MENU

BUSCA

Como ficam os refugiados em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia?

Dramas, dispersões, fugas e migrações de milhares de refugiados merecem a atenção devida, como o caso da publicitária paraense Cristiane Barros, 30, que passou pelo drama de deixar a cidade de Bila Tserkva, localizada na região metropolitana de Kiev

Sérgio Chêne

Chegado o oitavo dia do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, mais de um milhão de pessoas já deixaram o território ucraniano em direção a nações que fazem fronteira na Europa Oriental. Para se ter uma ideia, a Ucrânia mantinha uma população de mais de 40 milhões de pessoas, sendo o oitavo país mais populoso de toda a Europa. 

Um grande questionamento deve prosperar daqui pra frente nesse processo de crise humanitária: o número de refugiados da nação ucraniana aumentará? A depender da duração do embate, acredita-se que sim. Pelo menos tem sido as apostas de organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A ONU acredita que cerca de 5 milhões, mais de 12% da população, enquanto que a ACNUR estima que a movimentação em direção a países como Romênia, Polônia e Eslováquia seja a maior do século XXI.

VEJA MAIS

Incêndio atinge usina nuclear ucraniana após ataque russo, diz prefeito; vídeo
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, caso ocorra uma explosão, o resultado pode ser pior do que o ocorrido em Chernobyl

Guerra na Ucrânia: Mais de 100 brasileiros se ofereceram para lutar no país
Para se candidatar, é necessário que o candidato tenha experiência em atividades de forças de segurança

Moradores das cidades ucranianas, dentre eles brasileiros, iniciaram o movimento de quase uma diáspora, a exemplo da dispersão síria, maior registrada pela ACNUR (com 5,5 milhões), seguida pela movimentação dos afegãos, que registrou, somente em 2021, a saída de 500 mil pessoas daquele país localizado no centro da Ásia. O Pará assim como muitos Estados brasileiros passaram a conviver com a realidade de outros povos, dentre eles os venezuelanos, que chegaram por aqui sob a fuga da crise política vivida no país de origem.

Dramas, dispersões, fugas e migrações de milhares de refugiados merecem a atenção devida, como o caso da publicitária paraense Cristiane Barros, 30, que passou pelo drama de deixar a Ucrânia, reportado nas plataformas de O Liberal. Ela morava em Bila Tserkva, cidade localizada na região metropolitana de Kiev.  No Estado paraense, a Comissão de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados Brasil – Seção Pará (OAB-PA) mantém ações direcionadas aos povos refugiados e atuações conjuntas com outros órgãos, com o objetivo de garantir os direitos envolvidos. O presidente da Comissão,o advogado Samuel Medeiros, 34, lembra o que entra em jogo nas crises humanitárias e o que deve ser considerado nas garantias individuais.

'Quero voltar e ajudar a reconstruir a Ucrânia', afirma paraense na Alemanha; vídeo
Os sogros da publicitária continuam no país, em um abrigo subterrâneo

Guerra na Ucrânia: brasileiros que estão na Polônia serão resgatados em avião da FAB
Segundo o Ministério da Defesa, a aeronave vai levar 11,5 toneladas de ajuda humanitária no país

"Está em jogo o direito internacional dos direitos humanos, especialmente através do Estatuto de Refugiados da ONU de 1951, que estabelece mais segurança jurídica a uma pessoa obrigada a se deslocar. Os países que ratificaram a Convenção sobre Refugiados são obrigados a proteger os refugiados que se encontram em seu território, de acordo com seus termos. Há uma série de disposições que os Estados que fazem parte da Convenção sobre Refugiados e do Protocolo de 1967 devem obedecer", destaca o especialista em Direitos Humanos.

Medeiros ressalta que "o país receptor de refugiados deve garantir alguns direitos como: fornecer documentos de identidade para refugiados, fornecer documentos de viagem para refugiados, permitir que os refugiados transfiram seus bens, fornecer a possibilidade de assimilação e naturalização a refugiados". "É importante ressaltar que o refugiado mantém todos os seus direitos humanos: religião, trabalho, educação, família, segurança, alimentação e outras necessidades", complementa. 

Rússia e Ucrânia estabelecem corredor humanitário para retirada de civis
Ideia é de que haja um cessar-fogo para que a operação de retirada aconteça

Rússia leva crematórios móveis para se livrar de corpos na Ucrânia, diz Zelensky
Suspeita é de que o comando russo não está mandando os soldados mortos em combate de volta

Apesar de ser um problema real, pouco se tem de efetividade para resguardar direitos dos refugiados. "Não existe um mecanismo formal para que os indivíduos apresentem queixas. A Convenção de 1967 especifica que as reclamações devem ser encaminhadas à Corte Internacional de Justiça. Um indivíduo pode apresentar uma queixa ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas.  Na manhã desta quinta-feira, 3, Samuel Medeiros, juntamente com Paula Medeiros, especialista em Direito Internacional, promoveram uma live e abordaram as expectativas das eventuais chegadas de ucranianos no Brasil, características do fluxo migratório global, o conceito de refugiado e os direitos que o refugiado possui.

Guerra Ucrânia e Rússia: o que se sabe até agora, 23/02
Veja as principais notícias sobre o conflito iniciado com a invasão russa autorizada pelo presidente Vladimir Putin a Kiev e ao leste ucraniano

Mundo