Saiba como enfrentar o medo excessivo de usar serviços financeiros digitais

Psicólogo e especialista em Tecnologia da Informação no setor bancário explicam como os usuários podem participar da inclusão digital com segurança

Gabriel da Mota
fonte

Com o avanço tecnológico cada vez mais presente em nossas vidas, serviços financeiros digitais como o Pix têm ganhado destaque como opções rápidas, seguras e convenientes para transações financeiras. No entanto, muitas pessoas ainda resistem ao uso dessas tecnologias, principalmente devido ao medo de serem vítimas de fraudes e roubos cibernéticos. Quando esse medo se torna excessivo, é preciso ter cuidado.

O psicólogo Harrison de Oliveira, especialista em Atenção Primária à Saúde, explica que o medo é uma resposta natural de autopreservação, adaptação e sobrevivência, mas se torna prejudicial à saúde quando interfere significativamente na vida diária de uma pessoa. “Quando esse medo ultrapassa seu propósito adaptativo e começa a afetar a saúde, pode resultar em sentimentos de ansiedade, estresse elevado e até mesmo sintomas  físicos (psicossomáticos). Esse fenômeno pode ser exacerbado quando associado a experiências coletivas de fraudes e golpes financeiros online, que se tornam símbolos  poderosos de desconfiança e vulnerabilidade”.

As mudanças tecnológicas, como o avanço dos serviços financeiros digitais, podem gerar medo em pessoas de todas as faixas etárias, embora a maneira como esse medo se manifesta possa variar. “Indivíduos mais jovens podem estar mais familiarizados e confortáveis com a tecnologia, mas ainda podem experimentar medo em relação a possíveis golpes ou violações de privacidade. Por outro lado, as pessoas mais velhas podem sentir mais ansiedade devido à falta de familiaridade com novas tecnologias e à percepção de uma curva de aprendizado mais íngreme”, ressalta o psicólogo. 

Possibilidade de exclusão digital 

De acordo com Harrison, a possibilidade de ficar de fora da inclusão digital pode agravar a situação, em vez de estimular seu enfrentamento. “A exclusão digital pode levar a sentimentos de isolamento, falta de autonomia e insegurança em relação às novas tecnologias. Isso pode amplificar o medo existente ou despertar sentimentos e pensamentos que anteriormente não se faziam presentes, já que a pessoa se sente incapaz de participar plenamente da sociedade e pode se perceber como mais suscetível a fraudes ou golpes”. 

Para o enfrentamento deste e de qualquer outro medo excessivo, o psicólogo elenca que é preciso, primeiramente, reconhecê-lo. Além disso, a busca por suporte emocional, e a exposição gradual ao que desperta gatilhos, bem como a busca por ajuda profissional podem ajudar a lidar com a questão. 

Alexandre Ichihara é analista de TI em uma instituição bancária e membro das comissões Estadual de Privacidade e Proteção de Dados (TJ-PA) e de Compliance, Combate à Corrupção e à Improbidade Administrativa (OAB-PA). Ele explica que, em relação aos dados pessoais, em 2018 foi promulgada no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) com objetivo de proteger o cidadão brasileiro e regular a utilização de seus dados pessoais, evitando o seu uso abusivo ou ilícito e trazendo mais segurança jurídica aos que operam estes dados pessoais que são a maioria das pessoas jurídicas no Brasil. 

“Além do cumprimento das obrigações legais e regulatórias, os bancos investem na contratação de tecnologia de ponta para proteção dos dados, como hardwares e softwares específicos, inteligência artificial, criptografia, identificação e validação de clientes, controles de acessos etc., assim como de profissionais e empresas altamente reconhecidas no mercado da segurança da informação”, explica Alexandre, que também ressalta o investimento realizado em treinamentos para todo corpo funcional bancário sobre o entendimento e aplicação da segurança da informação no dia a dia.

Quais as chances de os usuários terem seus dados vazados pelos bancos? 

“Invadir ambientes bancários e extrair informações dos bancos, incluindo os dados de seus clientes, é uma tarefa complexa. Porém, se ao utilizar conhecimento técnico é mais difícil, os golpistas voltam-se para o outro lado e investem seus esforços sobre os clientes, muitas vezes valendo-se da engenharia social, que são técnicas de manipulação psicológica que exploram erros humanos com objetivo de alcançar informações sigilosas e acessos a coisas de valor, para vazar os dados dos clientes”. 

Alexandre também destaca outra forma de acessar dados de clientes: a infiltração de pessoas mal-intencionadas, como empregados ou prestadores de serviços (também conhecidos como insiders), nos ambientes de trabalho das instituições bancárias, para receber acesso privilegiado a certas operações e informações, o que leva os bancos a necessidade de investir numa avaliação diferenciada na contratação de seu corpo funcional.

“Os golpistas sempre buscam ganhar a confiança de suas vítimas ou fazer com que elas tomem decisões por impulso”, afirma o especialista em TI no setor bancário. Por isso, é importante atentar para algumas as características abaixo: 

- Ofertas muito vantajosas, como: propostas incríveis de investimentos, cartão de crédito com alto limite para negativados, soluções que resolvem problemas complicados de forma instantânea etc. O famoso “bom demais para ser verdade”. 

- Sentido de urgência, para que a vítima haja por impulso e tome decisões precipitadas. Promoção de produtos ou serviços que expiram naquele momento ou um “conhecido” pedindo dinheiro emprestado para resolver um imprevisto que o está colocando em risco.  

- Solicitação de informações desnecessárias, principalmente pessoais (número de cartões, senhas etc.). 

- Pedido para clicar em links enviados ou para baixar aplicativos. Fique atento para o redirecionamento a páginas web estranhas ou aplicativos que não são oferecidos nas lojas oficiais.       

Alexandre reforça que os bancos não ligam para solicitar instalação de aplicativos em celular, pedindo senhas ou número do cartão, nem pedem para que o cliente realize transferências ou pagamentos. Clicar em links enviados é muito perigoso e pode realizar instalação de softwares maliciosos, como os vírus. “Caso desconfie de algo, tente utilizar, preferencialmente, outro celular para entrar em contato com o banco através de seus canais oficiais para esclarecer a situação e confirmar o ocorrido”, finaliza.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA