Carnaval de Vigia: ‘virgienses’ e ‘cabraçurdos’ voltam às ruas após dois anos sem folia
Os dois blocos tradicionais do carnaval do nordeste paraense desfilaram nesta segunda-feira (20); confira as galerias com fotos da folia em Vigia
Os dois blocos tradicionais do carnaval do nordeste paraense desfilaram nesta segunda-feira (20); confira as galerias com fotos da folia em Vigia
O tradicional Carnaval de Vigia de Nazaré, município localizado no nordeste paraense, voltou às ruas da cidade nesta segunda-feira (20), após dois anos de pandemia de covid-19. O evento carnavalesco, que está entre os maiores do Estado, é marcado pela irreverência dos foliões que participam dos blocos “as virgienses” e "os cabraçurdos”, que desfilaram pela avenida Dr Marciolino Alves. No primeiro, e mais antigo, os homens se vestem com roupas e adereços femininos, enquanto no segundo, as mulheres usam vestimentas e acessórios masculinos.
Pedro Palheta, 37 anos, representante do bloco “as virgienses”, conta que tudo começou em 1985, como uma brincadeira entre amigos, quando ficou decidido que os brincantes que iriam pular o Carnaval na segunda-feira gorda estivessem fantasiados com trajes femininos. O ponto de encontro foi a rua de Nazaré com a avenida Marciolino Alves, que se manteve até os dias atuais.
“Há 38 anos um grupo de amigos se reuniu aqui na rua de Nazaré para pular o carnaval na segunda-feira. Eles estavam ‘tomando uma’, como se diz, e resolveram usar as roupas das mulheres para festejar. ‘É muito bom estar de volta’ é o nosso lema deste ano porque realmente é uma alegria imensa estar aqui com um dos blocos mais antigos do carnaval de Vigia”, afirmou Pedro Palheta.
Fantasiados de Cleópatra, a rainha do Egito, Michel Almeida, 50 anos, e seus amigos estavam animados para participar do bloco “as virgienses” deste ano. O folião também comentou sobre o retorno da festividade no pós-pandemia: “É um sentimento de felicidade porque ficamos tanto tempo sem carnaval, que é a alegria do povo brasileiro e paraense”, disse o brincante.
Luiza Saldanha, 59 anos, habitante do município, estava fantasiada de jogador do Paysandu. Ela diz que participa do bloco “cabraçurdos” desde sua fundação. Para ela, participar da festa é uma forma de extravasar alegria. “A razão de vir aqui é apenas ser feliz e comemorar com meus amigos”, afirmou.
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O turismo local durante o carnaval movimenta a economia do município de Vigia de Nazaré. Nessa época, a cidade costuma receber cerca de 300 mil visitantes por ano. Em fevereiro, os lojistas aumentam o horário do expediente para além do funcionamento habitual, sobretudo aqueles que atuam no ramo das confecções, na esperança de vender adereços para quem deixou para comprar os itens da fantasia na última hora.
Ao longo de toda a avenida Marciolino Alves, vários moradores também aproveitam para garantir uma renda extra, seja com a comercialização de bebidas ou comidas típicas. Mas há ainda quem veio de outras cidades para faturar em Vigia, como é o caso da vendedora autônoma Marília Oliveira, 74 anos.
Ela veio de Belém, na quinta-feira (16), para vender máscaras, travessas e outros ítens de carnaval. Para Marília, os dois últimos anos sem carnaval por conta da pandemia de covid-19 foram muito difíceis, pois todos os anos a autônoma conta com a renda garantida com as vendas em fevereiro.
“Todos os anos eu venho pra cá, exceto na época do coronavírus que nos prejudicou muito. Sou vendedora ambulante e conto com a renda do carnaval de Vigia. Meu trabalho começa às 9h e não tem hora pra acabar”, disse a vendedora.
Por volta das 15h, motoristas e motociclistas que acessaram o município de Vigia de Nazaré, na tarde desta segunda-feira (20), foram abordados por agentes do Departamento Estadual de Trânsito do Pará (Detran), no pórtico da cidade, na PA-412, para fazer o exame de alcoolemia. No local, também havia a presença policiais militares para auxiliar na segurança de quem veio curtir um dos principais carnavais do Pará.
Terça-feira (21)
19h – Bloco Galo de Ouro – Bloco Tatu e CIA
21h – Bloco Vasilhas do Sol
00h – Bloco Canto do Galo