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Cross Training: modalidade se destaca por ser um esporte coletivo e de cuidado com a mente

Paraense relatam mudanças no corpo e na mente após iniciarem na modalidade

Aila Beatriz Inete

Levantamento de pesos, barras, agachamentos e cordas, são alguns dos exercícios que fazem parte do cross training. Essa modalidade esportiva surgiu por volta dos anos 2000 e tem como principal objetivo melhorar o condicionamento físico dos praticantes. Com o tempo, acabou se tornando uma verdadeira comunidade com pessoas que viram no esporte uma mudança de vida. 


Nos últimos anos, cresceu o número de pessoas que aderiram ao cross training. O instrutor de Diego Furtado explicou que isso está acontecendo porque a modalidade não visa apenas “o corpo atlético”. 

“Muitas pessoas vêm buscando a modalidade não apenas com o objetivo de construir um corpo atlético, mas para ter qualidade de vida e encontrar atividades que possam ser praticadas em grupos, situação essa que foge do modelo tradicional de academias”, disse Diego. 

Tatiana Ampuero, analista de departamento pessoal, é uma dessas pessoas que sentiram uma mudança significativa na vida depois do cross training. Ela contou que estava com autoestima baixa e sem vontade de sair de casa para o convívio, “quase entrando em uma depressão”. Após a indicação da sua médica nutricionista, Tatiana decidiu ir procurar um box para fazer as aulas experimentais. 

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“O que me motivou, em primeiro lugar, foi buscar qualidade de vida, sair do sedentarismo e da zona de conforto que eu me encontrava. Em segundo lugar, foi o box [que eu encontrei], fui recebida e acolhida pelos coachs, alunos e todos responsáveis pela box. Me deram muita força e não deixaram eu desistir, isso ajudou muito, pois com um tempo já não sentia como um sacrifício e sim prazer de ir treinar”, relatou Tatiana.

Hoje em dia, o ambiente dentro das academias de cross training é uma das principais características da modalidade. Flávio Santos, autônomo de 40 anos, voltou a praticar o esporte após perder a filha e relatou que isso foi muito importante para a sua saúde física e mental. 

“Eu já tinha feito cross training há um tempo, mas não com tanta intensidade e estava há mais de dois anos parado. Em agosto do ano passado perdi a minha filha, eu estava sem perspectiva nenhuma de vida e duas amigas que treinam me convidaram para treinar. Eu não queria, mas fui vencido pela insistência delas. Chegava todo dia chorando na box, mas era a única hora do dia que eu pensava um pouco em mim. Uma hora por dia eu focava em sobreviver ao treino”, contou Flávio. 

Diego Furtado ressaltou que o cross training prepara as pessoas para o dia e não apenas para competições, com exercícios que vão melhorar a respiração, resistência, a parte cardiovascular, muscular e a flexibilidade. Junto da comunidade "crossfiteira'' os alunos são inseridos e apoiados uns pelos outros. 

“Quando falamos em comunidade, estamos nos referindo a sempre ajudar o amigo durante os treinos, fazendo com que ele supere os seus limites. Já vi muitos casos de pessoas que conseguiram sair de situações depressivas com a ajuda da comunidade. Está muito além de apenas levantar peso e correr pelas ruas como muitos pensam e falam”, pontuou o instrutor. 

Tatiana praticou musculação seis anos atrás e desde que começou o cross training sentiu muita diferença na motivação e na rotina dos treinos.

“No cross o que mais me atraiu foi que todos os dias o treino é uma surpresa, uma superação e não fica aquela rotina chata. Sem contar que ele trabalha com o corpo todo e, consequentemente, com a mente, pois você acaba extravasando o estresse do dia. Costumo dizer que no cross training é onde seu corpo cansa e sua mente descansa”, declarou Tatiana. 

Já deu para entender que o cross training está além dos resultados físicos. Boa parte das pessoas praticam a modalidade enxergam um espaço de “terapia”, onde além do cuidado com o corpo elas também cuidam da saúde mental. 

“Eu mudei bastante, me senti mais disposto, minha qualidade de vida e alimentação mudaram bastante. E [hoje] eu vejo isso como uma terapia, porque eu anseio pela hora do treino, acho que é um dos melhores momentos do meu dia, eu não consigo pensar mais em nada. Eu sempre ouvia falar que o esporte muda vidas e mudou a minha completamente", concluiu Flávio. 

(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)