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Caso de Carlos Alberto, do Remo, levanta debate sobre dramas pessoais de jogadores 

Atletas estão sujeitos a doenças variadas. Clubes paraenses alegam monitoramento, acima do solicitado 

Nilson Cortinhas

Em geral, jogador de futebol é 'fominha'. Quer jogar sempre mesmo diante de adversidades, consideradas apenas momentâneas. Nem sempre é o caso. 

O departamento técnico do Remo investigava a queda de produção do meio-campo Carlos Alberto há semanas. O contexto final desse processo foi quando o próprio jogador relatou cansaço excessivo. Nesse momento, o trabalho foi paralelo entre departamento técnico e médico. Foram realizados exames variados. O de sangue apontou anormalidade. Carlos Alberto, no entanto, não tinha noção da gravidade do problema. E chegou a falar que não iria se internar. "Estou bem, doutor!", dizia. Os médicos insistiram. Pelo bem do jogador...   

Menos de uma semana depois, o diagnóstico definitivo: insuficiência da medula, causada por um aplasia - uma doença hematológica rara que é a produção insuficiente de células sanguíneas na medula óssea. Os médicos Henrique Custodio, Jean Klay, do Remo, além de Thiago Xavier, de um hospital particular, explicaram o assunto. Inclusive, eles falaram do risco que o atleta e o clube corriam. Carlos Alberto poderia falecer em uma viagem de avião, por exemplo. Ele foi afastado antes da desgastante ida para o Acre, que durou mais de oito horas.

Não é o primeiro caso de doença séria envolvendo um jogador de futebol. Infelizmente, não será o último, dada a imprevisibilidade de doenças desse tipo. No Paysandu, em 2004, o então volante Bebeto Campos foi impedido de seguir carreira em função de um problema cardíaco.     

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Explicações  

O Remo alegou que a aplazia, a doença desenvolvida por Carlos Alberto, é silenciosa. O jogador está no clube há três meses. Seu contrato é de empréstimo obtido junto a Portuguesa Santista. No primeiro turno, destacou-se como um meia veloz e habilidoso. Tornou-se titular rapidamente. 

O questionamento que surgiu é como o clube não conseguiu identificar o caso antecipadamente, evitando o risco de óbito que não se consumou, felizmente. 

Médico cardiologista, Henrique Custodio argumentou que são realizados sistematicamente, assim que o atleta é contratado pelo clube, exames musculoesqueléticos, cardiológicos e laboratoriais. Também médico do Remo, Jean Klay, enumerou que o clube procede com 32 exames destinados aos atletas do elenco. "A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) exige oito exames laboratoriais, nós fazemos 32. Traçamos um perfil detalhado e individualizado", relatou. "Assim que o Carlos Alberto chegou, há três meses, foram feitos todos os exames. Nenhum exame apresentou alteração. Ele jogava num nível alto. De um mês para cá, o nível caiu. Ele teve um caso de cefaleia. E repetimos os exames. O resultado crítico. Foi quando começamos a internação e transfusão". O Hemopa e o clube fizeram campanhas de doação de sangue. A solução do quadro clínico pode se dá com o transplante de medula. Irmãs do jogador farão os testes de compatibilidade.   

 Jean Klay falou que há demandas semanais de problemas com atletas, desfazendo, portanto, a ideia de que o todo atleta é saudável.  

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