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Não é preciso ser rico para investir; saiba como diversificar aplicações para alcançar estabilidade

Especialista dá dicas de como começar a busca por boa rentabilidade

Amanda Engelke
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A diversificação de investimentos, antes vista como estratégia para os mais ricos, é cada vez mais aconselhada por especialistas a todos que buscam estabilidade financeira e um futuro próspero. Leonardo Cardoso, assessor de investimentos, desmistifica a ideia de que "apenas os ricos podem investir". Ele reforça que diversificar é uma prática prudente para todos, independentemente do tamanho do patrimônio: é essencial não concentrar todos os recursos em um único investimento.

Cardoso, que atua no mercado há cinco anos, explica que o conceito de investimento e de diversificação da carteira de aplicações têm evoluído significativamente, principalmente nos últimos tempos: "Há alguns anos tentamos desmistificar essa crença de que somente ricos podem investir. Há uma frase famosa no mercado que diz: você não precisa ser rico para investir, mas caso você queira ficar rico, precisará investir".

Começar, entretanto, requer certo “estudo”. O assessor pontua que um dos principais obstáculos para novos investidores é a falta de conhecimento sobre os produtos financeiros e instituições confiáveis. "Na maioria dos casos, todo mundo começa sempre olhando para um único prisma: a rentabilidade. Com isso, muitas vezes, esse novo investidor acaba desconsiderando outros pontos muito importantes, como a segurança envolvida”, diz Leonardo.

Quero investir, mas como começar?

Para começar, Cardoso sugere focar na construção de uma reserva financeira. "O primeiro passo é buscar aplicações mais seguras e com a possibilidade de resgate rápido, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário) de liquidez diária (pode retirar o dinheiro investido a qualquer momento, sem prejuízos), que remunerem a partir de 100% do CDI, Tesouro Selic ou até mesmo fundos de renda fixa com boa performance e baixas taxas de administração”, aconselha o especialista.

image Cardoso atua no mercado como assessor há 5 anos e aconselha considerar a segurança envolvida. (Arquivo Pessoal)

O CDB nada mais é do que um investimento onde se empresta dinheiro a um banco e, em troca, obtém um retorno após um determinado período. Existem dois tipos: os prefixados, que têm uma taxa de juros definida na compra, e os pós-fixados, cuja rentabilidade é vinculada a índices como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Este índice reflete a taxa Selic e é comumente usado para empréstimos entre bancos.

Geralmente, os CDBs rendem entre 100% a 120% do CDI, o que significa que se a Selic for de 10,75% ao ano (definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central - Copom, em reunião realizada no último dia 20 de março) o rendimento anual do CDB girará em torno desse percentual, já descontados os impostos incidentes sobre o investimento. Neste caso, os impostos são regressivos, conforme o período aplicado, variando entre 22,5% (até 6 meses) e 15% (acima de 2 anos).

Veja a tabela regressiva IR

- Aplicações com prazo de até 180 dias: alíquota de 22,5%;

- Aplicações com prazo de 181 a 360 dias: alíquota de 20%;

- Aplicações com prazo de 361 a 720 dias: alíquota de 17,5%;

- Aplicações com prazo acima de 720 dias: alíquota de 15%.

*Além do Imposto de Renda, há incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no resgate de investimentos em CDB com menos de 30 dias de aplicação. A alíquota do IOF varia de 96% a 0% conforme o número de dias aplicado, diminuindo progressivamente até zerar após 30 dias.

O Tesouro Selic é um título público que rende conforme a taxa Selic. É considerado um dos investimentos mais seguros, pois é garantido pelo governo federal, e oferece liquidez diária, permitindo resgates a qualquer momento sem grandes perdas. Já os fundos de renda fixa investem em ativos de renda fixa como títulos públicos e CDBs. São gerenciados por profissionais e oferecem rentabilidade previsível e diversificação automática dentro da renda fixa.

Diversificar, não pulverizar

Quanto às vantagens e desvantagens de diversificar para quem não é rico, Leonardo Cardoso destaca que existe uma grande diferença entre “diversificar” e “pulverizar” capital. “Quando você diversifica bem, faz isso em classes de ativos e produtos de investimento alinhados aos seus objetivos", diz. Ele adverte sobre o risco de pulverizar demais os investimentos, o que pode levar à perda de controle sobre os recursos e dificuldades em manter investimentos consistentes.

Diversificar, conforme explica o assessor, é espalhar investimentos entre diferentes classes de ativos e produtos financeiros de forma estratégica e com um objetivo claro. O objetivo aqui é reduzir o risco geral do portfólio, protegendo-o contra grandes perdas caso um setor ou mercado específico enfrente dificuldades. A diversificação deve ser bem pensada e equilibrada, levando em consideração os objetivos de longo prazo e a tolerância ao risco do investidor.

Pulverizar, por outro lado, ocorre quando um investidor espalha seu capital entre muitos investimentos sem uma estratégia ou objetivo claro. Isso pode levar à sobreposição desnecessária, desorganização e até perda de controle sobre a performance geral dos investimentos. Pulverizar demais pode também resultar em custos mais altos de transação e dificuldades em monitorar e ajustar o portfólio adequadamente, potencialmente comprometendo a eficácia do investimento.

É possível diversificar por conta própria?

Quando o assunto é autogerir, Leonardo é cauteloso. "No mercado financeiro não existe almoço grátis. O maior risco que o investidor corre é não saber o que está fazendo", diz. Ele aconselha que, especialmente para quem já possui um capital significativo, pode ser benéfico buscar aconselhamento financeiro com profissionais certificados. Além disso, ele ressalta a importância de uma boa organização financeira: "Não adianta saber investir se você não consegue fazer sobrar dinheiro no mês a mês".

Veja as principais opções de investimento 2024

Para quem está considerando diversificar seus investimentos em 2024, listamos algumas das principais opções disponíveis no mercado, cada uma com características específicas que podem atender a diferentes objetivos financeiros:

CDBs

- Pré-fixados: Taxa de juros fixa no momento da compra.

- Pós-fixados: Rentabilidade atrelada ao CDI, seguindo a taxa Selic.

Tesouro Direto

- Tesouro Selic: Ideal para reservas de emergência, com liquidez diária.

- Tesouro IPCA: Proteção contra a inflação com rendimentos reais.

- Tesouro Prefixado: Rendimento fixo conhecido no ato da compra.

Fundos de Renda Fixa

- Diversificam automaticamente em diferentes ativos de renda fixa sob gestão profissional.

Fundos Imobiliários (FIIs)

- Rendimentos mensais de alugueis e potencial de valorização de imóveis.

Ações

- Oportunidade de ganhos com valorização e dividendos, maior potencial de risco e retorno.

ETFs (Fundos de Índice)

- Baixo custo e diversificação instantânea, replicando índices de mercado.

Previdência Privada

- Planejamento para aposentadoria com benefícios fiscais, adequado para metas de longo prazo.

Quanto renderia R$ 1 mil no CDB, na poupança e no Tesouro Selic?

Em relação ao retorno, considerando um investimento inicial de R$ 1 mil, sem aportes mensais, os números revelam que tanto o Tesouro Selic quanto o CDB apresentam taxas de retorno mensal e anual superiores à poupança. Após um ano, o valor investido na poupança cresceria para cerca de R$ 1.072,02, enquanto no Tesouro Selic e no CDB atingiria aproximadamente R$ 1.085,65 e R$ 1.087,86, respectivamente. Em um mês, o ganho líquido também é menor na poupança. 

Rendimento mensal

Tipo de investimento Valor bruto acumulado Rentabilidade bruta Custos Valor pago em IR Rentabilidade líquida Ganho líquido
Poupança R$ 1.005,81 0,58% R$ 0 R$ 0 0,58% R$ 5,81
Tesouro Selic R$ 1.008,47 0,85%  R$ 0,17 R$ 1,91 0,64% R$ 6,40
CDB R$ 1.008,47 0,85% R$ 0 R$ 1,91 0.66% R$ 6,56

Rendimento anual

Tipo de investimento Valor bruto acumulado Rentabilidade bruta  Custos Valor pago em IR Rentabilidade líquida Ganho líquido
Poupança R$ 1.072,02 7,20% R$ 0 R$ 0 7,20% R$ 72,02
Tesouro Selic R$ 1.106,50 10,65% (DI) R$ 2,21 R$ 18,64 8,56% R$ 85,65
CDB R$ 1.106,50 10,65% (DI) R$ 0 R$ 18,64 8,79% R$ 87,86

*Os cálculos consideram taxas de juros e inflação constantes ao longo do período e são baseados nas taxas de juros atuais e inflação projetada para os próximos 12 meses. É considerado o custo de 0,2% ao ano de custódia para aplicações no Tesouro, inclusive Tesouro Selic. O cálculo de IR segue a tabela regressiva, começando em 22,5% e caindo para 20% a partir de 6 meses, 17,5% em 12 meses e 15% em 24 meses.

*DI ou taxa DI (Depósito Interbancário) é referência para grande parte dos investimentos de renda fixa. O DI é uma média do custo de empréstimos realizados entre bancos, via CDI, que acompanha a Selic. Geralmente, o DI equivale à Selic descontada de 0,10 ponto percentual.

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