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Bullying: falar da violência é a melhor forma de combater o problema

Pandemia acendeu o alerta para a prática do bullying pela internet

Camila Guimarães
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De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), divulgados pelo IBGE em setembro do ano passado, 23% dos 188 mil estudantes entrevistados dizem ter sofrido bullying nas escolas. A sondagem ocorreu em 4.361 escolas de 1.288 municípios do país. Nesta quinta-feira (7), o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola chama atenção para a gravidade do problema e a importância de abrir a discussão.

De acordo com a psicóloga clínica, especialista em crianças e adolescentes, Rafaela Guedes, o silêncio é um dos principais problemas quando o assunto é bullying: “Existe uma questão social aí que diz que falar de sentimentos é frescura, mas na verdade é preciso falar sobre o que gera sofrimento, falar o que é bullying, porque quem sofre calado está mais propenso a se suicidar”, alerta.

Nesta quinta-feira (7), entre as escolas que vão promover ações e atividades de prevenção e combate ao bulyying está o colégio Marista. Uma cabine de fotos estará disponível para os alunos deixarem registrado o dia com seu colegas com o objetivo de estreitarem seus laços de amizade. O horário de intervalo será destinado à ação que acontece pela manhã, das 9h às 10h30 e à tarde das 15h às 15h30.

 

O que é bullying e quais as motivações

A Lei nº 13.185/2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, define o bullying como “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

Segundo a psicóloga Rafaela, é muito fácil distinguir o bullying de uma simples implicância ou brincadeira de mau gosto: “Quando os dois brincam, não é bullying. Tem que haver comum acordo com aquela prática ou brincadeira. Se o outro está sofrendo, já é bullying, independentemente do tempo que dure a ação”, afirma.

Do ponto de vista da motivação à violência, a psicóloga explica que é comum que o indivíduo pratique bullying por perceber, no outro, aspectos de si mesmo que rejeita ou reprime. “Geralmente o agressor vê na vítima algo que ele não aceita em si mesmo, semelhantemente com o mecanismo psicológico por trás da homofobia, por exemplo”.

Rafaela ressalta que, apesar de não ser uma regra, algumas vezes, o agressor de bullying também foi vítima. “Não é sempre, mas acontece. Às vezes o agressor na escola é vítima em casa, então sempre é preciso avaliar caso a acaso”. Além disso, a psicóloga pontua que a prática do bullying não necessariamente está ligada a algum transtorno ou psicopatia.

 

Suspensão de aulas presenciais na pandemia não diminuiu o problema

Ainda com base em dados da PeNSE, aproximadamente um em cada dez adolescentes já se sentiu ameaçado, ofendido e humilhado em redes sociais ou aplicativos. O dado é um indicativo da vulnerabilidade de crianças e jovens com relação ao bullying também na internet.

Na avaliação da psicóloga Rafaela, o cyberbullying chega a ser ainda mais grave que o bullying praticado presencialmente: “Porque quando não tem outro vendo, que é a sensação de estar por trás das telas, dá a falsa ideia de que eu posso fazer tudo e não há consequências. A violência fica ainda mais impessoal e o agressor se permite mais”.

 

Relação entre família e escola é fundamental para combater o problema

O bullying pode acontecer tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar. No entanto, quando acontece nas escolas, o envolvimento da família continua sendo essencial, como explica a orientadora pedagógica Thaiza Barros:

“A escola segue alguns critérios quando identifica casos de violência: o comunicado à família, a advertência, a suspensão e até mesmo o acionamento de outros órgãos competentes, dependendo do caso. Mas esse trabalho de orientação junto à família é fundamental”.

Thayza explica que, numa relação de violência, sempre existem pelo menos três envolvidos: o agressor, a vítima e um observador, que precisa estar atento para identificar e combater o bullying: “Para isso, é preciso haver informação, essa pessoa precisa entender que aquela conduta não é correta e procurar ajuda, e ajuda de um adulto, se for uma criança”.

Por isso, Thayza diz que a principal estratégia de combate nas escolas deve ser a informação. Ela lembra que já teve aluno que identificou que praticava bullying após uma palestra explicativa e decidiu mudar seu comportamento: “Muitos alunos acabam normalizando algumas práticas, por isso a educação é necessária para mudar essa realidade”.

 

Tipos de bullying

Físico: agressões físicas em geral.

Verbal: apelidos, xingamentos, provocações…

Material: danificar, furtar, atirar, esconder pertences etc.

Moral: difamar, intimidar, caluniar.

Cyberbullying: todo tipo de agressão por meio digital.

Fonte: Tua Saúde

 

Sinais de sofrimento da vítima

Mudanças bruscas de sono; hábito alimentar; humor;

Isolamento, dificuldade de relacionamento, fuga de contatos sociais;

Choro sem motivo; desmotivação; tristeza frequente;

Depressão; ansiedade.

Marcas físicas.

Fonte: psicóloga Rafaela Guedes

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