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Repressão violenta a protestos amplia revolta contra governo da Colômbia

Nesta terça-feira, 4, manifestantes tomaram novamente as ruas e montaram bloqueios em rodovias de Bogotá e Cali

Agencia Estado

A repressão aos protestos contra a reforma tributária na Colômbia agravou a revolta contra o presidente Iván Duque. Desde que a onda de manifestações começou, na semana passada, 20 pessoas já morreram e mais de 800 ficaram feridas. Como um rastilho de pólvora, o movimento ganhou caráter nacional, as reivindicações se ampliaram e agora incluem gritos contra a pobreza, o desemprego e a desigualdade.

Na terça-feira, 4, manifestantes tomaram novamente as ruas e montaram bloqueios em rodovias de Bogotá e Cali, a terceira cidade do país e a mais afetada pelos distúrbios. A reforma tributária, apresentada por Duque no dia 15 de abril, previa o aumento de impostos sobre serviços e mercadorias, incluindo a gasolina, e ampliava a base de contribuintes do imposto de renda. A oposição e os críticos do projeto acusaram o governo de sacrificar a classe média em plena pandemia.

Duque defende que uma reforma tributária é necessária para dar estabilidade fiscal, proteger os programas sociais e melhorar as condições de crescimento em razão dos efeitos da pandemia. O objetivo do governo é arrecadar cerca de US$ 6,3 bilhões (R$ 34,43 bilhões) entre 2022 e 2031.

Na segunda-feira, diante da pressão, o ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, renunciou ao cargo, alegando que "sua continuidade no governo dificultaria a construção de consensos necessários para levar a reforma adiante". Logo em seguida, o presidente colombiano retirou a proposta do Congresso, mas garantiu que apresentará um outro projeto em breve.

Duque vem definindo as manifestações como "terrorismo urbano de baixa intensidade". Segundo o jornal El Tiempo, a sistemática e a agressividade dos ataques levaram as autoridades a suspeitarem que existe infiltração de organizações criminosas nos protestos. O ministro da Defesa, Diego Molano, afirma que dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão por trás dos excessos em Cali.

À frente das manifestações, no entanto, estão sindicatos, líderes indígenas, organizações civis e estudantes, que exigem uma mudança de rumo do governo conservador de Duque. As mobilizações refletem também o desespero causado pela pandemia, que já matou mais de 75 mil colombianos e infectou quase 3 milhões de pessoas em uma população de 50 milhões de habitantes.

No ano passado, o PIB da Colômbia teve seu pior desempenho em meio século, caindo 6,8%. Em março, o desemprego subiu para 16,8% e quase metade da população vive hoje na informalidade e na pobreza, de acordo com dados oficiais.

O índice de rejeição a Duque chegou a 60%, de acordo com o instituto Gallup, o mais alto desde que ele assumiu o governo, em 2018. E a violência da repressão aos protestos não ajudou a melhorar seus números. A ONU condenou o "uso excessivo da força" na Colômbia.

"Estamos profundamente alarmados pelos acontecimentos em Cali", afirmou Marta Hurtado, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Os EUA recomendaram prudência ao governo colombiano. "Pedimos a máxima moderação às forças públicas para evitar mais perdas de vidas", afirmou Jalina Porter, porta-voz do Departamento de Estado. "Os cidadãos dos países democráticos têm um direito inquestionável de protestar pacificamente."

Até Shakira, uma das maiores estrelas da Colômbia, criticou a repressão violenta aos protestos. "É inaceitável que uma mãe perca seu único filho em razão da brutalidade, que outras 18 pessoas tiveram suas vidas tiradas em um protesto pacífico", escreveu a cantora em sua conta no Twitter.

Os protestos também afetaram o futebol. A Conmebol decidiu ontem suspender dois jogos da Copa Libertadores que seriam realizados na Colômbia esta semana. Independiente Santa Fe e River Plate, em Bogotá, e Atlético Nacional e Argentinos Juniors, em Medellín, serão jogados no Paraguai.

O Fluminense, que enfrenta hoje o Atlético Junior, em Barranquilla, embarcou ontem para a Colômbia sem saber se a partida será realizada. Uma das principais torcidas organizadas do clube colombiano emitiu uma nota pedindo a suspensão do jogo.

(Com agências internacionais)

 

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