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Governo Milei pede investigação de jornalistas que publicaram áudios contra Karina Milei

Karina Milei não se manifestou publicamente sobre o tema.

Estadão Conteúdo

A ministra de Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich, solicitou à Justiça que os jornalistas responsáveis pela divulgação dos áudios que envolvem Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei e secretária-geral da Presidência, sejam investigados pela polícia. A solicitação estava incluída na cópia do documento apresentado pela própria ministra à imprensa argentina na noite desta segunda-feira, 1.º.

Apesar disso, Bullrich tentou negar durante uma entrevista para uma TV argentina que havia feito a solicitação e foi desmentida ao vivo. "Não pedimos nada. Não, não, não", disse ao jornalista Pablo Rossi quando ele a questionou sobre. "Vou deixar a denúncia aqui, aqui está", acrescentou, entregando ao entrevistador uma pasta contendo uma cópia do documento do Ministério.

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No mesmo momento, Rossi responde que leu a denúncia e pede para um dos jornalistas do seu programa ler o que a denúncia diz. "O governo solicita na página 18: 'Ordene busca e apreensão nos escritórios e estúdios da Carnaval Stream. Ordene buscas nas casas de Franco Bindi, Jorge Rial, Pablo Toviggino, Mauro Federico e quaisquer outras partes envolvidas.'"

Após a leitura do trecho, Rossi refaz a pergunta e Bullrich volta a negar a solicitação. "Não. Estamos solicitando a produção de provas. A Justiça pode decidir o que quiser", disse.

De acordo com a imprensa argentina, Bullrich continuou tentando atingir a credibilidade dos jornalistas Jorge Rial e Mauro Federico, que divulgaram os áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), que acusam Karina Milei de fazer parte de um esquema de propina junto à indústria farmacêutica. O governo argentino afirma que os áudios são uma farsa para afetar as eleições de Buenos Aires.

A ação do governo argentino na Justiça também solicitou que a divulgação de áudios de Karina Milei, gravados na Casa Rosada, fosse proibida. A Justiça atendeu o pedido com a justificativa de que os novos áudios poderiam afetar a "privacidade e a honra" de Karina Milei e a "segurança institucional" do país.

Os áudios de Spagnuolo geraram uma denúncia judicial que resultou em mais de 20 mandados de busca e apreensão. Spagnuolo, ex-aliado e advogado pessoal de Milei, foi demitido do governo após o episódio. Nas gravações, o funcionário reclamava que não conseguia desmontar uma rede de propina montada em seu gabinete para a compra de medicamentos pelo Estado. Spagnuolo disse ao confidente que o dinheiro arrecadado seria destinado a Karina Milei e seu principal assessor, Eduardo 'Lule' Menem.

O governo argentino alega que as gravações fazem parte de uma "operação ilegal de inteligência" com o objetivo de desestabilizar a Argentina. Segundo Bullrich, a farsa foi montada por jornalistas e "pessoas ligadas aos serviços de inteligência russos com influência na Venezuela".

Karina Milei não se manifestou publicamente sobre o tema. Javier Milei rejeitou as acusações. "Tudo o que ele Spagnuolo diz é mentira, vamos levar à Justiça e provar que ele mentiu", declarou no dia 27, durante o ato de campanha em que manifestantes jogaram pedras contra sua comitiva.