China e Estados Unidos chegam a acordo para encerrar guerra comercial
Uma das principais prioridades de Washington nas negociações com Pequim era garantir o fornecimento de terras raras

A China confirmou nesta sexta-feira (27) os "detalhes" de um acordo comercial alcançado com os Estados Unidos e afirmou que Washington deve suspender uma série de "medidas restritivas", enquanto Pequim deve "revisar e aprovar" produtos submetidos a controles de exportação.
Uma das principais prioridades de Washington nas negociações com Pequim era garantir o fornecimento de terras raras, metais cruciais para a produção de baterias elétricas, turbinas eólicas e sistemas de defesa.
A China, que controla a maior parte da extração mundial de terras raras, começou a exigir licenças de exportação no início de abril. A medida foi interpretada como uma resposta às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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As duas maiores potências econômicas do mundo concordaram em maio, após um ciclo de negociações em Genebra, em reduzir temporariamente as tarifas elevadas aplicadas de maneira recíproca aos seus produtos.
A China também se comprometeu a flexibilizar algumas contramedidas não tarifárias, mas funcionários do governo americano posteriormente acusaram Pequim de violar o pacto e de atrasar a aprovação de licenças de exportação de terras raras.
Os dois países finalmente concordaram com uma estrutura para avançar com o consenso de Genebra, após negociações em Londres neste mês.
Uma fonte da Casa Branca disse na quinta-feira à AFP que o governo Trump e a China "concordaram com um entendimento adicional de uma estrutura para implementar o acordo de Genebra".
A explicação veio depois que Trump afirmou em um evento que Washington tinha acabado "de assinar" um acordo comercial com Pequim, sem proporcionar mais detalhes.
Pequim confirmou nesta sexta-feira que um acordo foi alcançado.
"Espera-se que Estados Unidos e a China alcancem um acordo", afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio em um comunicado. As partes "confirmaram os detalhes da estrutura", acrescentou.
Segundo o acordo, a China "revisará e aprovará os pedidos para os itens de controle de exportação que atendam aos requisitos legais", disse o porta-voz.
"A parte americana cancelará, em consequência, uma série de medidas restritivas contra a China", explicou.
Adiamento do prazo para tarifas?
O secretário de Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou ao canal Fox Business nesta sexta-feira, que Washington poderia ter até setembro para fechar acordos com seus principais parceiros comerciais.
"Acho que podemos encerrar os diálogos comerciais até o Dia do Trabalho", que neste ano cai em 1º de setembro nos EUA.
Wall Street reagiu com otimismo ao anúncio, com o índice americano S&P marcando um recorde após as quedas de abril, assim como Nasdaq. Na Europa, as principais bolsas também registraram alta, enquanto na Ásia as tendências foram mistas.
Na quinta-feira, a Casa Branca também indicou que Washington poderia adiar o prazo de julho para a entrada em vigor de tarifas mais elevadas sobre as importações de dezenas de países.
Trump impôs uma tarifa de 10% à maioria dos aliados comerciais dos EUA. Mas também anunciou tarifas mais elevadas para dezenas de economias enquanto negociava um acordo, embora tenha suspendido a decisão posteriormente. O prazo termina em 9 de julho.
"Talvez possa ser prorrogado, mas esta é uma decisão que corresponde ao presidente", respondeu a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ao ser questionada sobre uma possível extensão da moratória nas tarifas mais elevadas anunciada em abril.
"O presidente pode simplesmente oferecer a estes países um acordo se recusarem propor um antes do prazo final", acrescentou Leavitt.
Isto significa que Trump pode "escolher uma tarifa recíproca que considere vantajosa para os Estados Unidos", explicou.
© Agence France-Presse
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