Preço do mamão e da uva cai no Ver-o-Peso, mas frutas seguem com altas de até 80%, aponta DIEESE
Promoções na maior feira livre de Belém aliviam o bolso, mas levantamento mostra que maioria das frutas continua mais cara na capital
Mesmo com promoções pontuais em bancas do Ver-o-Peso, como o lote do mamão a R$ 10, o custo das frutas ainda pesa no bolso dos paraenses neste início de junho. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA) divulgado nesta quarta-feira (4), itens como melancia, abacaxi e abacate acumulam reajustes de até 80% nos cinco primeiros meses do ano, com aumentos bem acima da inflação. Com a chegada do verão amazônico e a redução das chuvas, feirantes afirmam que frutas regionais, como laranja e acerola, devem baratear nas próximas semanas.
A vendedora Leísa Sena, de 49 anos, aponta que algumas frutas permanecem com preços estáveis ao longo do ano, como a tangerina regional (R$ 5 o pacote), a maçã (R$ 5 o pacote) e a uva sem semente (R$ 5 a caixinha de meio quilo). Mas outras dispararam, como o abacaxi, que chegou a R$ 10 a unidade.
“Abacaxi, antigamente, a gente pagava R$ 5. Agora está R$ 10, ou dois por R$ 15 quando é dia de terça ou quarta-feira”, relata.
A boa notícia, segundo ela, é que “o mamão começou a cair. Estava R$ 12 o quilo, agora é quatro mamões por R$ 10”.
O mamão é um dos destaques de queda de preço neste período, com oferta ampliada e valores quase pela metade, como confirma o vendedor Anderson Corrêa. “O mamão estava R$ 10 o quilo e agora é R$ 10 um lote de quase três quilos. Está entre dois quilos e meio e três quilos”, afirma. A fruta vem da região de Santo Antônio do Tauá, no interior do Pará.
Outro exemplo é a uva sem semente, que também entrou em safra e teve queda expressiva nas Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa/PA). A maior oferta permite caixinhas mais generosas e preço competitivo nas bancas do Ver-o-Peso.
“A gente estava pagando R$ 200 a caixa. Já caiu praticamente 50%, estamos pagando R$ 120, R$ 130. Agora dá pra botar meio quilo na forma por cinco reais”, explica Anderson.
Expectativa para os próximos meses
Apesar das quedas pontuais, frutas como manga e laranja ainda estão com preços elevados. A caixa de manga chega a custar R$ 200 na Ceasa. “Não tem a nossa, que é a bacuri e a comum. Agora só tem manga rosa, manga palma. Dava pra vender três unidades por R$ 5 na semana passada, mas nessa semana já não dá mais”, afirma Leísa.
Para o segundo semestre, a expectativa dos feirantes é positiva. “A laranja deve baixar. A acerola também, que está R$ 4 reais o pacote, pode chegar a R$ 1 com o verão”, prevê Anderson Corrêa. Ele acredita que a redução das chuvas vai estabilizar os preços e aumentar a oferta de frutas regionais, como o mamão e a acerola.
A consumidora Glória Gonçalves, de 42 anos, confirma a percepção nas compras do dia a dia. “Com R$ 20 eu comprei dois pacotes de maçã, uma caixinha de uva e acerola”, conta. Sobre a fruta que mais tem barateado, ela relata: “O mamão, que antes era R$ 12 [o quilo], agora está R$ 6. Aqui no Ver-o-Peso é sempre mais barato. Eu não compro toda semana, mas quando venho, aproveito. A diferença de preço aqui compensa”.
Frutas acumulam altas de até 80% nos últimos meses
De acordo com as análises mais recentes do Dieese/PA, a melancia lidera os aumentos: ficou 80,98% mais cara entre janeiro e maio de 2025, e 49,17% nos últimos 12 meses. O abacaxi também pesa no orçamento, com alta acumulada de 37,96% no ano e 44,02% em 12 meses. Outros destaques são o abacate, com 34,78% de aumento anual, e o limão, com alta de 32,20%.
“Os preços da maioria das frutas comercializadas em feiras e supermercados da capital ficaram mais caros no mês passado, nos cinco primeiros meses do ano e também nos últimos 12 meses, em vários casos com reajustes que superam a inflação”, afirma Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA.
A análise ainda aponta que mesmo algumas frutas que registraram queda no último mês, como manga rosa (-6,52%) e tangerina (-5,88%), ainda acumulam variações significativas. O mamão, por exemplo, chegou a cair 1,23% em maio, mas subiu 17,60% no acumulado do ano e 11,21% nos últimos 12 meses.
Segundo Everson, “os principais fatores que formam e impactam os preços das frutas que chegam ao Pará geralmente têm relação com as condições climáticas, que podem afetar a produção e a colheita; a oferta e demanda do mercado, que variam ao longo do tempo; questões logísticas e de transporte, além de fatores econômicos, como variações cambiais e custos de insumos agrícolas”.
Variações nos preços das frutas em Belém (DIEESE/PA)
Maio de 2025 (variação mensal):
- Maracujá: +25,36%
- Melancia: +19,62%
- Abacaxi: +11,53%
- Abacate: +10,54%
- Goiaba vermelha: +7,01%
- Acerola: +6,63%
- Banana prata: +4,48%
- Limão: +1,12%
Quedas: manga rosa (-6,52%), tangerina (-5,88%), melão amarelo (-2,35%), laranja pera (-1,49%), mamão (-1,23%)
Janeiro a maio de 2025 (variação acumulada):
- Melancia: +80,98%
- Abacaxi: +37,96%
- Mamão: +17,60%
- Manga rosa: +7,61%
- Banana prata: +3,03%
Quedas: abacate (-58,95%), limão (-47,33%), laranja pera (-11,21%)
Maio de 2024 a maio de 2025 (variação anual):
- Melancia: +49,17%
- Abacaxi: +44,02%
- Abacate: +34,78%
- Limão: +32,20%
- Mamão: +11,21%
Quedas: manga rosa (-19,05%), maracujá (-7,44%), goiaba vermelha (-0,97%), tangerina (-0,44%)
Fonte: Dieese/PA
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