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Preço da carne em Belém se mantém estável, mas sem previsão de queda

Representantes do setor especulam mercado mais competitivo e impactos do verão nos pastos como justificativas

Maycon Marte

O preço da carne bovina comercializada nos açougues de Belém apresenta estabilidade, mas sem previsão de quedas, conforme avalia Everson Cardoso, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). Dados do último levantamento da entidade aponta uma variação de 15% sobre o preço do produto na análise do último ano. O empresário do ramo Roberto Malan estima alta de até 10%, aplicada devagar nas próximas semanas, a partir do que foi informado por seus fornecedores. Para o porta-voz do setor, Daniel Freire, presidente do Sindicarne, as únicas movimentações aguardadas são quanto aos impactos do verão no pasto.

A aposta do Dieese por estabilidade reflete o momento incerto, influenciado por diferentes fatores. Mas, a certeza sobre a impossibilidade de redução dos preços se dá pela movimentação do mercado para a exportação e os efeitos do clima mais quente sobre os pastos, o que pode prejudicar a alimentação do gado. Segundo o supervisor, é a soma de todos os fatores que vai levar a alguma oscilação dos preços.

A informação de um novo aumento chegou para o empresário através dos seus fornecedores, que, até então, estavam segurando os preços de maneira estável. Conforme as informações que recebeu, após o aumento da exportação de carne ao exterior, movimento principalmente encabeçado pela região Sul do país, os empresários sulistas se organizam para comprar a carne de outras regiões, em especial, do Norte. Esse processo torna o preço mais caro para o consumidor final, com um acréscimo de em média R$ 4 inicialmente.

“Não se sabe precisamente de quanto vai ser o aumento por causa das exportações, mas eu creio que vai de 6% a 10% ou mais um pouco. Algo na média de R$ 3 a R$ 4 no quilo da carne”, explica Malan.

Malan relembra que os preços do produto demonstraram queda desde o início do ano e estabilizaram após uma pequena alta nos últimos meses. Ele reforça que é um mercado com muitas variáveis e por isso é incerto precisar quanto tempo dura um alta nos preços ou mesmo quando elas devem ocorrer. “É muito variável e se mudar a exportação segura o preço, porque depende muito também do pasto, mas ele está estável, então vai ser mais influenciado pela exportação mesmo”, esclarece.

As análises do Dieese sobre o comportamento de valores do produto confirmam esse movimento e indicam que a média de preço caiu de R$ 44, em janeiro deste ano, para R$ 41 até o mês abril, uma redução de aproximadamente 6% nos quatro primeiros meses. O produto também ganha destaque entre os alimentos da cesta básica paraense que apresentam aumento em maio, segundo o dado mais recente do departamento.

Clima quente

Daniel Freire, presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Pará (Sindicarne) defende que as exportações não devem gerar impactos nos preços, e, caso ocorram oscilações de preço, são influenciadas principalmente pela entrada do verão. “Normalmente vai chegando o segundo semestre que é a estação seca e esse movimento de alta se intensifica”, afirma. Isso acontece porque o período mais seco afeta a produção de pasto para o gado, que tende a ficar mais magro sem alimentação em larga escala, o que leva pecuaristas a vender mais bois para manter algum lucro.

O porta-voz do setor avalia o movimento de exportação como benéfico e necessário, já que estimula um outro mercado no mesmo segmento. E, que não afeta a demanda local porque os cortes exportados são específicos e não correspondem a demanda interna.

“Os cortes exportados normalmente não são consumidos aqui, como músculo, vísceras, cortes como patinho, peito, costela, etc., ou seja, quando aumenta o abate para produzir esses cortes, os outros que são mais consumidos aqui, como coxão mole, alcatra, paleta, acém, sobram na praça local”, explica Freire.

O presidente também reforça a importância de incentivar a exportação, considerando que o Pará possui o segundo maior rebanho do país, mas ainda não atende mercados mundiais. Nesse cenário, abastecer outros estados também auxilia a dar destino ao que não é consumido internamente.

“A venda para outros estados é vital para nós, pois o Pará ainda não exporta para vários mercados mundiais que o Brasil já exporta, então como temos o segundo maior rebanho do país, temos que vender o que não consumimos aqui e não exportamos”, afirma.

Na Fazenda

A pecuarista Maria Augusta, de Altamira, sudoeste paraense, relata que o pasto ficou mais escasso durante o último inverno amazônico, afetado principalmente por algumas pragas comuns no período. Essa perda fez com que o gado fosse vendido por preços variados, mas a baixo do mercado, já que os criadores precisam seguir a demanda. A estratégia evitou perdas financeiras com um gado que ficaria magro e menos atraente aos compradores.

Ela destaca que, quanto ao verão, ainda não é possível prever se as temperaturas mais altas também provocarão a venda do gado para manter lucro. As perdas de pasto no calor também já ocorreram, mas, segundo ela, são situações variáveis demais para fazer afirmações. “A gente só vai ver acontecer isso no final do verão, a gente teve que vender barato pela questão da falta de pastagem, devido o ataque da praga. Agora, no final do verão que vamos saber o resultado”, explica.

A pecuarista não abate gados na sua fazendo e afirma que toda carne que consome vem de frigoríficos ou açougues, por isso, tem uma perspectiva de ambos os nichos. Ela observa que a exportação não deve afetar o mercado interno. “Temos muita oferta”, afirma.

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Consumo afetado

Mesmo com um aumento estimado em R$ 4, na prática, a consumidora e esteticista Kelly Lima explica que o valor faz diferença e pesa no bolso. A sua organização é feita semanalmente, e, apesar de estar acostumada com as variações de preço inconstantes, prevê uma dificuldade maior em manter o consumo. Sua alternativa nesses casos é trocar a carne bovina por outras proteínas como frango e peixe, que permanecem estáveis.

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Economia
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