Turismo: procura por pacotes de viagem cresce no Pará

Embora as vendas ainda não estejam normalizadas, há sinalização de melhora para o fim do ano e para 2021

Elisa Vaz
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Após ter sido duramente impactado pela pandemia do novo coronavírus, o setor de turismo tem se reerguido aos poucos, com uma retomada lenta e gradual. Em agosto, por exemplo, metade das operadoras de turismo vendeu viagens para os meses de novembro e dezembro deste ano, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). A entidade ainda aponta que a Amazônia aparece no ranking dos destinos mais procurados, com a região Norte fazendo parte de 62% das vendas de 83% das operadoras no Brasil.

Em abril, no início da calamidade pública no país, 54% das operadoras não realizaram nenhuma venda, enquanto o percentual foi de 21% em agosto. Esse movimento de retomada também acontece localmente. Nas agências de turismo procuradas pela reportagem, muitos consumidores já estão comprando pacotes de viagens novamente, como é o caso de uma empresa local de transporte rodoviário. Embora o movimento em agosto não tenha sido tão forte, já há uma sinalização de melhora para o final do ano e para 2021.

O proprietário da agência, Fernando Tabosa, disse que um dos motivos para a falta de procura em agosto foi que Carolina do Maranhão, um dos locais com maior demanda do público paraense, continua fechado em meio à pandemia. “No Pará, as praias reabriram há pouco tempo. Perdemos Çairé, Semana Santa, julho, São João, 7 de Setembro e agora o Círio de Nazaré. Os cruzeiros também não vieram”, conta.

Segundo Fernando, o movimento de saída de Belém tem sido muito fraco, se limitando ao Eco Park, Salinas, Ajuruteua, Cachoeiras de Ourém e afins. Para outros estados, estão abertos apenas Barreirinhas, no Maranhão, e Jericoacoara e Fortaleza, no Ceará.  “Apenas esses destinos. No mais, parques como Beto Carrero, Caldas Novas e Serra Gaúcha estão recebendo com limitações os turistas de seus estados. Então, nossas saídas para os destinos disponíveis foram bem discretas e sem grandes perspectivas para setembro”, destaca Fernando.

Para outubro, ele adianta que já houve procura pelas viagens ofertadas na empresa, e as expectativas são positivas para novembro. “Já temos muita busca de viagens para dezembro também, com as festas de final de ano, e temos um bom aceno para 2021”, pontua. Em relação aos receptivos, ou seja, pessoas que viajam para dentro do Estado, a demanda está “zerada” e não há perspectiva de melhora, segundo Fernando.

“Uma das dificuldades é que as agências não têm recebido ajuda do governo do Estado. Nossos ônibus tiveram os licenciamentos vencidos. Pedimos parcelamento, crédito para financiar esses custos fixos. Nada nos foi concedido, 2020 foi perdido”, diz. Ele acredita que vai levar pelo menos três anos para sobreviver e se recuperar da crise no setor.

Viagens aéreas são remarcadas para 2021

Nas agências de viagem que oferecem pacotes aéreos e internacionais, a demanda tem sido a longo prazo. Segundo a gerente de marketing de uma empresa, Aline Monteiro, as vendas já cresceram nos últimos meses. Desde que foi autorizada a retomada do negócio, por meio de decreto, os clientes têm feito contato para agendar suas viagens, porém, apenas para meados do ano que vem, para evitar novas instabilidades.

“Acredito que isso está sendo muito influenciado pelo câmbio. Tanto o euro quanto o dólar estão muito altos. As pessoas estão programando viagem com esse intervalo, esperando que as moedas fiquem mais baratas e que já tenha uma vacina contra a covid-19. Outro motivo para essa demora é que a gente ainda está com problemas de fronteira, com restrições. Muitos países não estão aceitando estrangeiros”, pontuou a gerente. Os principais destinos para as viagens já marcadas são os Estados Unidos e a Europa, segundo ela.

A estudante de Direito Beatriz Lamartine, de 22 anos, é uma das pessoas que tiveram de remarcar viagens. Ela e mais três amigas compraram passagens, em outubro do ano passado, para viajar em julho deste ano – passariam duas semanas na Espanha. Entretanto, as amigas precisaram adiar o passeio.

“Compramos antes da pandemia do novo coronavírus, não sabíamos de nada disso. Em março, nós tínhamos certeza de que ainda conseguiríamos ir, que a covid-19 não duraria tanto, mas chegou maio e a situação não tinha melhorado, então entramos em contato com a companhia aérea e eles informaram que já estavam com uma política específica para o cancelamento de voos por conta da covid-19”, lembra.

Segundo a estudante, quem não iria mais voar ou não queria correr o risco da viagem ser cancelada em cima da hora, poderia entrar em contato com a companhia e informar a questão. Eles dariam duas opções: reembolso total da passagem ou um voucher no valor da passagem mais 20%, que poderia ser usado em até dois anos.

“Escolhemos a segunda opção por causa do acréscimo de 20% em cima do valor da passagem, e também porque ainda era nossa intenção fazer essa viagem. Mas, até hoje, não marcamos a nova data do voo porque ainda estamos com medo e com receio de marcar e ter que cancelar de novo”. Beatriz conta que vai esperar, junto com as amigas, a pandemia do novo coronavírus se estabilizar antes de tomar a decisão.

Pousos e decolagens

Procurada pela reportagem, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que o Aeroporto de Belém recebeu, em agosto, 2.311 operações, entre pousos e decolagens, e 140.901 passageiros, entre embarques e desembarques. Em julho, foram 2.018 operações e 105.323 passageiros. Antes, em junho, foram registradas 1.614 operações e 54.301 passageiros. Em maio, foram 1.784 operações de aeronaves e 28.168 passageiros. Já em abril, foram 18.539 viajantes e 1.344 pousos e decolagens; e em março, 1.659 operações e 192.263 viajantes.

Os números mostram que tem havido um crescimento na procura por voos e no trânsito de passageiros no aeroporto. De abril, quando ocorreu o pico da pandemia no Estado, para agosto, a alta foi de 660%. Já na comparação com o mês anterior, em julho, o número de pessoas que passou pelo aeroporto cresceu 33,77%. Mesmo com os impactos da pandemia, o serviço no Aeroporto Internacional de Belém, no Pará, e nos demais aeroportos sob administração da empresa tem ocorrido normalmente e a oferta de voos está seguindo a malha aérea definida pelas empresas aéreas e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), segundo a Infraero.

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