Saúde mental é uma das principais causas de afastamento no trabalho, afirmam especialistas

Cerca de 8% dos profissionais brasileiros sofrem com o burnout e 43% relataram sintomas depressivos, segundo pesquisa realizada pela empresa Gattaz Health & Results

Luciana Carvalho
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A saúde mental é um dos temas mais importantes a ser tratados no contexto profissional. No ano de 2023, esse assunto se tornou um dos mais relevantes nas empresas, pois, além de ser essencial para uma vida tranquila e equilibrada, também possibilita que as pessoas possam trabalhar e produzir com mais eficácia e qualidade.

Uma pesquisa realizada pela empresa Gattaz Health & Results mostra que 18% dos profissionais brasileiros sofrem com o burnout. Além disso, 43% relataram sintomas depressivos, com 13% tendo sido diagnosticados com a doença; e 24%, queixas relacionadas à ansiedade.

Segundo Silvia Pires, especialista em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO), antes da pandemia da Covid-19, o mundo já enfrentava um alto nível de solidão em escala global, resultando em maior ansiedade, depressão e frustrações. Atualmente, a conexão entre trabalho e saúde mental do colaborador tornou-se de extrema importância. 

“De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 18 milhões de brasileiros lidam com algum tipo de distúrbio relacionado à ansiedade. Esse número coloca o Brasil no topo das nações mais ansiosas do mundo, além do alto nível de estresse ocasionados pela intensidade de informações, pressão no trabalho e a autocobrança. Muitas empresas ainda não se atentaram para a importância de manter um equilíbrio de bem estar nas organizações. Dessa maneira, a discussão sobre saúde mental no trabalho precisa, sim, ultrapassar os muros corporativos e integrar as conversas que acontecem dentro das empresas”. 

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A especialista explica que os casos relacionados à falta de saúde mental no trabalho geralmente são identificados por meio de ações de atendimento quando os colaboradores procuram os recursos humanos em busca de apoio e acolhimento. Além disso, as percepções das lideranças e da equipe de trabalho também contribuem para essa identificação, observando indiferença, ausências frequentes, baixo interesse e baixa produtividade como sinais de possível problema na saúde mental dos colaboradores. “Nas ações de estudo do clima organizacional, é possível detectar os sentimentos e percepções dos colaboradores. Outro ponto importante para identificação é a análise das causas de absenteísmo por atestados médicos e doenças relacionadas à saúde mental. Em resumo, alguns sinais de possíveis problemas de saúde mental no ambiente de trabalho incluem baixa produtividade, atrasos frequentes, preocupação excessiva com o salário, dificuldade em trabalhar em equipe, endividamento, problemas pessoais e emocionais, entre outros. Esses indicadores podem ajudar a empresa a entender melhor a situação e tomar medidas para promover um ambiente de trabalho mais saudável e apoiador para seus colaboradores".

Para alcançar uma qualidade de vida no trabalho mais efetiva e prática, a especialista diz que  as empresas devem possuir processos sólidos de gestão de pessoas e trabalhar em conjunto com as lideranças. “Nesse sentido, é importante desenvolver um projeto de saúde mental, com foco em medidas preventivas, conscientização sobre saúde mental, prática de escuta ativa, acolhimento e intervenção adequada. Além disso, as empresas devem fornecer maior apoio no tratamento das pessoas afetadas, garantindo seu afastamento se necessário, mas também promovendo sua reintegração ao ambiente de trabalho.” pontua.

Direitos do colaborador

A garantia à saúde é um direito humano básico, assegurado pela Constituição Federal de 1988. Portanto, a saúde mental no trabalho também é um direito fundamental. De acordo com a Advogada Trabalhista Empresarial, Camila Linhares, atualmente, problemas relacionados à saúde mental no trabalho têm sido uma das grandes causas de afastamento. Mas, segundo a especialista, estes afastamentos precisam ser justificados por atestados e laudos médicos.

“Como as doenças emocionais são subjetivas e variam de caso para caso, são necessárias documentações médicas e, algumas vezes, perícias médicas judiciais, para atestar a incapacidade para o trabalho decorrente de problemas na saúde mental do trabalhador causadas por um ambiente de trabalho danoso.  Alguns dos trabalhadores que procuram o judiciário requerendo indenização por danos morais causados por assédio,  já passaram por afastamentos no INSS, permanecendo de benefício previdenciário. Inclusive, a falta de saúde mental tem sido uma das principais causas de benefícios previdenciários. O burnout, por exemplo, recentemente passou a ser considerado doença ocupacional, isto é, decorrente do trabalho”, explica a advogada trabalhista.

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Camila destaca que o primeiro passo diante de situações assediadoras, que podem levar ao estresse excessivo e burnout no ambiente de trabalho, é denunciar o ocorrido dentro da própria empresa. Essa denúncia pode ser feita por meio de algum canal específico para esse fim ou diretamente ao setor de Recursos Humanos. Caso necessário, é possível também recorrer ao sindicato ou ao Ministério Público do Trabalho. Além disso,  a advogada destaca que é fundamental buscar ajuda médica especializada, uma vez que o diagnóstico e o tratamento adequado de doenças relacionadas à saúde mental, como o burnout, exigem a avaliação de um psiquiatra.

“Mediante a comprovação por laudo médico e com pessoas que possam testemunhar na justiça, o empregado pode ajuizar uma ação trabalhista. Infelizmente, muitos trabalhadores demoram a buscar ajuda devido ao medo de perder o emprego. Os problemas de estresse e burnout, geralmente surgem após enfrentarem uma série de questões menores e rotineiras que, por medo das consequências, acabam não sendo denunciadas”.

 Saiba quais sintomas podem indicar falta de saúde mental no trabalho

Ansiedade: apresentam sintomas muito semelhantes aos do estresse associados com uma intensidade de negatividade no futuro. Tudo é e será um problema, todas as possíveis variações de problemas que poderiam acontecer em relação à um determinado assunto.

Burnout: O quadro evolutivo é caracterizado por sintomas de estresse, ansiedade, depressão, sentimentos de inferioridade e perfeccionismo, resultando em um "bug" mental. Isso leva à improdutividade e dificuldade de funcionar adequadamente, com problemas na memória, esquecimentos simples e manifestações físicas, como desmaios, vômitos ou crises de choro.

Compulsões e dependências: a pessoa desenvolve um vício na tentativa de procurar alívio de um dia a dia infeliz. Desde compulsões alimentares até vício em jogos ou em substâncias podem estar associados.

Depressão: diversos sintomas físicos do estresse podem estar associados ao quadro deprimido. Mas o que caracteriza é o excesso de passado. A pessoa sempre pensa que o “ontem” sempre foi muito melhor que hoje e não tem esperança para o futuro.”

Estresse: o estresse é a descarga de cortisol em nosso organismo e nos faz ficar em constante alerta. Os sintomas são físicos e emocionais, porém, cada indivíduo terá um conjunto diferente do outro. Os sintomas mais comuns são: problemas no sono, problemas gastrointestinais, suar frio, boca seca, dores de cabeça, tensão muscular, tremores nas mãos e sudorese.

Transtornos relacionados ao sono: atraso de fase (atrasar o horário de dormir e acordar) em decorrência do excesso de trabalho, ou o avanço de fase (acordar mais cedo para trabalhar) são quadros comuns. A insônia também é um dos sintomas (como acordar antes do horário, no meio da noite ou ter dificuldade para dormir pelas preocupações e pensamentos relativos ao trabalho) e até pesadelos constantes pelo medo intenso de falhar.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Elisa Vaz, repórter do Núcleo de Política).

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