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Cidade no Pará entra no ranking de cidades que mais perderam superfície de água em 2022; lista

A maioria das bacias e regiões hidrográficas do país enfrenta tendência de perda de superfície de água

Camila Guimarães

O município de Chaves (PA), no Arquipélago do Marajó, é um dos que mais perderam superfície de água no Brasil, de acordo com o levantamento feito pelo MapBiomas - iniciativa que monitora as transformações na cobertura e no uso da terra no país. Chaves ocupa, atualmente, o 8º lugar no ranking nacional e é o único município paraense na lista, pelo menos até a 20ª colocação. A reportagem tentou contato com a prefeitura do município para comentar o quadro, mas não teve retorno.

Segundo o ranking, Chaves tem uma área total de 1.308.400 hectares, dos quais, 287.175 hectares são de água, correspondendo a 22% do seu território. Desde que o fenômeno vem sendo acompanhado pela pesquisa, há 37 anos, a média histórica de superfície de água do município tem sido de 296.765 hectares. Em comparação com o observado em 2022, a pesquisa percebeu uma diminuição de 3,2% dessa média (-9.590 hectares).

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"A tendência de perda de superfície de água foi notada na maioria das bacias e regiões hidrográficas do país. Quase três em cada quatro sub-bacias hidrográficas (71%) perderam superfície de água nas últimas três décadas. E mesmo com o aumento geral da superfície de água no país em 2022, um terço (33%) delas ficaram abaixo da média histórica no ano passado", diz a publicação da pesquisa pelo MapBiomas.

Ainda com base nos dados da pesquisa, entre os 10 municípios brasileiros com maior superfície de água do país, três deles são no Pará: Santarém, ocupando a segunda posição no ranking, com 375.134 de hectares de superfície de água (ha/água), o que corresponde a 21% do seu território; Chaves, em terceiro lugar, com 287.175 (ha/água), equivalente a 22% do território; e Afuá, em quinto lugar, com 278.913 (ha/água), correspondente a 33% do território.

Apesar da baixa registrada em Chaves, o Pará foi o segundo dos 20 estados brasileiros que registraram superfície de água em 2022 acima da média da série histórica, ficando atrás apenas do Amazonas. Dessa forma, o Pará se insere no cenário nacional que registrou aumento na superfície de água no ano passado:

"Dados do MapBiomas Água mostram que no ano passado a superfície de água no país ficou 1,5% acima da média da série histórica, que tem início em 1985, ocupando 18,22 milhões de hectares, ou 2% do território nacional", diz a pesquisa.

No entanto, o padrão do Brasil nos últimos 37 anos aponta mais para piora do que melhora nos índices gerais:

“Apesar do sinal de recuperação que 2022 representou, a série histórica aponta para uma tendência predominante de redução da superfície de água no Brasil”, alerta Carlos Souza, coordenador do mapeamento do MapBiomas. “Todos os anos mais secos da série histórica do MapBiomas ocorreram nesta e na última década. O intervalo entre 2013 e 2021 engloba os 10 anos com menor superfície de água, o que torna essa última década a mais crítica da série histórica”, destaca.

Segundo o pesquisador, são vários fatores que podem explicar a redução de superfície de água no Brasil nos últimos anos. “A dinâmica de uso da terra baseada na conversão da floresta para pecuária e agricultura interfere no aumento da temperatura local e muitas vezes altera cabeceiras de rios e de nascentes, podendo também levar ao assoreamento de rios e lagos. A construção de represas em fazendas para irrigação, bebedouro ao longo de rios diminui o fluxo hídrico; e, em maior escala, as grandes represas para produção de energia, com extensas superfícies de água sujeitas a processos de evapotranspiração que leva a perda de água para atmosfera”, diz.

20 municípios que mais perderam superfície de água em 2022

  1. Corumbá (MS) -259.684 ha
  2. Cáceres (MT) -173.207 ha
  3. Poconé (MT) -78.886 ha
  4. Aquidauana (MS) -50.890 ha
  5. Barão de melgaço (MT) -14.394 ha
  6. Pimenteiras do oeste (RO) -12.687 ha
  7. Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) -10.245 ha
  8. Chaves (PA) -9.590 ha
  9. Gaúcha do Norte (MT) -7.314 ha
  10. Alto Alegre dos Parecis (MS) -6.975 ha
  11. Querência (MT) -6.645 ha
  12. Alta Floresta D’Oeste (RO) -6.645 ha
  13. Porto Murtinho (MS) -5.933 ha
  14. Santa Vitória do Palmar (RS) -5.641 ha
  15. Cocalinho (MT) -5.506 ha
  16. Tapauá (AM) -5.345 ha
  17. Santo Antônio do Leverger (MT) -5.148 ha
  18. Amapá (AP) -4.904 ha
  19. Uiramutã (RR) -4.825 ha
  20. Formoso do Araguaia (TO) -4.209 ha


Ranking dos municípios com maior superfície de água (ha) em relação ao território (%)

  1. Bacelos (AM) 630.505 ha - 5%
  2. Santarém (PA) 375.134 ha - 21%
  3. Chaves (PA) 287.175 ha - 22%
  4. Lagoa Mirim (RS) 286.975 ha - 77%
  5. Afuá (PA) 278.913 ha - 33%
  6. Presidente Figueiredo (AM) 264.352 ha - 10%
  7. Coari (AM) 247.672 ha - 4%
  8. Parintins (AM) 224.468 ha - 38%
  9. Corumbá (MS) 220.277 ha - 3%
  10. Caracaraí (RR) 210.620 ha - 4%