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Pará segue tendência nacional e registra aumento de idosos endividados

No ano passado, 35% das pessoas acima de 60 anos afirmaram ter dívidas, segundo estudos do SPC e da CNI

Abilio Dantas
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A quantidade de idosos com dívidas aumentou nos últimos anos no Brasil. Em 2020, 35% das pessoas acima de 60 anos estavam endividadas, o que significa aumento de 8% em comparação com 2019, quando 27% das pessoas na mesma faixa etária afirmaram ter pendências financeiras, segundo estudos do SPC e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a economista Lúcia Cristina de Andrade, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA), no Pará, os dados seguem tendência semelhante ao cenário nacional. Ela afirma que o endividamento da pessoa idosa é reflexo das facilidades de acesso a crédito, o que faz dos bancos os maiores credores desses consumidores.

“Mas há também dívidas em relação a atraso de pagamentos de taxas de consumo de água e de luz. Esse cenário realmente é um problema, porque os idosos quando chegam no momento de receber a aposentadoria, muitas vezes, não tiveram mesmo condições de construir um patrimônio que os permitissem garantir uma renda extra, ou por falta de planejamento, acabam dependendo apenas da aposentadoria. Além disso, há as despesas com saúde, que são bastante altas”, completa a assessora.

A servidora pública Terezinha Nunes, 66 anos, técnica-administrativa aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA), classifica a situação dos aposentados no Brasil como “um absurdo completo e muito triste”. Ela explica que, com a aposentadoria, boa parte da renda de alguns trabalhadores é perdida, com o fim de ticket-alimentação e outras bonificações, o que obriga aos idosos procurarem ajuda financeira e contratarem empréstimos. “O problema é que as pessoas muitas vezes não conseguem mais sair do ciclo vicioso de sempre buscar empréstimo, acabam ficando em uma situação difícil. Conheço muitos casos de alcoolismo, entre homens e mulheres, por causa de endividamento”, relata.

Para completar a própria renda, Terezinha conta que passou a fazer trabalhos como costureira, atividade que já dominava mesmo antes da aposentadoria chegar. Mas, com a chegada da pandemia, a clientela diminuiu muito. “A gente vê muitos colegas em uma situação muito complicada porque, infelizmente, vivemos em um país que não possui políticas decentes para os aposentados. Os remédios são muito caros. Eu, por exemplo, sou hipertensa e não posso ficar sem tomar o remédio para a pressão. É triste que justo no momento em que a pessoa pensa que poderá descansar, depois de tantos anos de trabalho, a situação fica ainda mais difícil. Há pouco tempo tivemos o relato de que um colega cometeu suicídio em razão das muitas dívidas que ele tinha. É tudo muito preocupante”, enfatiza.

O economista Genardo Chaves de Oliveira alerta os aposentados que as formas mais perigosas de obtenção de crédito são o empréstimo pessoal e o financiamento. “A característica desses tipos é que o número de parcelas é pequeno e as taxas são maiores quando comparadas ao crédito consignado, no caso específico do idoso aposentado”, explica.

Procurar empréstimos flexíveis, que possibilitem parcelas maiores, e avaliar com cautela as taxas de juros oferecidas são, segundo o economista, os passos mais importantes a serem seguidos pelos aposentados. “O crédito consignado e o consórcio são os melhores meios pelo maior número de parcelas, quando comparado com o financiamento, cartão de crédito e o crédito pessoal. Quanto maior a idade, menor será o valor de crédito oferecido, bem como diminui a quantidade de parcelas oferecidas. Pessoas acima de 79 anos sentem na pele isso quando visitam os bancos”, afirma.

De acordo com o Instituto Defesa Coletiva, um outro problema enfrentado pelos idosos são as pessoas de má fé, que enganam os aposentados na hora de contratar crédito, já que muitos apresentam dificuldades físicas (visão e audição) e de cognição.

“Os contratos dos serviços financeiros são elaborados com letras pequenas e apresentam termos técnicos complexos. Os idosos muitas vezes têm dificuldade de ouvir e se sentem envergonhados de perguntar o que não entenderam bem. Eles precisam de maior tempo para compreender as informações financeiras e, na maioria das vezes, tendem a aceitar opiniões de terceiros sem entenderem bem do assunto tratado. O crédito muitas vezes é “empurrado” para o idoso, ou seja, a concessão irresponsável do crédito acaba levando o idoso a contrair empréstimos, como o empréstimo consignado, sem saber ao certo o impacto do mesmo em seu orçamento”, diz a entidade.

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