadáver de Gleiciane, enrolado em diversos lençóis e toalhas, e acionaram as autoridades. Horas depois, Eliezer se atirou sob um caminhão no bairro Quilômetro 6 e morreu no local. Segundo informações obtidas pela vizinhança na época do ocorrido, já não se via movimento na residência há pelo menos três dias.

Ambos os casos continuam sendo um mistério para as autoridades com uma semelhança: nos dois, a culpa pelo sumiço dos pequenos foi atribuída a adultos que morreram. No acidente envolvendo o menino Lucas Gabriel, a circunstância da morte do garoto está esclarecida. “É uma criança, um corpo de porte pequeno, pode ter se prender a um galho, alguma pedra no fundo do rio e torna quase impossível que essas buscas tenham êxito. Nesse caso, tbm não deixa de ser um ato criminoso, onde o adulto, que infelizmente faleceu no incidente, foi responsabilizado”, explica o delegado Vinícius Cardoso das Neves, Superintendente Regional de Polícia Civil. “Isso não é completamente atípico em casos de desaparecimento em rios”.

Já no caso do desaparecimento da pequena Isabela, o trabalho de investigação precisou ser mais minucioso. Apesar das tentativas da polícia, nenhum sinal de violência praticada contra a menina foi encontrado. “A peculiaridade desse caso é que foi lançado luminol (composto químico que reage com sangue) no veículo do Eliezer, na casa da família, no quarto da Isabela, no hotel onde o Eliezer se hospedou após o crime, e não foram encontrados vestígios de sangue da criança”, detalha o delegado.

A investigação também analisou os dados dos celulares de Eleizer, de Gleiciane e de Isabela e descobriu um deslocamento atípico do técnico eleitoral para uma área de mata, na zona rural do município. “Fizemos uma verdadeira varredura. Acionamos mergulhadores para fazer as buscas em uma lagoa que tem nessa localidade, usamos cavalos para adentrar em uma região de difícil acesso, mobilizamos Exército, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal para auxiliar na procura pela menina. Estivemos nessa área duas vezes e fomos frustrados, não encontramos nenhum vestígio da Isabela”, lamenta Vinícius.

image Delegado Vinícius Cardoso das Neves (Imagem: TAY MARQUIORO)

O delegado afirma ainda que, diante da falta de novos elementos que justifiquem a continuidade das investigações, o inquérito foi encerrado. “O caso já seguiu para o judiciário. Com os elementos colhidos na investigação, foi atribuída a autoria do feminicídio ao Eliezer, à quem foi atribuída também a responsabilidade pelo desaparecimento da Isabela. Embora o corpo não tenha sido encontrado, tudo leva a crer que a Isabela tenha sido assassinada, a exemplo da mãe”.

Como ajudar

Para saber como lidar e proceder nesses casos, a Polícia Civil do Pará aponta os passos a serem seguidos por pessoas com familiares desaparecidos.

Após o desaparecimento de uma pessoa, principalmente quando se trata de uma criança, cada minuto passa a ser muito importante para a busca. A Polícia Civil faz algumas orientações às famílias de desaparecidos sobre o modo que devem proceder. A primeira ação destacada é fazer o registro na delegacia, para que as buscas iniciem imediatamente.

“Depois do registro do Boletim de Ocorrência Policial (B.O) é realizado o levantamento das informações relevantes para dar início às buscas. Equipes da Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data), vinculada à Diretoria de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAV), inicia as buscas, inicialmente em hospitais, centro de perícia, órgãos de trânsito, escola, hotéis, familiares e amigos, além da divulgação do menor desaparecido para veiculação na mídia”, explicou a PC, por meio de nota enviada à Redação Integrada de O Liberal.

Além disso, o comunicado é enviado para as demais forças de segurança do Estado, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual, além da Infraero, portos e Terminal Rodoviário, para que seja realizado um trabalho integrado. O B.O. pode ser feito em qualquer delegacia.

“Os responsáveis devem procurar uma unidade policial mais próxima, fornecendo o maior número de detalhes possíveis para auxiliar nas buscas, como: fotos, redes sociais, vestimentas que usava quando desapareceu, escola em que estudava, amigos mais próximos, telefone que usava, dentre outras informações”, instrui a Polícia Civil.

Sobre o período relacionado às buscas, a força de segurança assegura aos familiares que a procura da criança ocorre por tempo indeterminado, mesmo com a possibilidade da morte envolvendo as circunstâncias do desaparecimento. “A PC afirma que as buscas pela criança ou adolescente desaparecido permanecem até que esta seja encontrada, com atualização frequente do caso, não havendo um lapso temporal estabelecido. Cada caso é analisado separadamente”, finaliza.

Para divulgar desaparecimentos

Para divulgar casos de pessoas desaparecidas nos canais de comunicação do Grupo Liberal basta entrar em contato (Instagram, Facebook ou pelo Whatsapp (91 8565-7449). Qualquer outra informação também pode ser repassada à Polícia Civil, pelo número 181.

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