Sede da COP 28, Dubai fatura mais com turismo do que com petróleo

Investimentos na área, realizados pelo emirado árabe, podem apontar caminhos para preparação de Belém para receber a COP 30

Ádria Azevedo e Fábia Sepêda | Especial para O Liberal
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Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio, esteve no centro das atenções do mundo nos últimos dias, como sede da 28ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28. A recepção a cerca de 70 mil participantes, de todas as partes do mundo, reforça uma das principais vocações econômicas do emirado: o turismo.

A receita dessa atividade, em Dubai, já ultrapassou a receita oriunda do petróleo. O acelerado desenvolvimento financiado pela atividade petrolífera possibilitou a transformação de Dubai em uma potência turística, mas os líderes do emirado, desde a década de 70, decidiram diversificar a economia, investindo em infraestrutura, tecnologia e turismo.

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“Eles sabem que o petróleo um dia vai acabar, é finito. Eles foram espertos, eles foram inteligentes, porque eles usaram o dinheiro do petróleo para ir abrindo outras áreas, e o turismo é uma delas. Não é à toa que a gente vê muitos hotéis, hotéis 5 estrelas, a gente vê muitas atrações, muitos shoppings. Eles estão trazendo bastante atração para cá, então essa é a forma que eles têm de focar no turismo. É a ideia deles para manter a receita vindo”. 

O relato é de Anderson Bezerra, brasileiro dono de uma empresa de turismo em Dubai, focada em receber principalmente turistas brasileiros. Morando há 12 anos no emirado, inicialmente ele foi para Dubai,  juntamente com a irmã, Gabriele Weltner, convidado para trabalhar no setor hoteleiro, com um grupo de outros 30 brasileiros.

Para Gabriele, além dos investimentos em atrações, que tornam a cidade de Dubai um eterno canteiro de obras, o convite a estrangeiros para trabalhar no setor turístico é outro indicativo da preocupação com o setor.

“Daí já dá pra entender como Dubai cresce anualmente. A partir do momento que eles contrataram lá no Brasil, 30 brasileiros para trabalhar em hotel aqui, é que o país já tinha a perspectiva muito grande de crescimento. Então foi por isso que a gente veio. E não para de crescer, desde então”, conta a empresária. Para garantir o sucesso do setor, guias turísticos só são licenciados após treinamento do governo, processo pelo qual Anderson e Gabriele passaram.

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Grandiosidade

A cidade de Dubai é superlativa: tem o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa; o maior shopping do mundo, o Dubai Mall; o único hotel 7 estrelas do mundo, o Burj Al Arab; e a maior fonte artificial do mundo, onde diariamente turistas se reúnem para ver a dança das águas. Por isso, o destino se tornou o principal do turismo arquitetônico no mundo, e a segunda cidade mais visitada no planeta em 2022, perdendo apenas para Paris: 15 milhões de turistas passaram por lá no ano passado.

Além dos atrativos da área urbana, o emirado também oferece passeios no deserto, muito procurado pelos turistas. O safári por extensas áreas de areia envolve apreciação das paisagens desérticas, contato com animais locais, como camelos, falcões e órix, e um mergulho nas tradições árabes. O passeio termina em um acampamento no estilo beduíno, onde são servidas comidas típicas, acompanhadas de apresentações tradicionais.

A norteamericana Lissa Jacobson, participante da COP 28, foi uma das turistas que fez o passeio no deserto. Ela aprova a atuação do emirado na área turística. “Eles fazem um trabalho muito bom mostrando seu ambiente natural e sua cultura. É um prazer estar aqui”, disse.

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Engenheira da área de energia e meio ambiente, Lissa também deve participar da COP 30, em 2025, em Belém, e tem expectativas para o turismo na região amazônica. “Eu estou muito animada. Nunca fui na Amazônia antes, eu gostaria muito de vê-la e voltar para casa e contar sobre a cultura e as belezas. Eu não sei quais são as minhas opções [de passeios turísticos], então espero que as Nações Unidas nos ajudem a entender todas as coisas incríveis que se pode fazer”, propõe.

Potencial turístico do Pará

A fala de Lissa Jacobson chama atenção para a necessidade de investimentos no setor turístico, para receber os cerca de 80 mil visitantes que são esperados em Belém para a COP 30. 

Apesar de todos os seus atrativos naturais, culturais e gastronômicos, o Estado do Pará não figura entre os principais destinos de interesse de turistas estrangeiros, que optam por conhecer as regiões Sudeste, Nordeste e Sul. O mesmo acontece com o interesse dos próprios brasileiros. 

Quando o paulista Kauê Abbehausen decidiu conhecer Belém, foi questionado por amigos sobre o que faria na capital paraense. “As pessoas têm uma visão preconceituosa de que não tem coisa para fazer, não tem estrutura para receber”, relatou. Mas ele mesmo ficou surpreendido pelas belezas naturais da região. 

Porém, ele concorda que é preciso melhorar a estrutura ofertada. “Eu acho que é tudo um pouco improvisado, feito do jeito que dá, e isso dificulta o turismo e até a realidade dos próprios moradores. Por consequência, isso afasta os turistas de querer conhecer Belém”, lamenta. 

Para quem trabalha com turismo no Estado, existe uma preocupação com a organização para a COP 30. Raquel Ferreira, dona de uma agência no setor, acredita que precisa haver uma preparação intensa para 2025. “O paraense precisa tomar isso para si, e provar que tem muito a mostrar e muito a oferecer”.

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