Família brasileira sofre ataque a tiros de vizinho na França
Mulher é baleada na rua e marido dentro de casa; criança escapa do atentado

Um casal brasileiro, que mora há cinco meses em Toulon, na França, foi vítima de um atirador. Ela foi atingida na rua e ele, dentro de casa. A criança se salvou. O marido está em coma induzido após três cirurgias, em uma UTI. O ataque aconteceu na quinta-feira (13). O agressor, um vizinho com histórico psiquiátrico, foi detido.
Cristiane Tavares, de 36 anos, recebeu um tiro nas costas enquanto se dirigia para o seu apartamento. Ela não percebeu que era um tiro, pensando que havia recebido uma descarga elétrica na rua, pois viu momentos antes um clarão.
Cristiane chegou ao apartamento, no segundo andar, sentindo as consequências do tiro, mas sem entender o que se passava. Ela deixou a porta aberta e disse ao marido, André Modenezi, de 39 anos, que teria recebido uma descarga elétrica e poderia estar sofrendo um infarto.
O marido se dirigiu à porta para fechá-la, mas o agressor surgiu e deu um tiro na barriga de André. Depois saiu. Foi quando ela conseguiu fechar a porta. Ele ainda voltou e deu um terceiro tiro, mas na porta.
O filho do casal, de quatro anos, estava presente ao ataque, mas não sofreu danos físicos.
Cristiane é jornalista, servidora pública do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ela morava em Vitória da Conquista, na Bahia. A família foi para Toulon, na França, para ela fazer um mestrado.
O Itamaraty informou que as autoridades Brasil na França estão acompanhando o caso junto com as autoridades francesas.
"A gente decidiu morar na cidade de Toulon porque é uma cidade considerada tranquila", disse a jornalista ao G1.
Terror
A jornalista lembra os momentos de terror que sua família passou "Recebi um tiro nas costas. No primeiro momento pensei que se tratava de uma descarga elétrica porque teve um clarão muito forte. Mas eu senti como se tivesse um estado de choque no corpo. Não identifiquei como tiro porque teve um clarão. Aí eu entrei para casa, no apartamento que fica no segundo andar, em um bairro bem tranquilo daqui", relata.
"Eu não tinha sangue pelo corpo, porque eu estava com um casaco muito pesado, a gente não se deu conta. Aí na hora que eu sentei no sofá, meu marido percebeu que tinha alguma coisa na roupa, como se fosse sangue. Meu marido teve aquela coisa de ir em direção à porta. Na hora que ele foi em direção à porta, o homem entrou e deu o segundo disparo, que foi em meu marido. Eu tava sentada no sofá e meu filho em pé do meu lado", relembra.
A jornalista pensou em ataque terrorista, mas descobriu que o autor dos disparos era um vizinho, conforme relataram os policiais, com transtornos psiquiátricos.
"Pedi socorro e tranquei meu filho no banheiro. Meu marido já estava no chão, em estado já grave, sangrando, mas ainda consciente, e aí eu fiz essa barreira na porta do banheiro com meu filho lá dentro. Achava que ia morrer naquele momento, vi que já tinha começado mesmo a sangrar, já tinha me dado conta que era mesmo um tiro", diz.
"Ele [o atirador] voltou [no apartamento] e deu o terceiro tiro na porta. Ele queria entrar, mas não conseguiu. Entre esse período do terceiro tiro, a polícia chegou. Meu marido também conseguiu se arrastar até a janela para falar com a polícia. Foi tudo muito rápido, mas assim, tudo muito terrível", conta.
A polícia contou a Cristiane que o agressor é francês e morava no andar de cima ao dela. "Ele era novo no meu prédio. Ele já estava observando a gente. Não sei porque ele teve a gente como mira. Somos uma família, viemos para a França para estudar. É uma coisa incompreensível", disse a jornalista.
Armas
"Quando a polícia subiu, entrou no apartamento dele, ele estava sentado na mesa, com a arma do crime, munições, alguns outros tipos como faca, canivetes, não sei exatamente, parece que tinha uma espingarda também. Ele estava sentado na mesa tomando café. Eu lembro que no momento em que ele entrou em minha casa, para dar o segundo tiro no meu marido, ele olhou para mim. Ele riu e olhou para meu filho", lembrou.
"Aquela arma, depois que fui entender, precisava ser recarregada várias vezes. Ele não tinha munição para dar o tiro no meu filho. Ele voltou para o apartamento dele para recarregar. Acredito que aquele terceiro tiro que ele deu na porta seria destinado para meu filho", disse.
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