Democratas e republicanos continuam com prévias e de olho na Suprema Corte

Pesquisas dão vitória a Trump em novembro e republicano deve ser habilitado pela Justiça a concorrer

Gustavo Freitas – Especial para O Liberal
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As prévias eleitorais continuam a todo vapor nos Estados Unidos, embora não haja nenhuma grande disputa nos partidos Republicano e Democrata.

No estado de Nevada, Joe Biden e Kamala Harris venceram com mais de 89% dos votos em uma disputa sem candidatos opositores reais, já que o partido do atual presidente combinou de se unir pela reeleição de Biden.

Já no partido Republicano, um fato curioso aconteceu no estado. Donald Trump não participou das primárias, deixando aberto para a concorrente Nikki Haley disputar sozinha e, ainda assim, a ex-governadora da Carolina do Sul perdeu para a opção “nenhum dos candidatos” por quase 30% de diferença dos votos.

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Embora não tenha participado da primária, Donald Trump esteve no Caucus de Nevada. Neste processo, os cidadãos discutem as propostas e depois depositam seu voto na urna. As regras eleitorais são confusas e permitem que os Estados decidam como realizar as eleições no seu território e, no Caucus, Trump venceu com 99% dos votos em disputa sem concorrentes.

Apesar dos resultados protocolares em ambos os lados, é válido atentar para dois fatores importantes nas recentes vitórias de Joe Biden nas primárias. No último dia 3, o atual presidente venceu na Carolina do Sul com 96% dos votos, e apesar da margem de diferença demonstrar segurança, os números acendem o alerta.

Em 2020, quando Joe Biden venceu Donald Trump, a primária democrata na Carolina do Sul teve público recorde, foram mais de 540 mil eleitores indo às urnas para escolher seu candidato. Em 2024, pouco mais de 131 mil pessoas foram votar. O baixo número indica que os eleitores ainda não estão empolgados para sair de casa e reeleger Joe Biden.

Por outro lado, é notório que, apesar da impopularidade nacional, Biden é bem articulado e bem-visto dentro do seu partido. Não há, até o momento, nenhum sinal oficial entre os Democratas de que pretendam desistir do apoio a Joe Biden, mesmo com todas as pesquisas indicando a sua derrota em novembro.

Suprema corte julgará Trump

image Trump ainda tem batalha na Suprema Corte antes do pleito (KENA BETANCUR / AFP)

O ex-presidente vence as disputas com folga nas prévias, mas está atento ao desenrolar dos fatos no judiciário. A Suprema Corte julgará a sua elegibilidade e, até o momento, tudo indica que Trump conseguirá um parecer favorável à sua candidatura.

O que está sendo discutido é uma disposição da 114ª Emenda, que proíbe funcionários públicos de assumirem cargos públicos caso tenham participado de uma insurreição. Os eleitores que desafiaram Trump dizem que o seu papel no ataque ao Capitólio dos EUA, de 6 de janeiro de 2021, o torna inelegível sob essa suspeita.

Até mesmo os juízes mais progressistas questionam os advogados da causa, e tudo indica que o ex-presidente seguirá como candidato e favorito a vencer as eleições em novembro.

Entrevista com Putin

Além das batalhas eleitorais, existem eventos que estão inteiramente ligados à eleição de novembro, e a entrevista de Tucker Carlson com Vladimir Putin deve ser vista como parte do processo.

O jornalista conservador, fenômeno de audiência nos Estados Unidos, foi até Moscou para entrevistar o presidente russo e apresentar a versão sobre a guerra na Ucrânia a partir da visão russa.

Em duas horas de entrevista, Putin afirmou que o ex-premiê britânico, Boris Johnson, sabotou um acordo entre Rússia e Ucrânia, e afirma que a Otan já começou a entender que a derrota militar russa é extremamente difícil.

Tucker Carlson é um dos cotados para a vaga de vice-presidente na chapa de Donald Trump, e assim como o ex-presidente, têm visões completamente distintas da ala mais tradicional do partido Republicano.

No passado, os republicanos tinham posicionamentos mais bélicos que os democratas, e ainda costumam fazer lobby por conflitos ao redor do mundo. Dentro do partido, existem fortes nomes que advogam pela guerra contra o Irã e são defensores do apoio irrestrito à Ucrânia no combate contra os russos, como é o caso de Nikki Haley, adversária de Trump.

A vitória do bilionário em 2016 gerou uma grande mudança de filosofia no partido. Trump não enxerga a Rússia como o inimigo a ser derrotado e via a boa relação com Putin como saída para evitar uma grande aproximação com a China, justamente o que ocorre nos dias atuais.

Diferentemente de Trump, Joe Biden faz parte de uma classe política que viveu as tensões da guerra fria e, assim como republicanos mais antigos, é um democrata que vê o Kremlin como uma grande ameaça a ser combatida.

A ida à Rússia de um aliado e possível companheiro de chapa de Trump é um sinal de mudanças diplomáticas na guerra da Ucrânia, caso o republicano vença em novembro. Assim como Trump, Carlson já fez diversas críticas no passado sobre os altos apoios financeiros do governo americano à Ucrânia, que não apresenta sinais de recuperação nas batalhas contra os russos.

No Congresso, o Senado está há dias tentando aprovar um novo pacote de ajuda financeira à Ucrânia, mas a ideia ainda não é amplamente aceita entre os senadores republicanos. Além da desconfiança com a guerra, o partido de oposição ao governo tenta barganhar leis mais duras de controle da imigração ilegal na fronteira do país, que vive o ápice da sua crise.

Muitos senadores republicanos desistiram de apoiar o pacote do governo após críticas de Donald Trump, e apesar das negociações estarem avançando, o projeto ainda precisará passar pela Câmara, onde a maioria republicana não demonstra entusiasmo em aprovar mais dinheiro para o governo de Zelensky.

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