Cavalos abandonados pelas ruas de Castanhal apresentam riscos ao trânsito no município
Não é de hoje que animais de grande porte abandonados e doentes são vistos circulando pelas ruas

Uma cena muito triste foi registrada por populares no bairro do Jaderlândia, em Castanhal, no dia 14 de outubro. Se tratava de um burro vagando pelas ruas do bairro, passado entre os carros e ônibus. As imagens foram compartilhadas nas redes sociais e as pessoas pediam apoio aos órgãos competentes. E no final do dia uma outra imagem também viralizou, mas desta vez foi a do burrinho morto.
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“Ele se deitou ai no chão depois de andar o dia todo e estava com as patas feridas. A gente pensou que ele estava dormindo, mas estava morto. Ninguém sabe de quem era ele, mas ele deve ter sido abandonado pelo dono porque estava doente e não prestava mais para o trabalho”, contou o seu Oswaldo Carneiro, morador do bairro.
Não é de hoje que animais de grande porte são vistos circulando em algumas ruas do município. Neste caso o animal foi abandonado e morreu, causando revolta em quem presenciou, mas está se tornado corriqueiro ver cavalos, burros e até gados circulando em ruas movimentadas como a avenida Brasil, travessas Osaco e Kazuma Oyama.
Em maio deste ano um acidente envolvendo um cavalo e uma motociclista quase termina em tragédia, na travessa Kazuma Oyama, no bairro Novo Estrela. A vítima trafegava no sentido centro quando um cavalo saiu correndo e atravessou a pista, colidindo com a condutora da moto. O impacto foi grande, mas, felizmente, a motociclista e o cavalo não tiveram ferimentos graves.
Para o motorista de aplicativo Carlos Alberto de Lima a situação está ficando difícil. “Principalmente quando a gente circula em bairros como no Fonte Boa, Jaderlândia e Imperador. Temos que tomar muito cuidado porque são áreas onde mais se vê animais andando na pista sem ninguém ou pastando na frente das casas ou tem terreno baldio. A qualquer momento um animal desses pode se jogar na frente no carro. E de quem é a responsabilidade?”, questionou.
Em casos de animais soltos a população pode fazer a denúncia para a Semutran - Secretaria Municipal de Transporte, como explica a médica veterinária do órgão, Bruna Araújo. “A demanda é muito grande e temos algumas situações diferentes envolvendo animais de grande e médio porte no município. Nós agimos de acordo com a lei municipal 038/2018 e que teve uma modificação em 2022 e de acordo com ela, a partir do momento que retiramos o animal da rua, nós fazemos o recolhimento e trazemos para o Centro de Zoonoses. A denúncia pode ser feita para a Semutran. Quando se trata de maus tratos a denúncia também pode ser feita à Secretaria de Meio Ambiente. Nós vamos até esse animal juntamente com o veterinário da Semma para retirar e trazer para o Zoonoses”, explicou.
A partir do momento que o animal é levado para o Centro de Zoonoses o proprietário tem sete dias para retirar o animal sem pagamento de multa e se for reincidente para a multa que custa em torno de 150 reais. “Caso passe desse prazo de sete dias o animal passa a ser de propriedade do município e é colocado para a adoção, e em caso de animais resgatados por maus tratos é aberto um processo de investigação e o animal fica aqui ou pode ser encaminhado para um lar temporário”, disse.
Para a veterinária a criação desses animais fora do ambiente adequado é algo cultural de parte da população de Castanhal. “Eles criam os cavalos como se fossem pet, ou seja, como se fossem cães ou gatos. Tem gente que cria no próprio terreno onde mora. E não pode. Esse também é um trabalho de conscientização que fazemos com esses tutores. Os animais acabam se se soltando e começa a vagar pela rua. Os cavalos andam muito e começam a se distanciar do local e quando se assustam correm e isso coloca em risco a vida dele e de quem passa por perto”, explicou Bruna Araújo.
Criação desordenada
Segundo a médica veterinária um outro fator que incentiva a criação desses animais de grande porte em Castanhal são as cavalgadas. “Quando se próxima da data da Expofac começam os eventos de cavalgada e os donos participam”, contou.
O trabalhador autônomo Paulo Antônio Silva teve a égua e a potrinha resgatadas da rua no dia 12 de outubro. Mãe e filha foram encontradas correndo na PA 320, no bairro do Imperador, saída de Castanhal em direção ao município de São Francisco do Pará. O tutor contou que não é criador de cavalos, mas cria por hobby. “Elas devem ter encontrado o portão aberto e fugiram. Estavam num terreno perto de casa. Eu estava preocupado e procurando por elas e foi então que eu passei aqui na frente do Zoonoses e vi elas. Lá em casa somos apaixonados por elas e são a alegria dos meus filhos e até comprei a cela para montar. Eu troquei essa égua numa dívida de 800 reais”, contou.
“Esse resgate foi um dos mais trabalhosos que já fizemos. Elas corriam muito e estavam muito assustadas, mas deu tudo certo”, contou a média veterinária.
Ministério Público vai atuar
De acordo com promotora de justiça, Cristina Colares, do 6° Cargo de Promotoria de Justiça Civil de Defesa Comunitária e Cidadania de Castanhal com abrangência em meio ambiente e causa animal, está sendo instaurado um procedimento administrativo para fazer um levantamento da situação dos animais de grande porte criados de maneira irregular no município.
“Esse levantamento será junto com os outros órgão que também tem interesse na causa para poder fazer um trabalho preventivo e retirar esses animais que estão em situação de abandono e identificando os donos desses animais e também conscientizar a esses tutores para que não os deixem abandonados, até porque abandono e maus tratos é crime. E isso não pode ocorrer”, explicou.
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