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Crianças curadas de doenças graves celebram a vida em 2023

Davi Mendes comemora a recuperação contra um câncer e Laura Trindade a superação de uma doença congênita rara

Camila Guimarães

Saúde é um dos pedidos mais frequentes em listas de desejos de Ano Novo, momento em que muitos reúnem expectativas para viver um novo ciclo que está prestes a iniciar. No entanto, para pessoas que obtiveram a cura de doenças graves em 2022, o desejo foi realizado antecipadamente e, hoje, a expectativa para 2023 é a pela oportunidade de desfrutar da saúde renovada. No Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, referência no tratamento de câncer no estado, por exemplo, pelo menos 30 pacientes tocaram o ‘sino da vitória’, comemorando a cura após mais de cinco anos sem o retorno da doença.

De modo semelhante, o pequeno Davi Mendes, de 11 anos, e de Laura Trindade, de 2 anos também tiveram razões para comemorar. Ambos enfrentaram doenças graves, passaram por procedimentos de risco e, agora, se recuperam com as esperanças renovadas para um 2023 muito mais feliz.

image A pequena Laura uma doença rara. Após uma campanha para realizar a cirurgia, Stephanie, a mãe da menina, celebra a alegria de estar com a filha bem e cheia de vida (Tarso Sarraf / O Liberal)

Doença rara

Laura Trindade, atualmente com dois anos e dois meses de vida, também passa o réveillon celebrando a saúde depois de enfrentar uma doença congênita rara chamada craniossinostose, que acontece em uma criança a cada 2.000 ou 3.000 nascimentos. Caracterizada pelo fechamento precoce dos ossos do crânio, a doença resulta em deformidades no formato da cabeça e aumento na pressão intracraniana, ocasionando problemas neurológicos, cognitivos, neuromotores e até a perda da visão. Apesar do pouco tempo de vida, seu caso foi diagnosticado tardiamente, o que deu um grande susto na família:

“Era para ter sido uma cirurgia feita nos primeiros meses de vida, mas ela já estava com um ano e cinco meses quando descobrimos que ela precisava operar. Nós descobrimos a doença depois que levei a Laura em uma consulta de emergência e a médica desconfiou que havia algo de errado com a cabeça dela e nos encaminhou para um neuropediatra”, conta Stephanie Trindade, mãe de Laura.

Stephanie comenta que achava estranho o formato alongado da cabeça da filha desde que ela nasceu, mas os médicos com quem ela se consultava nunca levantaram questões sobre isso, o que fez a família descobrir o problema só mais tarde. Ela conta que Laura demonstrava sentir fortes dores de cabeça, sempre pegando no local e chorando muito ao acordar. Desde o diagnóstico, Stephanie e a família iniciaram uma campanha para arrecadar recursos para o tratamento de alto custo da menina.

“Decidimos começar uma campanha para arrecadar dinheiro para a cirurgia dela, que custava 120 mil reais. Não tínhamos condições de fazer essa cirurgia. Com isso, muitas pessoas foram conhecendo a história dela, até mesmo por meio da matéria que fizemos com O Liberal. Muitas pessoas conheceram o caso dela e algumas nos ajudaram até que nós conseguimos fazer a cirurgia dela pela rede pública, na Santa Casa, onde os médicos foram maravilhosos. Agora, o dinheiro levantado está sendo usado no pós-cirúrgico”.

Laura se operou no dia 8 de dezembro. Foi uma cirurgia de cerca de quatro horas de duração. Agora, ela tem uma nova chance para se recuperar e ter um desenvolvimento saudável. Stephanie conta que Laura ainda vai passar por várias terapias e um acompanhamento longo, até os sete anos de idade, mas a resposta positiva à cirurgia já é percebida desde agora.

"A Laura já não toca mais na cabeça, já dorme a noite toda, não acorda mais chorando e, com o tempo, a gente vai vendo outras melhoras. Hoje, estou vivendo em estado de graça e gratidão a Deus, primeiramente, e à equipe médica, que foi maravilhosa o tempo todo. Agradeço a todas as rezas feitas, correntes de orações e mensagens de amor e carinho desde o começo da campanha até o momento da realização da cirurgia. Que a história da Laura seja luz na vida de outras famílias que passam por esse processo doloroso”.

image Carol celebra a vida de Davi, que após um transplante de medula, venceu a leucemia e agora terá uma vida de alegria pela frente (Thiago Gomes / O Liberal)

Câncer

Davi Mendes se recupera de um câncer após transplante de medula óssea. Diagnosticado em novembro de 2017 com leucemia – doença que provoca o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais – ele passou por intensos altos e baixos antes mesmo de compreender o que estava acontecendo:

“No início foi muito difícil. Mas como eu era criança, eu não entendia direito. Eu via que as pessoas ao meu redor estavam tristes, então eu sabia que era algo ruim. Quando eu fui entendendo, eu tive medo de partir e abandonar a mamãe e o papai. Na hora do tratamento, eu não sentia nada, só dor, e ficava triste, ficava para baixo”, descreve Davi.

A mãe do menino, a autônoma Carol Mendes, conta que descobriu a doença do filho em um exame de rotina. À época, ele começou a aparentar cansaço e a apresentar algumas manchas roxas nas pernas – algo que poderia ser comum, resultado de brincadeiras e quedas. Porém, depois de sucessivos exames, a doença foi diagnosticada.

“Quando foi em novembro de 2017, a gente fez exames, porque o Davi estava se sentindo muito fraquinho, a gente achava que podia ser anemia ou alguma alergia. Tivemos que fazer várias vezes, porque o resultado sempre dava alterado, até que ele teve o diagnóstico”, relembra Carol.

Depois de detectada a leucemia, Davi iniciou o tratamento – um dos momentos mais difíceis na vida da família, uma vez que toda a rotina da criança foi alterada e outras complicações apareceram no caminho, inclusive a perda de funções motoras.

“Tudo que não era para acontecer com Davi, aconteceu. Em 2018, ele pegou uma bactéria que fez feridas no corpo dele, danificou parte da coluna e ele ficou sem andar, internado por seis meses. Também deram algumas bolas de pus pelo corpo dele, foi horrível! Ele também era muito alérgico, teve uma parada cardíaca e quase morreu por causa disso. Em 2020, a doença voltou, fazendo com que aparecessem vários tumores no corpo dele, sendo que um deles fez ele ficar novamente sem andar - foram sete meses de cadeira de rodas, usando fralda, sem sentir nada da cintura para baixo”.

No primeiro ano de pandemia, Carol conta que Davi e a família enfrentaram muita dificuldade, até que a chance de um transplante de medula surgiu, em novembro de 2020, trazendo esperança novamente.

"Ele fez tratamento e se preparou para o transplante. No dia 10 de abril de 2021, fomos para Curitiba. No dia 18, ele foi internado e, no dia 29, recebeu o transplante. Ficou em Curitiba fazendo tratamento e acompanhamento. E, no dia 20 de agosto, voltamos para Belém”, conta Carol. Davi também lembra do que sentiu naquela época:

“Eu fiquei com medo porque a gente ia viajar e ficar um tempo longe de casa. Então, eu chorei muito. Fiquei até com ansiedade, não conseguia dormir, tinha crises algumas vezes, uns surtos. Eu não queria viajar, mas era obrigação. Mas depois que eu fiz tudo, passou e estou normal”.

Em 2022, Davi comemorou um ano do transplante de medula óssea com um buzinaço do bairro do Marex até São Brás, promovido pelo avô do menino, que decorou o próprio veículo com uma faixa escrito “Buzine. Hoje faz 1 ano que fiz transplante de medula”. A mãe do menino explica que, apesar do transplante bem sucedido, leva um tempo - cerca de cinco anos - até que os médicos possam atestar a cura total do câncer, por isso, a família deseja comemorar cada período da recuperação.

“Como nós estamos com um ano e sete meses do transplante, ele ainda precisa ir a Curitiba de seis em seis meses para fazer vários check-ups e exames. Com cinco anos, se Deus quiser, não aparecendo nada, ele vai ser considerado curado”.

Desde agora, Davi já celebra as conquistas alcançadas e a chance de voltar a fazer várias pequenas-grandes coisas que não podia nos momentos mais intensos da doença, inclusive voltar a estudar:

“Eu me sinto livre, me sinto feliz! No início eu não podia fazer muita coisa, não podia ir para a piscina, tomar banho de chuva, comer camarão nem caranguejo. Tinha muitas coisas que eram proibidas, que eu nem me lembro. Mas, agora, eu já posso quase uns 100%, sou liberado para muitas coisas. Meus planos são voltar a estudar e ter uma vida normal, como uma criança normal. Eu estou tendo aula de reforço e talvez eu volte a estudar em fevereiro!”.

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