CPT tem reunião no MPF e não fala sobre mortes para proteger ameaçados
Reunião foi marcada com Promotoria de Conflitos Fundiários do Ministério Público Federal
Reunião foi marcada com Promotoria de Conflitos Fundiários do Ministério Público Federal
Mesmo preocupada com o clima de violência que voltou a atingir o campo nesses últimos dias, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) decidiu que, por enquanto, não vai se manifestar ainda sobre os assassinatos de trabalhadores rurais, ocorridos este sábado, em Rurópolis, no sudoeste do Pará, e também na última quinta-feira (13), em Santa Bárbara, na Grande Belém. A decisão foi anunciada "em respeito às famílias" e também para proteger lideranças e outros familiares que seguem sendo ameaçados de morte pelos contextos de violência fundiária no Pará.
Segundo afirma o padre Paulo Joanil da Silva, coordenador da Regional Pará da CPT, a entidade avalia que o período que antecedeu as eleições presidenciais e também agora, com a definição dos novos governantes, motivou um agravamento das ameaças e conflitos.
Leia mais:
Agricultor é assassinado na frente da família
Pará tem um assassinato no campo a cada 15 dias
Conflitos por terras atingiram 11,8 mil famílias no Pará
Líder rural é morto a tiros em Rurópolis
“A equipe da CPT que trabalha com os trabalhadores rurais em Rurópolis e Novo Progresso está extremamente preocupada com o clima da violência. As famílias não querem falar, sentem medo e pedem para ninguém falar sobre elas, porque isso pode colocar em maior risco a vida delas. Por isso, a CPT não tem a liberdade de falar por elas e entende que deve respeitar a situação das famílias”, disse o padre.
Mas, ainda de acordo com o coordenador da CPT - Regional Pará, é possível que a CPT e demais entidades se manifestem sobre o assunto a partir do início da semana que vem, depois de reunião que haverá com a Promotoria de Conflitos Fundiários do Ministério Público Federal, em Santarém, oeste do Pará.
“No início da semana que vem, a equipe da CPT e outras lideranças vão se encontrar com Promotora de Conflitos Fundiários da região, no MPF de Santarém, que tem sido muito sensível à sensação de violência na região de Itaituba, Rurópolis e outras. Após essa audiência, a CPT, em concordância com as famílias e lideranças ameaçadas de morte juntamente com outras entidades, vamos nos pronunciar. Mas antes disso, por cautela e respeito à decisão das lideranças, não falemos em nome deles”, afirmou o padre Paulinho.