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Ameaças e violência nas escolas precisam ser tratados com crianças de forma cautelosa; vídeo

Psicopedagoga e psicóloga infantil orientam a melhor maneira de tratar do assunto com os pequenos

Camila Guimarães

Ameaças e violências em escolas têm acontecido com assustadora frequência nas últimas semanas. Ainda nesta terça, 11, o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um canal exclusivo para recebimento de informações sobre esses ataques. O cenário caracteriza o assunto como uma conversa importante e inadiável entre pais e filhos, bem como entre educadores e estudantes - o que deve ser feito de forma adequada, diz a psicopedagoga Larissa Lagreca.

"Algumas vezes, com o intuito de proteger, os pais evitam falar dos perigos do mundo para as crianças, mas a gente tem que falar, só que sempre de acordo com a faixa etária", sinaliza a Larissa, que também é mãe e especialista em orientação de pais.

Larissa Lagreca explica que, dependendo da idade, a criança ainda não faz muito bem a distinção entre realidade e fantasia, por isso, é importante que pais e familiares, primeiramente, tentem filtrar os conteúdos relacionados à violência nas escolas aos quais essa criança pode ter acesso.

"A criança de 6-7 anos não tem muito a distinção de realidade e fantasia. Às vezes ela assiste algo na TV e quer trazer para a sua realidade. Os pais precisam ficar atentos principalmente aos telejornais para não causar medo quanto ao que aconteceu. Uma criança ouvindo 'o número de crianças morreram na escola', pode criar o medo de ir para escola e morrer", exemplifica.

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Nesses casos, a psicopedagoga orienta que, até os 7 anos de idade, seja evitado que os pequenos tenham acesso a conteúdos explícitos sobre os ataques em escolas, seja por meio de noticiários ou pela internet. "A partir de 8 anos, a criança já tem mais consciência, então, caso elas acabem consumindo algum conteúdo, os pais podem falar que uma pessoa violenta, agressiva, com problemas cometeu isso ou aquilo, mas falar com serenidade, calma, explicando o que aconteceu, para que não passe para a criança ansiedade e medo", orienta.

image A partir de 8 anos, crianças já começam a ter mais consciência sobre violência e agressividade, mas na prática não existe idade correta para começar a conversa sobre o assunto (Paula Sampaio / O Liberal / Arquivo / Imagem Ilustrativa)

É preciso educar sobre violência desde cedo

A psicopedagoga enfatiza que evitar que a criança tenha acesso aos conteúdos sobre os ataques em escolas não significa que não se deve conversar com elas sobre violência. Ao contrário, Larissa afirma que o assunto precisa ser tratado desde cedo.

"Não existe uma idade mínima para começar a falar sobre violência, até porque, atualmente, existem vários livros de educação infantil que tratam sobre as emoções, como a raiva, que geralmente é uma emoção que pode gerar violência. Ela precisa entender que, quando está com raiva, não pode machucar o colega, não pode jogar o que tem na frente, não pode machucar animais etc., para expressar essa raiva".

Tanto pais quanto educadores têm responsabilidade, diz a psicopedagoga. No ambiente escolar, oficinas, palestras, brincadeiras, dinâmicas e outros recursos pedagógicos podem ser utilizados. Em casa, diálogo e observação predominam.

"Todo mundo em volta da criança tem a obrigação de falar, tanto pais, quanto professores, avós etc. Um dos principais papéis da escola, por exemplo, é verificar a própria violência que às vezes a criança sofre em casa - o que geralmente reflete na escola, ficando mais depressiva, tendo algum déficit de aprendizagem ou reproduzindo a própria violência. Nas escolas, as crianças têm acesso a várias atividades para que elas se abram e expressem seus sentimentos. Em casa, os pais precisam ficar de olho no comportamento da criança e buscar dialogar sempre".

 

Violência gera danos no desenvolvimento do cérebro infantil

A psicóloga infantil Thaís Lobato alerta que o contato com violência pode gerar danos no desenvolvimento do cérebro infantil de maneira concreta, trazendo prejuízos para a vida da criança e do futuro adolescente e adulto:

"O cérebro da criança, perante uma violência, ativa o modo de sobrevivência, ativando vários neurotransmissores como a adrenalina e o cortisol, que são neurotransmissores de estresse. Ele fica em estado de alerta o tempo todo e isso vai ocasionando alguns danos cerebrais", explica.

Thaís acrescenta que, mesmo quando a criança é muito pequena, ainda não entendendo completamente o mundo ao seu redor, o seu cérebro é capaz de processar a violência e ativar os mesmos neurotransmissores, gerando sequelas que serão percebidas no futuro.

"A partir dos 5 anos, quando ela começa a tomar mais consciência da realidade e ter medos mais concretos - que não aqueles relacionados a fantasmas ou bicho-papão -, a criança começa a entender realmente o que é a violência na sociedade e começam a ter medos reais".

Por isso, Thaís também defende a necessidade de uma educação emocional e social sobre violência desde cedo: "As consequências da falta dessa educação é o que está acontecendo hoje, nas escolas: as crianças não estão preparadas para isso. Elas começam a ter ataques de pânico, um nível de ansiedade e estresse elevado e até desenvolver alguma depressão".

 

Dicas de como conversar com crianças sobre violência nas escolas

  • - Evitar que elas consumam conteúdos explícitos sobre os casos de violência
  • - Caso sejam expostas aos conteúdos, explicar de forma serena o que aconteceu
  • - Preparar as crianças desde cedo para entender o que é violência, como resultado da expressão equivocada de emoções
  • - Ensinar que raiva, angústia, medo, e outras emoções podem ser expressas sem causar dor ou mal às outras pessoas
  • - Explicar que existem várias formas de violência e nomeá-las (física, verbal, emocional, sexual)
  • - Adaptar a explicação às faixas etárias. Crianças menores compreendem melhor brincadeiras, jogos e histórias

Fonte: psicopedagoga Larissa Lagreca

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