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Pesquisa mostra desvalorização das marcas de Remo e Paysandu

Estudo levou em consideração o aproveitamento dentro e fora de campo

Nilson Cortinhas


A profissionalização do futebol é um caminho sem volta. Já está consolidado no Brasil há, pelo menos, uma década. Os principais clubes do Pará, casos de Paysandu e Clube do Remo, atentaram para o fato com atraso.

É notório, contudo, que o Paysandu deixou a monotonia de lado, com um projeto aparentemente consistente, desde quando o grupo "Novos Rumos" assumiu o clube. Ainda não é o ideal, contudo, diante dos imprevistos. A impressão é que a administração seguirá as mesmas diretrizes, tendo novas possibilidades em meio a transição entre Tony Couceiro e Ricardo Gluck Paul – este último assumirá o clube a partir de 2019.  

O Remo, por outro lado, viveu de modelos de profissionalização esporádicos e específicos, bem mais longe do ideal, fruto obviamente da política do clube que é um caos. A gestão de Fábio Bentes é uma esperança para estancar boa parte dos problemas e impor a retomada de um projeto valoroso.  

O nível de profissionalização dos clubes paraenses foi medido pela BDO em pesquisa recente, divulgada com pela Redação Integrada de O Liberal. A BDO é uma empresa que reúne auditores Independentes, de sociedade simples. Este estudo engloba nível de endividamento, receita e outros aspectos numa análise mais global. De forma simplória e específica, porém, é preciso analisar o valor da marca dos clubes paraenses, considerando três variáveis: torcida, receita e mercado. Ambos tiveram decréscimo em 2018.

No caso do Paysandu, a marca do clube estava numa linha de evolução, observada de 2014 a 2017, sendo que os valores iniciaram em R$11,5 milhões e chegaram a R$27 milhões no ano passado. Este ano, porém, veio a queda. O valor final foi de R$19,1 milhões. Este número leva o clube a 27º posição no cenário brasileiro - a primeira posição é do Flamengo-RJ, seguido de Corinthians-SP e Palmeiras-SP.

O Clube do Remo, por seu turno, é o 37º entre os clubes brasileiros, sendo que os números são preocupantes. Em 2014, o valor da marca era 5,2 milhões, sendo verificados acréscimos em 2015 (R$8,4 milhões) e 2016 (9,3 milhões). Em 2017 (R$8,4 milhões) e 2018 (R$4,4 milhões), a trajetória foi de queda acentuada.

Para o professor de educação financeira, Alexandre Damasceno, “Apesar do orgulho dos paraenses sobres os únicos representantes da Região Norte, temos que ser cautelosos em relação a análise proporcionado pelo panorama econômico nacional pois, verifica-se uma redução nas receitas em 2017, de 1% em relação à 2016, e existe uma tendência de queda de alguns clubes da lista, como já vem acontecendo segundo relatório”, avaliou. “Se caso os clubes não reavaliem os trabalhos que estão sendo feitos no momento, como: patrocínios, sócio torcedor, formação de base, marketing e outros, a situação pode piorar. Então, tomar como base o relatório oferecido para os clubes é de grande valia para observar as deficiências e potencialidades para os nossos dirigentes de futebol local, e fazer pensar numa direção de projetos de curto, médio e longo prazo, eficazes e realista ao nosso futebol”.

Por sua vez, o estudo conclui o seguinte “sobre o valor comercial das marcas dos clubes de futebol do Brasil tem como objetivo contribuir com o fluxo de informações e ferramentas de marketing para o mercado do futebol. (....) O grande desafio para as marcas continua sendo o de conseguir converter esses milhões de torcedores em consumidores ativos e motivados”.
 
Couceiro analisa pesquisa em vários aspectos e observa pontos positivos

Atual presidente do Paysandu, Tony Couceiro, argumentou que sabia da realização da pesquisa e, de forma coerente, observou que há motivos para celebrar. Para o Paysandu, inclusive, há o fato de o clube está sendo auditado em vários aspectos. “A pesquisa é ampla, esse foi o primeiro ano que o Paysandu entrou em todos os itens. Antes, não entrávamos. Entramos porque contratamos a BDO para fazer a nossa auditoria, é por conta disso, eles passaram a ter todas as informações do Paysandu”, explicou Couceiro.

Tony, obviamente, como preza a cartilha de um bom gestor, não brigou com os números. “A primeira coisa que chama a atenção foi o aumento do valor da marca, no ano passado. Este ano, tivemos uma diminuição do valor da marca. É importante frisarmos que, dos 40 clubes que foram analisados, 28 tiveram diminuição do valor, somente 12 aumentaram. Notadamente, os que aumentaram foram os maiores clubes do Brasil: Flamengo, Corinthians e Palmeiras”, explicou, tentando observar o que levou a queda do valor da marca Paysandu. “Acredito que tenha algo relacionado a economia do Brasil, de um modo geral. Lógico que é um dado que nos deixa chateados. Mas, não perdemos nada durante esse tempo. Talvez a nossa campanha (contra o rebaixamento na Série B) tenha influenciado”.

Couceiro comentou também sobre dados favoráveis ao Paysandu, expostos na pesquisa. “Hoje, o Paysandu é o 22º clube com maior receita entre os analisados. E o nosso endividamento é o menor entre os analisados. Não só endividamento bancário, como fiscal”, constatou. No Paysandu, o custo com o departamento de futebol é em cima das receitas. Nada além. O Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), por exemplo, estabelece que os clubes podem gastar 80% do valor total arrecadado com futebol. E a partir do ano que vem, este valor cairá para 70%. “O Paysandu gasta 62% da sua receita com futebol, tornando-o mais viável economicamente, com todas as dificuldades e problemas, atrasando uma coisinha aqui outra ali. Não foi uma pesquisa ruim”, interpretou Tony.

Fábio Bentes quer gestão transparente em busca de credibilidade

Novo presidente do Remo, sendo que o mandato foi obtido há uma semana, o empresário Fábio Bentes quer implantar um modelo de gestão moderno, afastando-se das amarras tradicionais e incontestáveis que existem no clube.  Ao analisar a pesquisa, Fábio alegou que tinha conhecimento dos dados, e não mostrou surpresa considerando o seguinte raciocínio.  “Eu entendo que o momento do Remo, na contramão da profissionalização, foi fundamental. O torcedor precisa acreditar que o dinheiro está sendo bem empregado. O mercado analisa a credibilidade e a transparência. Até para saber se vale a pena se associar”, analisou.

Para Bentes, a desvalorização do programa sócio torcedor tem que ser considerada. “Um dos critérios é o programa de sócio torcedor, e aquilo que ele oferece. Como esse ano, reduziu-se a troca de ingressos, o Remo perdeu pontos no critério de análise”, criticou. Ele também ressaltou que o período de paralisação de jogos no estádio Evandro Almeida, o Baenão, foi extremamente prejudicial no resultado obtido pelo Clube do Remo. O gestor, entretanto, prefere pensar no futuro, informando que a ideia é que o estádio já receba jogos no início do Campeonato Paraense de 2019. “O cuidado com o patrimônio é outro critério. Observamos um retrocesso em muitos desses aspectos”, disse, seguindo. “Deprecia o patrimônio e a marca. Mas, já temos um projeto bem encaminhado, precisamos eliminar exigência dos órgãos de segurança. Falta rede de hidrante, questão do plano de fuga de incêndio, a reforma de alguns espaços e alguma coisa da parte estrutural. Ainda no Campeonato Paraense vamos voltar a jogar no estádio”, garantiu.

Para concluir, Fábio ressalta que a marca do Remo estava numa crescente. “Vamos retomar a linha de evolução. O patrocinador nacional vai levar em consideração este estudo. E o patrocínio esportivo é muito além da exibição da marca da empresa. Precisa ter o algo mais. Isso é o que vamos buscar”.
 

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