Ídolo na Ásia, campeão brasileiro com o Remo conquista acesso com clube da Indonésia

Beto Gonçalves é o artilheiro da Segunda Divisão local e defende as cores do time do filho do presidente indonésio.

O Liberal
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São mais de 18 mil quilômetros que separam Belém da Indonésia, país do sudeste asiático. Para muitos, a distância é longa, mas para o atacante Beto Gonçalves, de 40 anos, ela pode ser alcançada por meio de gols. Vivendo quase 14 anos no país, o jogador, campeão brasileiro com o Remo em 2005, virou ídolo e move paixões de torcidas apaixonadas.

O capítulo mais recente da história vitoriosa de Beto ocorreu nesta segunda (27). O Persis Solo, clube que defende nesta temporada, bateu o Dewa United e chegou à final da Segunda Divisão da Indonésia. O feito, que não ocorria há 14 anos no país, foi comemorado noite adentro.

Em conversa com a equipe de O Liberal, Beto falou sobre a vida na Ásia. Contou sobre sua experiência como naturalizado e jogador da seleção local. Além disso, falou sobre a relação bastante íntima que existe na Indonésia entre política e futebol.

Persis Solo: o time do presidente

Depois de duas temporadas pelo Madura United, tradicional equipe da elite indonésia, Beto aceitou convite para defender o Persis Solo, equipe que lutava para subir à Primeira Divisão. Segundo Beto, a mudança veio por um pedido especial. Kaesang Pangarep, filho do presidente do país, Joko Widodo, fez um pedido para que o paraense integrasse a equipe na temporada 2021. O contrato de Beto era mais um de um projeto ambicioso elaborado pelo clube.

"O filho do presidente ligou para o dono do meu antigo clube e solicitou meu empréstimo. Além de mim, veio outro brasileiro, o Fabiano, também emprestado. Todos os setores do país estão envolvidos no futebol. Tem um time do exército, outro da polícia... Isso é normal", disse Beto.

Quando a proposta chegou, Beto não perdeu tempo e se mudou para o Persis Solo. A mudança foi benéfica para a carreira do experiente jogador. Na Segunda Divisão, Beto é o artilheiro, com 10 gols.

Presente de aniversário

A final da Segundona Indonésia ocorre no dia 30 de dezembro, um dia antes do aniversário de Beto. O jogador falou sobre a oportunidade de conquistar esse "presente de aniversário" inédito e disse que tem se sentido em casa na Ásia.

"Parece que foi programado. A final é às 21h daqui. Se formos campeões, já vou entrar no ônibus para voltar pro hotel depois de 0h. Então, já volto pra casa campeão", disse Beto.

Camisa 9 da seleção

O sucesso do atacante na Indonésia é tão grande que o caminho até a Seleção pareceu fácil. O jogador se naturalizou indonésio e disputa partidas pelo selecionado nacional desde 2018. Desde lá, Beto já disputou partidas amistosas e jogou nas eliminatórias pra Copa de 2022.

"Acho que foi o primeiro brasileiro a fazer gol nas eliminatórias. Aqui começamos bem antes do que o restante do mundo e, na primeira fase, fiz dois gols contra a Malásia. Apesar disso, fomos derrotados e perdemos a chance de ir ao mundial", disse Beto.

Saudade do Brasil e planos pro futuro

image Atacante Beto Gonçalves quando jogava no Remo (Marcelo Seabra/ Arquivo O Liberal)

Beto explica que encara, atualmente, a Indonésia como extensão de casa. No entanto, a vida no sudeste asiático nem sempre foi tão fácil. O jogador falou sobre as dificuldades no início da vida no exterior, mas disse que a adaptação foi mais fácil do que o esperado.

"No início o problema era a língua. Apesar de ser bem diferente do Brasil, é mais fácil. O outro problema foi a comida, que é mais adocicada e apimentada. Outro ponto foram os costumes. Cerca de 90% do país é mulçumano e seguem todas as regras da religião", disse Beto.

Perguntado sobre um retorno a Belém, Beto deixou claro que está disposto a voltar pro Brasil. No entanto, que terminar a carreira como jogador de futebol. Apesar dos anos de caminhada, ele afirma que pode ajudar ainda mais dentro de campo.

"As vezes bate a saudade da família, mas futebol é o que eu amo. Sou casado e minha esposa é da Indonésia, tenho três filhos aqui. Mas sinto falta do meu filho que mora no Brasil, do meu pai e da minha mãe. Estou aqui porque sigo jogando, mas tenho planos de voltar. Enquanto não estiver passando vergonha dentro de campo, vou continuar jogando", disse.

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