Baixa da Selic para 10,75% impacta no meu bolso? Especialista explica

A taxa possui um papel importante na economia, influenciando variáveis como inflação, crédito, investimentos e até mesmo o mercado imobiliário

Amanda Engelke
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na última quarta-feira (20) a sexta redução seguida da taxa básica de juros (Selic), passando de 11,25% para 10,75% ao ano. A decisão unânime do colegiado, de acordo com o comunicado divulgado, visa a contingência para este e para o próximo ano. Os cortes de 0,5 ponto percentual na taxa ocorrem desde agosto de 2023. No início dos cortes, a Selic estava em 13,75% ao ano.

Para entender como a Selic afeta no dia a dia da população e qual o impacto desta nova redução no bolso dos paraenses, conversamos com dois especialistas locais: o economista Nélio Bordalo Filho, do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (Corecon PA/AP); e Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA).

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Borlado aponta que um dos principais impactos da redução é a possibilidade de crédito mais barato. “Existe uma tendência para que as taxas de juros de empréstimos e financiamentos também diminuam. Com crédito mais barato e potencialmente maior disponibilidade de recursos, os consumidores podem se sentir mais propensos a gastar, o que pode impulsionar a economia, especialmente em setores como imobiliário e automotivo”, destaca.

Quando o assunto é o preço dos alimentos e o custo com a alimentação básica, Everson Costa explica que não haverá grandes impactos, pelo menos de maneira imediata. “Para esse alimento chegar mais barato ao consumidor final temos que levar em conta fatores como a produção, o frete e os insumos. Dependeria de uma produção em grande escala, automaticamente com preços equilibrados e com o frete que possa distribuir isso mais barato”, explica.

A possibilidade, entretanto, de se sentir redução nos preços a longo prazo aumenta consideravelmente. “É inegável que quando você tem uma economia que gira com juros mais baixos, você potencializa a capacidade de investimentos porque o crédito fica mais barato. A indústria de alimentos tem mais condições e, até mesmo o setor do agronegócio como um todo, de estar buscando recursos para aumentar a produção, por exemplo”, avalia Everson.

Afinal, no que influencia a Selic?

Crédito e financiamentos

Com a taxa Selic mais baixa, os bancos tendem a reduzir as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos. Isso significa que o crédito pode ficar mais barato, facilitando a aquisição de bens de maior valor como carros e imóveis, além de estimular o consumo e a produção.

Investimentos

Para os investidores, a redução da Selic pode representar a necessidade de buscar alternativas mais rentáveis. Investimentos atrelados à Selic ou à taxa DI (Depósito Interbancário), como alguns títulos do Tesouro Direto e a poupança, tendem a render menos com a queda da taxa básica de juros.

Inflação

A taxa Selic é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para controlar a inflação. Em teoria, uma Selic menor poderia estimular o consumo e, consequentemente, aumentar a inflação. No entanto, o Comitê de Política Monetária estima que a inflação se mantenha dentro da meta nos próximos anos, mesmo com essa redução.

Mercado imobiliário

No mercado imobiliário, a redução da Selic pode tornar o financiamento de imóveis mais atrativo, estimulando a compra e venda de propriedades e, consequentemente, a construção civil. Isso pode beneficiar tanto quem deseja comprar um imóvel para morar quanto quem investe em imóveis para alugar ou vender.

Preço dos alimentos

Embora não afete diretamente a cesta básica de alimentos, a redução tem impacto amplo na economia, incentivando investimentos em diversos setores, inclusive na indústria de alimentos e no agronegócio. A facilitação do crédito, resultado de juros mais baixos, potencializa a capacidade de investimento, beneficiando tanto a produção quanto a distribuição.

Inflação projetada para este ano é de 3.5%

O comunicado divulgado pelo Copom na última quarta-feira contextualiza que as expectativas de inflação para 2024 e 2025, apuradas pela pesquisa Focus, são de cerca de 3,8% e 3,5%, respectivamente. Já as projeções do Copom são mais “otimistas”, ficando em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025. No que diz respeito à inflação de preços administrados, as projeções do colegiado são de 4,4% para 2024 e de 3,9% para 2025.

No comunicado ainda, o Copom alertou para fatores de risco que podem afetar a inflação, como as pressões inflacionárias globais e a resiliência na inflação de serviços. No entanto, também observou riscos de baixa, como uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada. Neste sentido, a decisão de reduzir a taxa de juros “suaviza” as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o emprego pleno.

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