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Saiba quem é a ex-primeira ministra de Bangladesh condenada à morte por assassinatos

Tribunal internacional em Dhaka a responsabiliza por crimes contra a humanidade durante uma repressão violenta a manifestações estudantis em 2024

Gabrielle Borges

A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à pena de morte por um tribunal de crimes internacionais em Dhaka. A sentença  a declara culpada por crimes contra a humanidade relacionados à repressão sangrenta de protestos estudantis no verão de 2024. 

Segundo o tribunal, ela ordenou execuções, instigou à violência e falhou em impedir atrocidades cometidas por forças de segurança. Mas quem seria a política e quais crimes ela cometeu para tal condenação? Saiba mais a seguir.

Quem é Sheikh Hasina

Sheikh Hasina nasceu em 28 de setembro de 1947, em Tungipara, no que hoje é Bangladesh. Ela é filha de Sheikh Mujibur Rahman, líder da independência de Bangladesh e primeiro presidente do país. Hasina lidera o partido Awami League e foi primeira-ministra por longos mandatos, exercendo poder por aproximadamente 15 anos até seu afastamento em 2024.  Após uma onda massiva de protestos em agosto de 2024, ela deixou o país e passou a viver no exílio na Índia.

Durante mais de uma década, Sheikh Hasina comandou Bangladesh com ampla influência sobre a máquina pública e as forças de segurança. Sob sua liderança, o país viveu momentos de crescimento econômico, mas também enfrentou críticas crescentes sobre autoritarismo, perseguição a opositores e controle rígido das instituições.

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Insatisfação e protestos

A frustração social começa a se intensificar, sobretudo entre os jovens, que reclamavam de falta de oportunidades, políticas duras e uma série de decisões consideradas opressivas. Universidades se tornam centros de mobilização e debates, preparando o terreno para manifestações de maior escala. O estopim acontece quando estudantes e grupos civis iniciam marchas simultâneas nas principais cidades.

As demandas foram desde reformas políticas até a responsabilização por ações violentas de forças estatais em anos anteriores. As multidões cresceram rapidamente, transformando protestos isolados em um movimento nacional.

A resposta do governo de Sheikh Hasina foi severa. Forças de segurança foram acionadas de forma massiva, e relatos de repressão violenta se multiplicaram. Ocorrências de confrontos armados, prisões em massa e mortes em vários distritos fizeram o país mergulhar em uma das maiores crises de sua história recente. Com o cenário fora de controle e parte da própria estrutura de governo se desagregando, Hasina deixou Bangladesh e buscou abrigo em outro país. 

Julgamento

Com a mudança de governo, autoridades judiciais passam a reunir provas e depoimentos sobre os episódios ligados à repressão de 2024. Documentos, testemunhos e registros oficiais são organizados em um extenso dossiê que embasou as primeiras acusações contra a ex-primeira-ministra e seus aliados.

Hasina foi julgada à distância por declarações consideradas incitadoras de violência e por desacato ao tribunal. O processo principal foi aberto para analisar a responsabilidade direta e indireta de Hasina nos eventos que resultaram na morte de centenas de manifestantes. Promotores apresentaram uma narrativa de ações planejadas, uso excessivo de força e ordens superiores que teriam fundamentado a repressão. Testemunhos de sobreviventes e familiares reforçaram o peso das acusações.

Depois de meses de análise, o tribunal concluiU que Sheikh Hasina teve papel central na violência de 2024. O veredito afirmou que ela contribuiu para a execução de civis, incitou atos violentos e não adotou medidas para impedir abusos cometidos pelas forças estatais.

A pena de morte foi decretada, tornando-se uma das decisões mais impactantes da história política do país.

(Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com)