Palmadas no filho afetam o desenvolvimento do cérebro, aponta estudo

Especialistas americanos descobriram que crianças que haviam levado tapas tinham respostas neurais alteradas

Redação Integrada com informações do Daily Mail
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Dar palmadas no filho pode afetar o desenvolvimento do cérebro, alterando as respostas neurais ao ambiente, alerta um novo estudo.

Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, investigaram os efeitos das palmadas, conhecidas como punições corporais, no cérebro de 147 crianças.

Eles descobriram que pode afetar o desenvolvimento do cérebro de uma criança de maneira semelhante a "formas mais graves de violência" e maus-tratos.

Crianças que levaram tapas tiveram uma resposta neural maior em várias regiões do córtex pré-frontal (PFC), inclusive em regiões que fazem parte do que é conhecido como “rede de saliência”.

Essas regiões respondem a sinais no ambiente que tendem a ter consequências, como uma ameaça, e podem afetar a tomada de decisões e o processamento de situações.

Bater é legal nos EUA, enquanto no Reino Unido, a Escócia proibiu completamente o castigo corporal de crianças em 2020. No Brasil, a prática também é proibida desde 2014, coma chamada Lei da Palmada.

“Castigo razoável”

Na Inglaterra, no entanto, uma defesa de “castigo razoável” permite que os pais batam legalmente em seus filhos, a menos que isso cause hematomas, arranhões, inchaços ou cortes menores.

Essa prática foi criticada porque significa que as crianças podem levar tapas se não deixarem evidências.

Isso pode significar que os pais visam áreas que não deixam marcas, como a cabeça, podendo causar ferimentos ainda mais graves que não são facilmente detectados.

Um porta-voz da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças disse: “Há evidências claras de que o castigo físico prejudica o bem-estar das crianças e está relacionado a resultados piores na infância e na idade adulta. Nós encorajamos os pais a usar métodos alternativos para ensinar aos filhos a diferença entre o certo e o errado, com uma abordagem positiva dos pais, como estabelecer limites claros e consistentes.”

A nova pesquisa da equipe de Harvard baseia-se em estudos existentes que mostram atividade intensificada em certas regiões do cérebro de crianças que sofrem abuso em resposta a sinais de ameaça.

Ansiedade e depressão

“Sabemos que as crianças cujas famílias usam castigos corporais têm maior probabilidade de desenvolver ansiedade, depressão, problemas de comportamento e outros problemas de saúde mental, mas muitas pessoas não consideram as palmadas como uma forma de violência”, disse a autora do estudo, Katie A. McLaughlin, do Departamento de Psicologia de Harvard.

“Neste estudo, queríamos examinar se havia um impacto da surra a nível neurobiológico, em termos de como o cérebro está se desenvolvendo.”

McLaughlin e seus colegas analisaram dados de um grande estudo com crianças entre três e 11 anos.

Eles se concentraram em 147 crianças com idades entre 10 e 11 anos que haviam sido espancadas, excluindo crianças que também haviam sofrido formas mais graves de violência. A leitura do cérebro foi feita por ressonância magnética somada a exibição de imagens de rostos assustados e neutros.

Os pesquisadores acreditam que o estudo é um primeiro passo para uma análise mais aprofundada dos efeitos potenciais das palmadas no desenvolvimento do cérebro das crianças.

“Embora não possamos conceituar o castigo corporal como uma forma de violência, em termos de como o cérebro de uma criança responde, não é tão diferente do abuso”, disse McLaughlin.

“Temos esperança de que esta descoberta possa encorajar as famílias a não usarem essa estratégia, e que ela possa abrir os olhos das pessoas para as potenciais consequências negativas do castigo corporal de maneiras que elas nunca haviam pensado antes.”

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