Estudo aponta que a taxa de autismo é 'muito maior'
Crianças dentro da espectro são mais propensas a enfrentar 'desvantagem social significativa'

De acordo com pesquisadores da Universidade de Cambridge, 1,76% das crianças no Reino Unido, ou cerca de uma em 57, estão no espectro autista.
Mas os alunos negros e chineses têm 26% e 38% mais probabilidade de ser autistas, respectivamente, em comparação a crianças brancas, segundo o estudo.
Alunos com histórico de autismo nas escolas eram 60% mais propensos a serem socialmente desfavorecidos e 36% menos propensos a dominar o idioma que crianças brancas.
Os novos números são baseados em dados de 7.047.301 alunos com idades entre 2 e 21 anos em educação financiada pelo estado na Inglaterra.
Conscientização
Os novos números vêm às vésperas do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que ocorre nesta sexta-feira, 2 de abril.
“Agora podemos ver que o autismo é muito mais comum do que se pensava”, disse o autor do estudo, Andres Roman-Urrestarazu, do Autism Research Center (ARC) e Cambridge Public Health da Universidade de Cambridge.
“Também encontramos variações significativas no diagnóstico de autismo em diferentes minorias étnicas, embora a razão disso não fique clara e demande novas pesquisas.”
O autismo é uma deficiência de desenvolvimento - não uma doença - que afeta a forma como as pessoas se comunicam e interagem com outras.
É caracterizado por dificuldades persistentes na comunicação e interação social, e padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades em vários contextos, afirmam os autores do estudo.
Estimativas anteriores da prevalência de autismo no Reino Unido pelo mesmo grupo de pesquisa em Cambridge, e com base em uma pesquisa na escola, sugeriram que uma em 64 crianças (1,57 por cento) era autista.
O novo estudo, baseado em registros escolares que geralmente subestimam a proporção real de crianças que atendem aos critérios diagnósticos, mostra um aumento considerável na prevalência de autismo na Inglaterra.
Mais reconhecível
Os pesquisadores afirmam que o aumento provavelmente se deve ao fato de o autismo ter se tornado mais reconhecido tanto pelos pais quanto pelas escolas nos últimos anos.
“Agora podemos ver um recorte de quantas crianças autistas existem, e podemos nos aprofundar na variação local e étnica, e revelar ligações com a vulnerabilidade”, disse o autor do estudo, Professor Simon Baron-Cohen, Diretor do ARC.
“É importante que salvaguardemos os direitos das crianças ao acesso a serviços de diagnóstico e educação, adaptados às suas necessidades.”
O estudo com 7.047.301 alunos foi conduzido com pesquisadores da Universidade de Newcastle e da Universidade de Maastricht, na Holanda.
A equipe baseou-se em dados do Censo Escolar do National Pupil Database, coletados pelo Departamento de Educação de indivíduos de 2 a 21 anos em escolas financiadas pelo estado na Inglaterra.
No geral, 119.821 alunos tiveram um diagnóstico de autismo em seu registro no sistema educacional estadual inglês, dos quais 21.660, ou 18,1 por cento, também tiveram dificuldades de aprendizagem.
Meninos e meninas
Os meninos mostraram uma prevalência de autismo de 2,8 por cento e as meninas uma prevalência de 0,65 por cento, com uma proporção de menino para menina de 4,3 para 1.
Com 2,1 por cento, a prevalência foi mais elevada em alunos de etnia negra.
Essas estimativas são as primeiras a serem publicadas para essas populações, de acordo com os autores do estudo.
Das outras categorizações de etnia, com base nas categorias do censo britânico, os alunos chineses tinham 1,5 por cento de prevalência de autismo, asiáticos 1,0 por cento de prevalência e brancos 1,8 por cento de prevalência.
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