CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Universitário venezuelano diz: 'Regime de Maduro tenta esconder a situação'

Jovens compartilham das mesmas ânsias e dificuldades de viver em um país rico em recursos naturais e extremamente pobre em desenvolvimento social

Gustavo Freitas - Especial para O Liberal
fonte

Simon Bolívar leva o nome do revolucionário venezuelano que foi símbolo da luta pela independência sul-americana dos espanhóis, mas, diferente do seu homônimo, a história deste Simon é contra o governo do seu próprio país.

A história de Simon é a de muitos venezuelanos. Ingressou na Universidad Central de Venezuela (UCV), uma das maiores referências de ensino superior público no país, e lá conheceu outros jovens que compartilham das mesmas ânsias e dificuldades de viver em um país rico em recursos naturais e extremamente pobre em desenvolvimento social.

A UCV é uma universidade com tradição de ser uma voz dissidente contra regimes opressores, e já formou nomes históricos como Rómulo Betancourt, ex-presidente e um dos principais líderes da Venezuela no século XX. Hoje abriga, também, um movimento de venezuelanos que só querem ser ouvidos, mas não encontram espaço em um país que persegue o contraditório.

Em entrevista ao Grpo Liberal, Simon relatou a vida de muitos colegas na universidade: “os alunos têm que decidir se vão estudar ou trabalhar. Um professor universitário ganha um salário miserável e precisa abdicar da sua saúde, de seus bens e de uma vida melhor apenas por amor à profissão e por acreditarem na educação”, disse.

Alívio das sanções fez a economia venezuelana melhor em 2023

Graças a um alívio das sanções, a economia venezuelana conseguiu dar sinais de melhoras em 2023, o que permitiu ao governo venezuelano fazer investimentos em áreas cruciais para o país. A PDVSA, empresa estatal de petróleo, contribuiu com mais de 6 bilhões de dólares no ano passado, segundo Maduro.

Ainda assim, a Venezuela convive com mais de 185% de inflação e um cenário alarmante de pobreza generalizada. “Há comida nos supermercados, o cenário de prateleiras vazias mudou, mas o venezuelano médio precisa se reinventar, ter dois ou três empregos para conseguir comprar uma cesta básica. O regime de Maduro tenta esconder a situação com uma ajuda miserável, auxiliando com alimentos incapazes de sustentar uma família”, relatou.

Jovem integra partido de Maria Corina Machado

Simon também faz política partidária no Vente, partido de oposição que pertence a Maria Corina Machado, principal nome eleitoral na disputa contra Maduro. Recentemente, Corina Machado foi inabilitada pela justiça eleitoral e não poderá concorrer nas eleições presidenciais deste ano, uma decisão amplamente criticada pela comunidade internacional.

image Jovens universitários com Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana (Arquivo pessoal)

A inabilitação de Maria Corina Machado é um duro golpe ao Acordo de Barbados, assinado pelo governo e oposição no ano passado, que garantia a realização de eleições limpas e democráticas na Venezuela. “A inabilitação de Maria Corina Machado é uma decisão totalmente ilegal, ilegítima e meramente política. Todo o circo montado por esse regime não tem pé nem cabeça”, afirmou Simon Bolívar.

Ao relatar a repressão característica do regime de Nicolás Maduro, Simon afirma que a perseguição é totalmente distinta em relação a 2017 e 2019. “Maduro sabe que as pessoas estão cansadas de ir para as ruas protestar. Nós, jovens, estamos cansados de ver como nossos irmãos sucumbiram por nada. A alternativa agora é eleitoral, e por isso eles perseguem, encarceram e desaparecem com líderes políticos no país. Vivemos sob censura, nenhum meio de comunicação pode mostrar o que de fato acontece na Venezuela”, disse.

Discurso de Lula é criticado por oposição

Nesta semana, o presidente Lula fez críticas à oposição venezuelana, alegando que precisam “parar de chorar” e indicar outro nome para participar do processo eleitoral. A afirmação foi duramente criticada por Maria Corina Machado, que acusou o presidente brasileiro de validar os abusos de Maduro.

Em 2024, o regime de Nicolás Maduro já perseguiu mais de 36 opositores políticos, através da via eleitoral e o uso da força. O caso mais recente foi o de Rocío San Miguel, crítica dos militares venezuelanos, foi presa ao tentar deixar o país e ficou incomunicável por mais de 100 horas, prática adotada há anos por Maduro para pressioná-los através do medo.

O nível elevado de censura e pobreza transformou a Venezuela no segundo país com maior número de refugiados do mundo, segundo relatório da Agência das Nações Unidas para os refugiados(ACNUR), ficando a frente do Afeganistão. Em 2023, o Brasil se tornou o terceiro principal destino dos migrantes venezuelanos na América Latina, com uma população de mais de 500 mil pessoas.

Apesar da crise econômica e social, Simon afirma que não pensa em sair do país. “Só nós sabemos as dificuldades que temos passado, tenho muitos amigos que não tinham o que comer em casa e tiveram que arriscar a vida saindo do país, mas, pessoalmente, acredito que ainda podemos lutar e mudar a nossa realidade”, finalizou.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Mundo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MUNDO

MAIS LIDAS EM MUNDO