Economia turca é alvo de sanções após ataque de Erdogan a curdos na Síria
"Podemos acabar com a economia turca, se precisarmos", disse ontem o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin.

O governo dos EUA ameaçou nesta sexta-feira, 11, aplicar novas sanções econômicas contra a Turquia que poderiam debilitar a economia do país. As medidas seriam impostas em resposta à ofensiva militar ordenada pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, contra milícias curdas, no norte da Síria.
"Podemos acabar com a economia turca, se precisarmos", disse ontem o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin. Segundo ele, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que concede ao Departamento do Tesouro novos poderes para punir a Turquia no caso de ataques contra outras minorias étnicas e religiosas em suas operações contra os curdos.
Na ordem executiva, o Tesouro terá autonomia para impor sanções secundárias a qualquer pessoa que realize "transações notórias e significativas" com indivíduos e entidades da Turquia. Mnuchin pediu que os bancos fiquem atentos a potenciais sanções americanas.
A Casa Branca também se mostrou preocupada com a possibilidade de militantes do Estado Islâmico, detidos em áreas controladas pelos curdos, serem libertados em meio ao caos do conflito armado. Segundo Mnuchin, caso a Turquia viabilize a fuga de "pelo menos um terrorista", os EUA responderão à altura.
Apesar das ameaças, o secretário do Tesouro afirmou que as sanções estão prontas, mas serão aplicadas apenas "quando for necessário". A decisão de retirar as tropas americanas do norte da Síria, que abriu caminho para a ofensiva turca, tem sido condenada por congressistas democratas e republicanos.
Os deputados avançaram ontem a tramitação de um projeto para tentar reverter a decisão de Trump de retirar as tropas da Síria. Na quinta-feira, o presidente informou que havia três maneiras de lidar com a situação: o envio de "milhares" de tropas americanas de volta ao norte da Síria, que ele rejeita, a aplicação de sanções econômicas contra a Turquia ou uma mediação dos americanos entre turcos e curdos.
Nesta sexta, o embaixador da Turquia nos EUA, Sedar Kilic, rejeitou a possibilidades de diálogo. Ele afirmou que o governo turco não tem interesse em "abater" soldados curdos, ao contrário do que disseram congressistas americanos, mas a Turquia estava determinada em acabar com a ocupação curda na fronteira e não interromperia a ofensiva até atingir seus objetivos.
A retirada das tropas americanas da Síria, medida antecipada desde o ano passado por Trump, foi vista pelos congressistas como um "sinal verde" para que a Turquia iniciasse sua ofensiva contra os curdos. Nesta semana, milhares de civis começaram fugir do conflito.
A maioria dos curdos vive na Turquia - onde eles são cerca de 20% da população. Nas décadas de 80 e 90, grupos separatistas curdos foram responsáveis por vários atentados na Turquia, o que embasa o argumento de Erdogan de que os curdos são terroristas.
Apesar das acusações do governo turco, as tropas curdas foram essenciais para derrotar os militantes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, por isso eram, até a semana passada, protegidas por militares americanos. Apesar da decisão de Trump de retirar os soldados da Síria, ainda há cerca de mil militares americanos na região.
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