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Restaurantes alteram cardápios para se adaptar a altos preços

Empresários relatam valores dos insumos acima da média e escassez no mercado

Elisa Vaz
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A alta de preços nos supermercados e feiras de Belém tem feito muitas pessoas reduzirem as compras, ou substituírem produtos, para economizar. Além dos consumidores finais, as empresas também têm feito a mesma coisa, e alguns estabelecimentos já estão mudando seus cardápios para driblar os constantes aumentos repassados pelos fornecedores.

É o caso de uma hamburgueria de Belém, localizada na avenida Alcindo Cacela, chamada Black Burger, que parou de vender um hambúrguer de salmão e substituiu por outras carnes brancas: a de frango e a de porco. Dessa forma, a empresa continua dando opções para quem não consome carne vermelha, mas por um preço mais acessível.

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O gerente da hamburgueria, Rodrigo Cruz, explica que o hambúrguer de salmão era o único de carne branca no cardápio, mas que, com a alta de preços, precisou ser substituído. “Fizemos isso porque o valor do salmão praticamente dobrou. Estávamos notando as altas desde o início do ano e não tínhamos como continuar oferecendo ele porque o preço subiria muito para os clientes. Então optamos por fazer a troca, e hoje temos o blend suíno e o de frango, que são opções bem mais em conta. Assim, conseguimos ofertar produtos que não têm carne vermelha e mais baratos”, afirma.

Agora, pelo menos por enquanto, os produtos devem ser mantidos, e nenhum outro insumo deve ser substituído por conta do preço. Mas, como o cardápio do estabelecimento nunca é definitivo e varia de acordo com as opções do mercado, caso o salmão tenha o preço reduzido, a empresa voltará a vender o hambúrguer com essa carne, já que era um item constantemente pedido pelos consumidores.

Além da substituição, Rodrigo conta que outra forma de reduzir preços encontrada pela hamburgueria foi criar uma categoria no cardápio, com hambúrgueres mais simples. “Criamos versões mais básicas dos nossos hambúrgueres, com itens em preço mais em conta e menos ingredientes. O custo é alto para montar os tradicionais, então agora tem esse novo departamento no cardápio”, diz. Quanto ao movimento, o gerente comenta que tem sido instável e a demanda ainda não está normal. O público vai mais ao local em dias de promoções e em datas específicas.

Outro estabelecimento que suspendeu itens do cardápio foi a pizzaria Forno Expresso. A empresa divulgou em sua conta no Instagram a seguinte mensagem: “Devido à alta do preço do filé e a sua escassez, iremos suspender temporariamente as pizzas de filé com catupiry, churrasquinho, filé acebolado, filé com bacon e strogonoff de filé. Iremos também substituir estes sabores no rodízio. Informaremos quando o fornecimento normalizar”. A reportagem do Grupo Liberal tentou contato com as três unidades da empresa, mas não obteve retorno.

De acordo com o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRB-PA), Fernando Soares, a mudança de cardápio depende de cada empresa, e antes de tomar a medida é preciso avaliar o público que frequenta o restaurante, qual classe ele atende e quais são os produtos mais vendidos. Em geral, ele diz que as empresas estão apenas retirando itens da carta, mas que, caso algum cliente peça, haverá a produção, porque há insumos no estoque.

“Entre os restaurantes associados, pelo menos dois ou três nos disseram isso. Por exemplo, você tem um prato com lagosta, e é difícil de sair porque é cara, então a pessoa guarda no estoque e faz o prato caso algum cliente queira, mas tira do cardápio”, conta. Segundo Fernando, a retirada desses produtos se deve ao não consumo pelos clientes em razão do preço alto, como é o caso da lagosta, do filé e do salmão, os três já citados.

O assessor explica que está-se criando uma carestia muito grande, na medida em que aumentam os preços dos insumos, e o empresário é “obrigado” a repassar automaticamente aos clientes. Isso é influenciado pelos aumentos nos preços da energia elétrica, do gás e de todos os produtos alimentícios utilizados para produzir determinado prato, o que acaba chegando ao consumidor. Um dos resultados dessa carestia é o desabastecimento do mercado. Com o aumento de preços de insumos desde a origem até a mesa do consumidor, o mercado local não compra como antes. Isso faz com que as vendas sejam direcionadas para Estados e países de fora, e o que sobra tem preço elevado, afirma Fernando.

“Isso é muito ruim porque o setor está começando a se recuperar agora. Mas também era um cenário previsível. O isolamento social resultou nisso, e é um cenário mundial, não apenas no Brasil. Infelizmente não tem o que fazer. Até o mercado se reajustar, e você tem que considerar também que está havendo uma falta de dinheiro generalizada, vai funcionar assim e todos precisam se adaptar. Se a pizza de filé não sai muito, retire do cardápio. Vê qual a mais consumida e tenta baratear, para reduzir o custo do empresário e otimizar para o cliente. Mas, mesmo assim, deixa um pouco no estoque, porque, mesmo fora do cardápio, alguém vai querer”, orienta o representante da categoria.

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Economia
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