Petrobras aguarda parecer do Ibama para simulado na Margem Equatorial
Jean Paul Prates diz que exploração de petróleo na região será uma “alavanca para novos investimentos”
Jean Paul Prates diz que exploração de petróleo na região será uma “alavanca para novos investimentos”
A Avaliação Pré-Operacional (APO) planejada para ocorrer na costa do Amapá, na região da Margem Equatorial brasileira, segue sem data para ocorrer. No dia 14 de março, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que havia notificado a Petrobras para prestar esclarecimentos sobre pendências no Plano de Atendimento a Fauna Oleada (PPAF). Somente após a aprovação conceitual deste documento é que o simulado poderá ser agendado.
Nesta sexta-feira (31), a Petrobras comunicou ao Grupo Liberal que respondeu todas demandas recebidas no parecer técnico do órgão e que aguarda a avaliação para definir a data do exercício. “Após a análise e concordância do órgão ambiental, a data para a realização da APO poderá ser definida em conjunto com o Ibama”, reiterou a companhia. A reportagem solicitou posicionamento do órgão ambiental, porém ainda não teve retorno.
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A morosidade do processo frustra os planos da Petrobras que previu em diversos eventos públicos e em comunicados à imprensa que a APO seria realizada ainda no primeiro trimestre de 2023. Antes disso, em dezembro, o processo sofreu outro atraso devido à falta de uma licença de operação para o Centro de Recuperação e Despetrolização da Fauna (CRD), em Icoaraci. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) concedeu a licença para o empreendimento em fevereiro passado.
No Congresso Nacional, a demora para o licenciamento também foi abordada em discurso do senador Zequinha Marinho (PL). De acordo com o parlamentar, o Ibama estaria “jogando contra o patrimônio do Brasil” e se aliando ao Greenpeace em uma “campanha difamatória” para impedir a exploração de petróleo na região.
“O Ibama tem que recomendar, exigir, fiscalizar que seja feito dentro do padrão daquilo que é sustentável ambientalmente. Agora, colocar em dúvida, trazer incertezas e botar um mercado numa situação de dificuldade, isso é muito triste”, declarou o senador no plenário na última quinta-feira (30).
Apesar da demora, a exploração da Margem Equatorial permanece nos planos da empresa. Em vídeo divulgado na quinta-feira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, destacou a importância do projeto no processo de transição energética. Além disso, ele buscou tranquilizar a população sobre temores de eventuais acidentes na área.
“É preciso deixar claro que a localização do primeiro poço que pretendemos perfurar não é no rio Amazonas, mas em alto mar, a 500 km da foz desse rio. Para se ter uma ideia, essa é a distância equivalente entre Rio de Janeiro e São Paulo. E a perfuração do primeiro poço será um trabalho temporário com duração prevista de apenas cinco meses. Em quase sete décadas de trajetória, a gente se orgulha de nunca ter registrado um vazamento blow out durante a atividade de perfuração em alto mar”, afirmou.
Prates disse também que o estudo prévio é necessário, pois garante a segurança das operações com a licença ambiental, bem como permite avaliar a viabilidade econômica do empreendimento. “Se formos bem sucedidos, vamos desenvolver as reservas de forma integrada às outras fontes de energia, com foco em uma agenda de transição energética segura, justa e inclusiva. Se for comprovada sua viabilidade, será um salto em direção ao futuro. Uma verdadeira alavanca de novos investimentos e de oportunidades”, destacou ele, que enfatizou ainda o compromisso de dar andamento ao projeto.
“Estamos prontos para os próximos passos dessa jornada, sem nunca abrir mão do interesse da sociedade, seguindo sempre as diretrizes do Governo Federal, Ibama e órgãos reguladores”, pontuou.
O planejamento estratégico da Petrobras para o período de 2023 a 2027 estima investimentos da ordem de US$ 6 bilhões, em projetos de exploração. Desse total, 49% ou cerca de US$ 2,9 bilhões seriam aplicados na Margem Equatorial, que se estende desde o Amapá até o Rio Grande do Norte. Na região, a empresa possui 16 poços, sendo que um deles que fica na bacia Pará-Maranhão tem previsão de ser perfurado em 2026.