Justiça acata denúncia do MP de Goiás sobre manipulação de jogos e mantém prisões de suspeitos; veja

A denúncia feita após a descoberta de um esquema fraudulento que teria interferido em resultados de jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro do ano passado

O Liberal
fonte

A denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) foi aceita pela Justiça em decorrência da operação que apura a manipulação de 14 jogos no futebol brasileiro, incluindo partidas da Série A do Brasileirão 2022 e dos campeonatos estaduais. Como resultado, 16 indivíduos foram tornados réus na ação, que envolve apostadores, financiadores e jogadores.

Os réus

Jogadores aliciados para manipular eventos.

- Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos
- Gabriel Tota, meia do Juventude em 2022, emprestado ao Ypiranga
- Victor Ramos, zagueiro da Chapecoense, que atuou na Portugesa no começo do ano
- Igor Cariús, lateral-esquerdo do Cuiabá em 2022, atualmente no Sport.
- Paulo Miranda, zagueiro do Juventude em 2022, que estava no Náutico
- Fernando Neto, meia que era do Operário-PR, mas agora no São Bernardo
- Matheus Gomes, goleiro do Sergipe

Apostadores, aliciadores e membros da organização criminosa

- Bruno Lopez, o BL, considerado líder do esquema
- Ícaro Fernando Calixto
- Luís Felipe Rodrigues de Castro
- Victor Yamasaki Fernandes (jogador que intermediava contatos)
- Zildo Peixoto Neto
- Thiago Chambó Andrade
- Romário Hugo dos Santos, o Romarinho
- William de Oliveira Souza, o Mclaren
- Pedro Gama dos Santos Junior.

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Base da denúncia

Os indivíduos mencionados foram enquadrados com base nos artigos 41-C e 41-D do Estatuto do Torcedor. De acordo com o artigo 41-C, é considerado crime solicitar ou aceitar, para si ou para outros, vantagens patrimoniais ou não, para alterar ou falsear o resultado de uma competição esportiva ou evento a ela associado, com pena de 2 a 6 anos de prisão e multa. Já o artigo 41-D prevê a punição de 2 a 6 anos de prisão e multa para aqueles que oferecem ou prometem vantagens patrimoniais ou não, com o objetivo de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva ou evento a ela associado.

Os 14 jogos investigados

1 - Palmeiras x Juventude, 10 de setembro de 2022 - Moraes (Juventude) - o jogador levou o cartão amarelo "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de 30 mil reais, dos quais 5 000 reais foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo para que o jogador do Juventude, Onitlasi Junior Moraes Rodrigues fosse punido com um cartão amarelo durante a partida

2 - Juventude x Fortaleza, 17 de setembro de 2022 - Gabriel Tota e Paulo Miranda (Juventude) - Paulo Miranda levou cartão amarelo "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento na conta de Gabriel Tota, jogador do Juventude, para posterior repasse ao atleta Jonathan (Paulo Miranda), para que este, também jogador do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador"

3 - Goiás x Juventude, 5 de novembro de 2022 - Moraes (Juventude) - o jogador levou o cartão amarelo "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), dos quais R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador do Juventude, Onitlasi Junior Moraes Rodrigues fosse punido com um cartão amarelo durante a partida"

4 - Goiás x Juventude, 5 de novembro de 2022 - Gabriel Tota e Paulo Miranda (Juventude) - Paulo Miranda levou o cartão amarelo "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), dos quais R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento providenciado por Romário Hugo dos Santos para a conta de Gabriel Tota, para posterior repasse a Jonathan (Paulo Miranda) para que este, também jogador do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador"

5 - Ceará x Cuiabá, 16 de outubro de 2022 - Igor Carius (Cuiabá) - o jogador levou amarelo e o vermelho "A vantagem consistiu na promessa de pagamento em montante total ainda não precisado, porém certo que R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues a Igor Aquino da Silva (Igor Carius) antes mesmo da realização do jogo, para que Igor, jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador".

6 - Sport x Operário, 28 de outubro de 2022 - Fernando Neto (Operário) - o jogador não levou o cartão vermelho "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), dos quais R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) foram efetivamente entregues a Fernando José da Cunha Neto antes mesmo da realização do jogo, para que Fernando, jogador do Operário, fosse punido com cartão vermelho".

7 -Red Bull Bragantino x América (MG), 5 de novembro de 2022 - Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino) - o jogador levou o cartão amarelo "Pagamento de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), dos quais R$ 30.000,00 (trinta mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do Red Bull Bragantino, Kevin Joel Lomonaco fosse punido com um cartão amarelo".

8 - Santos x Avaí, 5 de novembro de 2022 - Eduardo Bauermann (Santos) - o jogador não levou o cartão amarelo "Pagamento em montante ainda não precisado, porém certo que pelo menos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram efetivamente entregues a Eduardo Bauermann antes mesmo da realização do jogo, para que Eduardo, jogador do Santos, fosse punido com cartão amarelo na partida (o que não ocorreu).

9 - Botafogo x Santos, 10 de novembro de 2022 - Eduardo Bauermann (Santos) - o jogador levou o cartão vermelho "Bauermann, apesar de ter aceitado valores na rodada anterior, não "cumpriu" sua parte no acordo ao não ser punido com cartão amarelo. Por isso, na rodada imediatamente seguinte e ainda com a posse da quantia recebida, novamente aceitou a promessa de valores indevidos para, agora, ser expulso na partida".

10 - Palmeiras x Cuiabá, 6 de novembro de 2022 - Igor Carius (Cuiabá) - o jogador não levou o cartão amarelo "Pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para que Igor Aquino da Silva (Igor Cárius), jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida".

11 - Guarani x Portuguesa, 8 de fevereiro de 2023 - Victor Ramos (Portuguesa) - o jogador não cometeu o pênalti "Promessa de pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que Victor Ramos Ferreira, jogador da Portuguesa, cometesse uma penalidade máxima. Posteriormente, em razão de Bruno, Ícaro e Zildo (três dos denunciados) aparentemente não terem encontrado outros jogadores para manipulação de resultado na mesma rodada, os denunciados não efetuaram pagamento antecipado ao atleta e posteriormente não fizeram a aposta na partida).

12 - Red Bull Bragantino x Portuguesa, 21 de janeiro - Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino) - o jogador não cometeu o pênalti Promessa de pagamento de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para que o atleta Kevin Joel Lomonaco, do Red Bull Bragantino, cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo. O jogador não aceitou a proposta"

13 - Esportivo x Novo Hamburgo, 11 de fevereiro de 2023 - Nikolas (Novo Hamburgo) - o jogador cometeu o pênalti Promessa de pagamento de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do Novo Hamburgo Nikolas Santos de Faria cometesse uma penalidade máxima durante a partida"

14 - Caxias x São Luiz, 12 de fevereiro de 2023 - Jarro Pedroso (São Luiz) - o jogador cometeu o pênalti "Pagamento de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), dos quais R$ 30.000,00 (trinta mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do São Luiz Emilton Pedroso Gonçalves Domingues (Jarro) cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo da partida".

Prisões preventivas foram mantidas

A solicitação do Ministério Público foi aceita pelo juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara de Repressão ao Crime Organizado, que manteve a prisão preventiva de Bruno Lopez, Thiago Andrade e Romário Hugo dos Santos, conhecido como Romarinho. Os três envolvidos estão detidos em São Paulo e serão transferidos para um presídio em Goiás.

Colaboração com a Justiça Desportiva

O juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara de Repressão ao Crime Organizado, permitiu que todas as informações e evidências coletadas no processo fossem compartilhadas com a Procuradoria-Geral da Justiça Desportiva, a fim de abrir um processo disciplinar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Este mesmo procedimento já havia sido realizado na primeira fase da Operação Penalidade Máxima.

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