Pará concentra 40% dos idosos inadimplentes na região Norte, diz Serasa

Economista do Corecon-PA/AP dá dicas de organização financeira para a população acima dos 60 anos

Gabriel da Mota

O endividamento, que consiste em assumir o compromisso de pagar por um produto ou serviço após o ato da compra, pode se tornar uma dor de cabeça quando não é possível cumpri-lo: é quando a pessoa endividada se torna inadimplente. De acordo com o Serasa, mais de 2,5 milhões de paraenses estavam inadimplentes em dezembro de 2023, dos quais 15,6% eram pessoas acima dos 60 anos. Quando se compara com os dados da região Norte, os idosos paraenses são 41,8% dos que não conseguem pagar suas dívidas na mesma faixa etária. 

Considerando o fato de que uma pessoa pode ter mais de uma dívida, os 379.167 idosos paraenses em situação de inadimplência, no final do ano passado, somavam 987.789 registros de dívidas não pagas. O Serasa não revelou o montante em reais que essas dívidas somavam, mas informou que, na comparação com 2022, o número de inadimplentes acima dos 60 anos não variou consideravelmente: eram 365.854 pessoas, no Pará.

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O economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), Pablo Damasceno Reis, explica que um dos motivos que pode levar esta faixa etária à inadimplência pode ser a falta de planejamento financeiro desde a vida profissional ativa, como o não investimento em aposentadorias complementares, oferecidas por instituições públicas e privadas. Além disso, os idosos costumam assumir dívidas de outras pessoas da família: “O idoso tende a colocar na ‘asa’ os filhos ou netos que estão empregados. Infelizmente, o nível de desemprego no Brasil ainda é relativamente elevado”, avalia. 

image Pablo Damasceno Reis, economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP) (Foto: Arquivo Pessoal)

Para ajudar na organização das finanças dos idosos inadimplentes, o economista dá orientações que se aplicam a qualquer faixa etária. Elas se resumem a mudanças comportamentais, como: a busca por reduzir gastos supérfluos e compras por impulso, idas ao supermercado com uma lista de compras pensadas previamente, o não parcelamento de despesas correntes (como as feitas em supermercados), e o não acúmulo de vários cartões de crédito – nesse caso, o ideal é ter apenas um. 

“Em caso de dívidas com instituições financeiras, procurar o que cobrar menos juros: por exemplo, o empréstimo consignado em vez do cheque especial”, explica Reis. Do ponto de vista das políticas públicas que podem ajudar a frear a inadimplência, o vice-presidente do Corecon-PA/AP cita as novas regras para os juros do rotativo do cartão de crédito, que entraram em vigor de janeiro deste ano e limitam a dívida total (com juros) de quem atrasa a fatura do cartão ao dobro do débito original. “É uma política que acaba sendo direcionada a todos os endividados, incluindo os idosos”, pondera.

Lei do Superendividamento

Desde 2021, no cenário da pandemia de Covid-19 que trouxe prejuízo financeiro a grande parte da população brasileira, a Lei do Superendividamento entrou em vigor para facilitar a renegociação de dívidas excessivas. Os devedores protegidos pela lei precisam cumprir alguns critérios, como: ter renda insuficiente, acumular dívidas decorrentes de necessidades básicas e ter agido de boa-fé ao contrair as dívidas. A Lei define limites para as instituições de crédito emprestarem dinheiro, incentivando-as a adotarem práticas de concessão financeira responsável aos consumidores em risco de superendividamento, como os idosos, analfabetos, pessoas doentes ou em estado de vulnerabilidade.

O economista Pablo Reis diz, ainda, que “a educação financeira precisa ser transmitida, seja de cima para baixo, seja de baixo para cima. Ela deve ser compartilhada por todos os entes para dar certo no ambiente doméstico”. Como orientação final, ele indica que é preciso ter limites na hora de ajudar financeiramente alguém da família: “ O apoio é válido, até o ponto em que a pessoa mais nova busque melhorias e o idoso possa aproveitar sua tão almejada aposentadoria”, finaliza.  

Quantidade de idosos inadimplentes

DEZ/2023

Pará - 379.167 pessoas (41,89% desta faixa etária no Norte)

Região Norte - 904.967 pessoas 

DEZ/2022

Pará - 365.854 pessoas  (20,47% desta faixa etária no Norte)

Região Norte - 1.786.489 pessoas

Fonte: Serasa

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