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Alunos de Brejo Grande do Araguaia dividem salas de aula com morcegos

Escola Estadual Professor Lícia Solheiro apresenta uma série de problemas estruturais para atender a comunidade escolar. Alunos e professores são sacrificados no ambiente que seria de aprendizagem

Eduardo Rocha
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Alunos e docentes da Escola Estadual Professor Lício Solheiro, no município de Brejo Grande do Araguaia, no sudeste do Pará, há tempos aguardam por melhorias nas instalações para ter melhores condições de ensino e aprendizado. Na ausência das obras reivindicadas, a precariedade compromete os resultados e acaba gerando outras situações como a que vem ocorrendo na unidade de ensino. Estudantes e professores agora dividem espaço nas salas de aulas com morcegos, que passaram a se abrigar no forro da escola. A denúncia foi feita pela comunidade, que busca uma solução para os diversos problemas que afetam o funcionamento da escola.

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Estudantes reclamam que as salas de aula são muito quentes, o que dificulta a aprendizagem. Somente uma parte dos ventiladores funciona. E quando chega o período das chuvas, as salas costumam ficar inundadas pela ausência de paredes que consigam manter a água do lado de foral. 

Transtornos

Na Escola Lício Solheiro estudam 300 estudantes, mas o estabelecimento de ensino, que já funciona há 40 anos, apresenta inúmeros problemas como paredes com rachaduras, telhado deteriorado e espaços totalmente descaracterizados. Parte do muro da escola desabou, deixando à mostra uma estrutura improvisada com pedaços de madeira que não oferece a menor segurança à comunidade escolar.

Há quase 10 anos a escola não passa por reforma, segundo moradores da vizinhança. O espaço que deveria ser destinado a um laboratório de informática está tomado por entulho, sujeira e um ninho de morcegos, já que não existe forro. As fezes desses animais ficam espalhadas pelo chão. Nas salas, o piso está cheio de buracos e as carteiras são totalmente impróprias. Os únicos banheiros estão danificados. A escola já chegou a ser interditada pelo Corpo de Bombeiros e chegou a receber um reparo no telhado, mas os problemas continuam atormentando quem só tem nessa unidade escolar a possibilidade de manter os estudos.

Alerta

Segundo o ecólogo, Leonardo Carreira Trevelin, que também atua como doutor em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, os morcegos que se alojam no teto de uma sala de aula provavelmente não são aqueles que se alimentam de sangue. “O mais comum é encontrar animais insetívoros - que se alimentam de insetos - se abrigando em forros de construções humanas. Mas já foram registrados hematófagos (que se alimentam de sangue) também em construção humanas”, relata.

O especialista informa que para evitar que os morcegos ocupem os forros é importante transformar o ambiente para que não seja atrativo aos animais.

“Esses animais se abrigam em forros de construções humanas porque estas simulam condições semelhantes aos abrigos utilizados por eles na natureza: proteção contra a luz abundante, temperatura constante, abrigo contra predadores. Evitar que eles ocupem forros, envolve transformar o ambiente. Por exemplo, o uso de telhas translúcidas ou do dispositivo conhecido como lâmpada de Moser, baseado na refração da luz em uma garrafa pet”, explica Trevelin.

O pesquisador aponta que os morcegos não costumam atacar as pessoas. Mesmo os hematófagos, que comumente são envolvidos em incidentes devido ao hábito alimentar, durante a noite, quando as pessoas dormem. Mas podem transmitir doenças.
“As outras espécies, então, evitam a todo custo o contato com humanos. Agora são espécies conhecidamente portadoras de algumas zoonoses que podem representar riscos para humanos, mais notadamente a raiva. É importante que não entrem em contato com os animais, através da manipulação direta, especialmente se estiverem caídos ou com pouca mobilidade. É neste contato direto que existe o maior risco da contaminação por doenças”, alerta.

Além disso, o pesquisador destaca que não devem eliminar os morcegos. “Não funciona, se o ambiente seguir atrativo, novos indivíduos ocuparão o espaço. Causar uma mortalidade é desnecessário, pois as espécies têm um importante papel ecológico, mesmo em cidades. É importante que a prefeitura e os órgãos públicos competentes sejam acionados para lidar com a ocupação de um forro em escola e evitar ao máximo qualquer acidente, de maneira técnica e inteligente. Seguindo algumas destas ideias, vamos garantir a segurança de humanos, e dos morceguinhos, que são colaboradores de um meio ambiente saudável”, garante Leonardo Trevelin.

Cronograma

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que uma equipe de engenharia esteve na escola no mês passado e fez um levantamento das necessidades estruturais da unidade, que já consta no cronograma de obras emergenciais do órgão para a região. Segundo nota enviada à Redação Integrada O Liberal, a Seduc afirmou que a unidade, que atende apenas estudantes do ensino médio, será beneficiada com a primeira parcela do programa Dinheiro na Escola Paraense, no valor de R$ 47 mil. Os recursos deverão ser investidos em reformas e na aquisição de material pedagógico.

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